A programação do IndieMusic, secção do IndieLisboa que faz a ligação entre cinema e música, aponta este ano um maior foco a histórias individuais, desde ícones de punk mundiais e nacionais, artistas que se reinventaram e outros que se dão a revelar. Histórias para serem descobertas de 21 de Agosto a 6 de Setembro, na edição de 2021 do IndieLisboa, que este ano volta a ocupar as salas do Cinema São Jorge, Culturgest, Cinemateca Portuguesa e Cinema Ideal.
Shane MacGowan e Poly Styrene nasceram no mesmo ano de 1957 e tornaram-se nomes maiores do punk. “Crock of Gold: A Few Rounds with Shane MacGowan” traça a biografia do líder dos The Pogues, poeta inspirado e performer contagiante, cruzando material de arquivo, entrevistas com McGowan e conversas com diversas personagens (de Gerry Adams, antigo presidente do Sinn Féin, a Nick Cave ou Bobby Gillespie).
Já em “Poly Styrene: I Am a Cliché” abrem-se os arquivos artísticos inéditos de Poly, ícone punk, vocalista das X-Ray Spex, cometa que abalou a cena musical britânica no final dos anos 70 e que serviu de inspiração para os movimentos riot grrrl e afropunk.
Ney Matogrosso, St. Vincent e Matthew Herbert são três camaleões, de reinvenção em reinvenção.
“Ney à Flor da Pele” é uma antologia visual, toda composta por imagens de arquivo, das performances e palavras do artista brasileiro, desde o tempo dos Secos e Molhados até aos nossos dias.
“The Nowhere Inn” é um mockumentary inspirado e divertido, que aproveita a amizade real entre Carrie Brownstein (das Sleater-Kinney e da série Portlandia) e Annie Clark (aka St. Vincent), num confronto de forças criativas para filmar um documentário sobre a vida de St. Vincent.
Matthew Herbert é um dos mais versáteis e visionários artistas conceptuais do nosso tempo. “A Symphony of Noise” acompanha o processo criativo do músico, mostrando como Herbert pensa e faz música com os sons e ruídos do dia-a-dia.
No campo das descobertas, há espaço para conhecer Ilhan Mimaroglu, John Cohen e Patrick Cowley. “Mimaroğlu: The Robinson of Manhattan Island” é um retrato de Ilhan Mimaroğlu, o pouco conhecido compositor de música electrónica e avant-garde turca, e da sua mulher, Güngör, que esteve ligada ao movimento dos direitos civis norte-americano, depois de emigrarem para o país em 1959.
“Different Johns” é um retrato de John, músico folk e fundador dos New Lost City Ramblers, mas também fotógrafo, cineasta e antropologista com um papel singular no registo e colaboração com Jack Kerouac, Woodie Guthrie, Allen Ginsberg, Robert Frank e um jovem Bob Dylan. O produtor musical Patrick Cowley, criador da remix que se tornou hino “I Feel Love de Donna Summer”, tem em “Patrick” uma poética e justa homenagem.
Já outros dois filmes têm várias pessoas lá dentro. “Sister With Transistors” é a história por contar das pioneiras da música electrónica Clara Rockmore, Daphne Oram, Bebe Barron, Delia Derbyshire, Maryanne, Amacher, Pauline Oliveros, Wendy Carlos, Eliane Radigue, Suzanne Ciani, e Laurie Spiegel, nomes muitas vezes ocultados e esquecidos.
”Nueve Sevillas” é um retrato de novas gerações e roupagens do flamenco entre os quais a bailarina Javiera de la Fuente, o poeta David Pielfort ou a advogada cigana e feminista Pastora Filigrana e performances de Niño de Elche, Silvia Pérez Cruz e Rosalía.
E finalmente uma banda, e que banda! “Chunky Shrapnel” é um filme-concerto imersivo da banda psicadélica australiana King Gizzard & the Lizard Wizard, que segue a banda na sua tour de 2019, pela Europa fora, com o álbum “Infest the Rats’ Nest” às costas. Um filme-concerto num ano em que deixou de haver concertos.
A música portuguesa continua bem representada. Paulo Antunes, que em 2019 encheu a sala Manoel de Oliveira, no São Jorge, com o seu anterior filme “Um Punk Chamado Ribas”, continua a sua viagem pelo bairro de Alvalade e o punk nacional, agora com “Já Estou Farto!”, que coloca o foco em João Pedro Almendra, o animal de palco que formou os Ku de Judas e foi a voz dos Peste & Sida, dos PunkSinatra e do projecto rock Os Filhos de Hannibal Lecter, estando também na génese dos Censurados.
“Eram 27 Dias e Paraste” é um documentário de bastidores sobre a apresentação do mais recente álbum de Noiserv, “Uma palavra começada por N”, no lisboeta Teatro Tivoli BBVA. “Caudal” é um filme sobre um concerto dos Solar Corona que nunca mais se vai repetir e “We Were Floating High” segue os First Breath After Coma durante o incrível ano de 2019, quando lançaram o álbum “NU”, antes de tudo mudar.
O júri da secção competitiva IndieMusic vai atribuir um prémio de 1000€ ao melhor filme da secção, e é composto por Cláudia Guerreiro (Linda Martini), Yaw Tembe (músico e programador do Teatro do Bairro Alto) e Yen Sung (DJ). O vencedor será conhecido no final da 18ª edição do IndieLisboa, onde todas estas histórias subirão ao palco.
A programação das restantes secções do festival será brevemente anunciada.
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