Formado em Economia e Ciências Políticas, o jovem escritor Pierce Brown conheceu o sucesso logo ao primeiro tiro de tinta – ou, o que será mais provável, ao primeiro martelar de teclas: “Alvorada Vermelha” (Editorial Presença, 2015), o seu primeiro romance – e semente para mais uma trilogia -, foi considerado um dos melhores livros pela Amazon em 2014, tendo Pierce Brown sido eleito o melhor autor estreante pelos leitores do Goodreads. Além disso, os direitos do livro foram vendidos para vinte e três países, e não será deitar dinheiro fora apostar que, mais ano menos ano, teremos uma adaptação ao grande ecrã.
A acção passa-se em Marte, num futuro longínquo, numa altura em que uma guerra arrasou com o planeta Terra e a humanidade procura transformar em lar novos planetas, sendo o vermelho o mais bem colocado candidato.
Darrow, rapaz que conta 16 primaveras, pertence aos Vermelhos, a casta mais baixa da Sociedade – ou Governo -, formada por mineiros que vivem e trabalham no subsolo marciano com a nobre missão de preparar a superfície do planeta para que as futuras gerações lá possam viver. Não leva uma vida fácil, vivendo com o irmão mais velho e o tio – que bebe como se não houvesse amanhã (ou ressaca) – desde que o pai foi enforcado por traição. O jovem (aspirante a) herói trabalha nas minas desde os treze anos como Mergulhão, a classe que domina com perícia o uso de máquinas escavadoras, sendo casado com Eo, uma rapariga que conhece desde que ambos eram ainda crianças.
Darrow trabalha incansavelmente para que a sua casta receba o Louvor, a cenoura com que a Sociedade acena aos clãs da colónia mineira: quem apresentar o melhor índice de produção terá direito a mais comida, tabaco, mantas e cerveja, mas cedo Darrow perceberá que o jogo se encontra viciado.
Sendo olhado por alguns como um predestinado, Darrow irá dar de caras com uma terrível verdade: ele e os seus companheiros de infortúnio foram enganados, há já várias gerações que na superfície de Marte existem belas e vastas cidades, onde as elites e as castas superiores vivem confortavelmente graças ao trabalho de Darrow, dos Vermelhos e das outras castas que, a cada dia, vão morrendo mais um pouco. Com a ajuda de um grupo revolucionário secreto, o jovem herói irá tentar o aparentemente impossível: infiltrar-se na casta dos Dourados – a casta superior – e mudar o mundo ou, pelo menos, operar uma vingança de proporções épicas.
Até ao momento em que Darrow sobe à superfície, caminhamos pelos corredores poeirentos de uma prometedora distopia, seguindo os passos de um adolescente que tem, dentro de si, uma centelha que promete acender uma imensa rebelião. Porém, no momento em que Darrow entra no jogo de poder promovido pela Sociedade – que se move entre a barbárie, a ascendência e a decadência -, somos transportados para uma versão paralela de “Jogos da Fome”, repetindo-se coisas como as alianças, os prémios ou os patrocinadores. O terço final do livro recupera, porém, a dinâmica inicial, oferecendo um desfecho que deixa o leitor preparado para pegar, desde logo, no volume seguinte. O que, em tempos onde as trilogias despontam nas livrarias como cogumelos selvagens, apresenta uma boa dose de mérito.
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