Nós, a Revolução é o título de um programa temático dedicado à obra dos cineastas húngaros Márta Mészáros e Miklós Jancsó, que integrará a programação do Porto/Post/Doc deste ano. A ter lugar entre os dias 16 e 26 de Novembro no Porto, o festival seleccionou seis filmes que pretendem traçar um olhar sobre uma obra que resistiu ao tempo – e que prenunciam o recuo simbolizado pelos acontecimentos políticos que, entretanto, eclodiram no centro da Europa.
Na poesia visual que os caracteriza e nas questões que cada um dos filmes levanta, Márta Mészáros e Miklós Jancsó propõem uma reflexão sobre os conceitos de liberdade individual e de liberdade de um povo, sobre a legitimidade (e a legitimação) da ocupação de um país e sobre a emancipação feminina, tudo debates que voltam a estar na ordem do dia, em pleno século XXI. Fazem-no com uma honestidade intelectual e um uso dos recursos da linguagem cinematográfica que aplica o virtuosismo à potência das emoções e ao pensamento histórico e político: Márta Mészáros com os seus planos aproximados de rostos e o recurso intimista do preto e branco; Miklós Jancsó com os planos sequência que se tornaram na sua marca autoral, tendo ficado inscritos na história do cinema.
Neste ciclo, que abraça a força paradoxal das ideias de revolução, fala-se das várias revoluções em que a Hungria se viu envolvida desde o fim do século XIX, até as revoluções mais pessoais (do feminismo à luta pela liberdade e respeito pela identidade dum país), de que os filmes de Márta Mészáros são um exemplo. Um programa que pretende lançar uma nova luz sobre a obra de dois autores que, apesar da relevância do seu trabalho, são ainda vultos nevoentos do cinema europeu e em grande medida desconhecidos do grande público.
PROGRAMA NÓS, A REVOLUÇÃO
CINEMA E POLÍTICA NA OBRA DE MÁRTA MÉSZÁROS E MIKLÓS JANCSÓ
Adoption, Márta Mészáros, 1975, FIC, 84′
Diary For My Loves, Márta Mészáros, 1987, FIC, 126′
Diary Of My Children, Márta Mészáros, 1984, FIC, 103′
Elektra, My Love, Miklós Jancsó, 1974, FIC, 70′
Red Psalms, Miklós Jancsó, 1972, 87′
The Round-Up, Miklós Jancsó, 1966, DOC, 87′
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