De entre todas as ideias de grandeza que nos passaram pela imaginação, sobretudo em idade mais tenra, conseguir tocar a lua terá sido, muito provavelmente, uma das mais recorrentes. Sonhávamos de olhos aberto com escalar montanhas, subir ao alto de arranha-céus, tudo para ficar mais perto daquele satélite cintilante e poder tocá-lo, nem que fosse apenas com a pontinha dos dedos.
Para Michael Grejniec, porém, a ideia do simples toque não pareceu despertar grande interesse, substituindo a interrogação clássica “como será o toque da lua” por uma outra com um ligeiro pendor gastronómico: “A que sabe a lua?” (Kalandraka, 2014).
Há já muito tempo que os animais gostavam de conhecer o sabor da lua. Apesar de não terem sido feitas apostas, uns juravam que teria o sabor doce das pipocas, outros o reconfortante paladar salgado das batatas fritas. Quando se punha a noite, olhavam ansiosos para o céu: esticavam os pescoços, as pernas e os braços, mas nada acontecia. Até que a tartaruga, que é lenta no passo mas rápida nas ideias, se lembrou de propor que juntassem forças para, finalmente, lhe arrancarem um pedacinho. Mas será que conseguirão enganar uma lua sorridente e bastante traquina, que vai recuando sorrateiramente à medida que pressente o perigo?
Recorrendo a uma estrutura narrativa tradicional, feita da repetição e da acumulação de personagens, “A que sabe a lua” fala da importância da cooperação e da ajuda mútua entre (des)iguais, com vista a alcançar metas que, fazendo uso apenas da individualidade, nunca seriam cruzadas. E confirmando, afinal de contas, que os animais – irracionais ou racionais – não se medem aos palmos.
Dirigido sobretudo aos primeiros leitores, o livro conta com ilustrações simples e ternurentas, texturadas pela utilização do papel couché, que conferem um quase ar tri-dimensional a uma pequena selva a caminho do espaço.
O livro oferece ainda um poster de parede, para que os mais pequenos possam ir tirando medidas até alcançarem um respeitável metro e meio. Então, nessa altura, estarão prontos para quase tudo, até para se tornarem grandes astronautas – ou, então, chefs intergalácticos, incluindo algumas pitadas de lua nas suas mais fascinantes receitas.
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