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“Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo” | Daniel Kwan e Daniel Scheinert

Por João Vintém · Em 07/04/2022

“Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo” é uma carta de amor divertida, absurda, apaixonada, melancólica, tudo de uma vez ao mesmo tempo. Uma carta de amor dos Daniels para Michelle Yeoh.

A actriz, bailarina de formação, cresceu na Malásia e, após vencer o concurso Miss Malásia ‘83, deu os primeiros passos como actriz em Hong Kong. Ainda creditada com o nome Michelle Khan, entregou-se de corpo e alma a filmes como “Yes, Madam!” ou “Magnificent Warriors”, um rip off de Indiana Jones à boa maneira de Hong Kong, que chamou a atenção do público. Seguiram-se vários sucessos e, durante o final da década de 1980, casou-se com o produtor Dickson Poon. Passou a dedicar-se em exclusivo à vida familiar e só em 1992, depois do divórcio, regressou às telas com “Supercop” – uma das melhores comédias de acção com Jackie Chan. Este foi o filme que marcou o regresso de Michelle Yeoh ao cinema, em cima de um comboio e ao volante de uma mota, tudo ao mesmo tempo.

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Além do seu talento e carisma, tornou-se conhecida por executar os seus próprios stunts, alguns bem perigosos, e durante a década de 1990 foi dos nomes mais requisitados e rentáveis da indústria cinematográfica local. Durante esse período de ouro protagonizou o filme “The Heroic Trio”, ao lado de Maggie Cheung, Anita Mui e do realizador Johnnie To. Uma exuberante aventura de super-heróis que é um exemplo perfeito do descomedimento e da energia do cinema de acção de Hong Kong, elementos que estão bem presentes no mais recente filme de Daniel Kwan e Daniel Scheinert. Durante o mesmo período, consolidou o seu conhecimento em kung fu nas rodagens de “Tai Chi Master” e “Wing Chun”, sob o comando de Yuen Woo Ping, que se tornou famoso internacionalmente depois de coreografar as sequências de acção de “The Matrix” e “Kill Bill”.

No virar do milénio, o resto do mundo abre os olhos para Michelle Yeoh, com um sucesso de bilheteira chamado “O Tigre e o Dragão”, de Ang Lee. Bem provido de artes marciais sem qualquer respeito pela lei da gravidade, este wuxia encantou o mundo e catapultou a actriz para o estrelato internacional. Em 1997, durante o ano de transferência da soberania de Hong Kong para a China, contracenou ao lado de Pierce Brosnan em “007- O Amanhã Nunca Morre”, mas o filme não fez qualquer justiça ao seu talento.

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Quando Hong Kong ainda era uma colónia britânica, o local tornou-se um dos centros da produção de cinema na Ásia, formando uma poderosa indústria durante as décadas de 1980 e 1990, que viria a fascinar tanto os orientais quanto os ocidentais e a influenciar o cinema norte-americano. Nota-se que essa influência chegou à dupla Daniels, possivelmente através das velhinhas VHS, porque “Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo” é um assalto aos sentidos, um shot de adrenalina directo ao coração e ao cérebro.

Nesta era onde tudo é uma sequela ou remake, numa espiral interminável de multiversos repetitivos (e confusos), há muito que não víamos um filme de entretenimento americano tão original. O multiverso não é necessariamente uma ideia inovadora no cinema. No entanto, a dupla de realizadores que nos trouxe o original e comovente “Swiss Army Man” proporciona mais uma vez uma experiência transcendental, como se tentasse colocar a experiência de uma vida inteira num filme com pouco mais de duas horas.

A metáfora do multiverso é adequada para expressar algumas frustrações comuns, sobre escolhas erradas e oportunidades em vão, mas serve também para estabelecer uma série de sequências de acção onde literalmente (quase) tudo é possível!

Todo o enredo do filme é melhor descoberto no momento. Basta dizer que a superestrela Michelle Yeoh é Evelyn Wang, uma imigrante chinesa de primeira geração que tem uma lavandaria e anda ocupada a tentar pagar os seus impostos. Enquanto tenta organizar os recibos para o IRS, vê-se arrastada para uma louca aventura, que passa por explorar outros universos ligados às vidas que poderia ter escolhido – atenção à piscadela de olho ao cinema de Wong Kar Wai.

Os universos a que Evelyn acede são tolos, melancólicos, ou apenas estranhos, mas nenhum deles a desafia tanto como as coisas que lhe falta entender sobre si própria, a sua família e o seu próprio passado e futuro.

Impulsionado por uma soberba performance de Michelle Yeoh, “Tudo em Todo o Lado ao Mesmo” Tempo é um tónico para estes tempos, mas acima de tudo uma história sobre viver o presente, o amor, a família, decisões, humanidade, bagels… tudo ao mesmo tempo.

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João Vintém

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