No ano de 1992, quem andasse perdido na boa vida universitária e tivesse ido ao cinema visionar um dos grandes thrillers do ano – “Single White Female”, de Barbet Schroeder -, provavelmente passou a ter muito cuidado quando se tratava de procurar alguém para dividir o quarto, a casa ou até mesmo a cama.
Em “Até que sejas minha” (Topseller, 2014), thriller literário de Samantha Hayes, o medo de encontrar um companheiro errado dá lugar a um outro, mais profundo e direccionado a uma fase de vida mais madura: o de confiar os filhos a alguém que parece esconder, por detrás de um sorriso confiante, uma semente maligna.
Cláudia, a protagonista de “Até que sejas minha”, parece ter uma vida a roçar a perfeição. Está grávida – o seu grande sonho prestes a cumprir-se – e tem um marido que a venera, apesar de passar metade de um ano em missões secretas longe de casa, deixando-a a cuidar dos seus enteados e de toda a dinâmica familiar.
Querendo manter uma vida profissional depois do nascimento da filha, Cláudia e James – o marido – decidem que é tempo de contratarem uma ama e, quando Zoe comparece à entrevista de emprego, parece ser a pessoa indicado para o serviço. Porém, quando Claudia entra no seu quarto e encontra Zoe a mexer nos seus bens pessoais – ainda que com uma boa desculpa para isso -, a sua ansiedade cresce e o pânico começa a tomar conta de si.
Mesmo que alguns detalhes da trama estejam colados com uma substância feita de água e farinha, a intensidade da narrativa – escrita a duas vozes – e a escrita electrizante fazem de “Até que sejas minha” um livro de leitura compulsiva, com um final absolutamente delirante para o qual há que forrar antecipadamente o estômago de modo a evitar sobressaltos.
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