Mary MacCracken foi, de acordo com os manuais históricos do ensino, uma das mais notáveis professoras de crianças com problemas comportamentais e de desenvolvimento. Foi como voluntária que começou a trabalhar na área da educação especial, numa escola de New Jersey – Estados Unidos -, corria o ano de 1960.
Das suas experiências com crianças consideradas autistas e psicóticas resultaram quatro livros – A Circle of Children, Lovey: A Very Special Child, City Kid e Turnabout Children – que se tornaram objectos de culto para todos aqueles que, no seu dia a dia – enquanto educadores ou pais -, lidam com crianças consideradas difíceis.
“Crianças perdidas” (Vogais, 2014) é, à semelhança dos seus anteriores livros, sobre o autismo e os problemas de comportamento e de desenvolvimento na infância. Mas é, também, a história autobiográfica de Mary MacCracken, que acabou por conseguir transformar muitas das vidas que com ela se cruzaram.
O livro recua ao tempo em que Mary se voluntariou para trabalhar numa escola para crianças com distúrbios emocionais, rapidamente se sentido atraída tanto pelas pessoas que aí ensinavam como pelas crianças que nela andavam, sentindo, também, que poderia ajudar a reduzir alguma da angústia mostrada pelos pais.
Não se tratavam de crianças pouco saudáveis, mas de seres fechados numa dimensão distante que os afastavam de contacto humano. Com o tempo e muito trabalho, Mary conseguiu descodificar muitos dos seus sinais e códigos secretos, ensinando muitas delas a ler e a falar, ajudando-as a ganhar confiança e a interagir com o estranho mundo que as rodeava e esperava por elas fora das paredes da escola.
Mais do que um manual de ensino, “Crianças perdidas” partilha a história de uma mulher que assentou a sua forma de trabalhar – e de viver – com crianças difíceis num sólido triângulo, construído com uma grande sabedoria, muita compaixão e uma boa dose de sensibilidade.
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