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MOTELX promete mulheres serial killers e um mergulho na memória da Guerra Colonial

Por Deus Me Livro · Em 31/08/2021

Está fechada a programação da 15ª edição do MOTELX, Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa, que terá lugar entre os dias 7 e 13 de Setembro no Cinema São Jorge, em Lisboa. Ficam as devidas apresentações à boleia do press release.

De 7 a 13 de Setembro, o Cinema São Jorge recebe uma programação que reflecte o ADN que o MOTELX tem vindo a refinar ao longo dos anos, mudando assim o panorama cultural da capital ao retirar o medo do cinema de género e cruzando-o despudoradamente com outras expressões artísticas.

Num misto de visão para o futuro do cinema de terror – ainda que com o olho bem aberto para o que se passa no presente, no mundo e na arte -, o número redondo desta edição assume tom de celebração pelo que as honras de abertura recaem na ante-estreia de “The Green Knight” (2021), protagonizado por Dev Patel. Esta é a releitura tão misteriosa como assustadora, tão fantasiosa como profunda da lenda arturiana de Sir Gawain, com assinatura do aclamado realizador David Lowery.

Na sessão de encerramento vai poder assistir-se a “The Night House”, de David Bruckner. A longa-metragem do realizador norte-americano conta a história de uma viúva que tenta ultrapassar o suicídio do marido, no lago junto à casa de sonho que construíram juntos. Enquanto procura dar significado à sua vida, é atormentada por visões perturbadoras e pela sensação que existe um mistério ainda maior por descobrir.

Na secção Serviço de Quarto, serão exibidas películas oriundas de países forasteiros ao género: “Sweetie, You Won’t Believe It” ,de Ernar Nurgaliev (Cazaquistão), “Three”, de Pak Ruslan (Cazaquistão, Coreia do Sul e Uzbequistão), e o thriller de terror ecológico “Gaia”, de Jaco Bouwer (África do Sul).

Esta secção ganha ainda mais relevo com a exibição de “The Night”, do iraniano Kourosh Ahari. Integralmente falado na língua persa, é o primeiro filme de produção norte-americana estreado no Irão desde os anos 70. Outras produções em destaque são “Mad God”, a animação feita projecto de vida de Phil Tippett, um dos especialistas em efeitos visuais mais premiado dos Óscares (“Star Wars”, “Robocop”, entre outros), cuja estreia aconteceu no Festival Locarno, durante este ano; “Willy’s Wonderland”, de Kevin Lewis, com a interpretação da maior estrela do cinema de género, Nicolas Cage; “Fukushima 50”, de Setsurô Wakamatsu, sobre o desastre nuclear naquela central localizada na ilha japonesa de Honshu, em 2011; e o cinema experimental de “After Blue” do francês Bertrand Mandico.

E, se em 2020 o foco da programação recaiu naturalmente sobre as questões de racismo sistémico, este ano, a partir da selecção de filmes feministas para a competição oficial como “Black Medusa“, de Ismaël e Youssef Chebbi, ou “Violation“, de Madeleine Sims-Fewer e Dusty Mancinell – os dois filmes integram também a  secção Serviço de Quarto – a inspiração bebe-se no movimento #metoo. No sentido de deitar por terra o estereótipo da representação masculina nos filmes de terror, estes dois filmes lançam as bases para a criação da identidade do MOTELX 2021 – protagonizada em spot por Sónia Balacó – e para um programa especial intitulado “Fúria Assassina – Mulheres Serial Killer“.

Esta retrospectiva junta os escassos filmes de serial killers mulheres, apresentando o biopic de Erzsébet Bathory, a “A Condessa Sangrenta” (2009), realizado por Julie Delpy; “Monster” (2004), filme realizado e magistralmente interpretado por Charlize Theron sobre a mais famosa assassina norte-americana; o filme choque “Baise-Moi” (2000), de Virginie Despentes e Coralie Trinh Thi; o ritualístico e desconcertante “Audition” (1999), de Takashi Miike; e a sátira puritana de John Waters, “Serial Mom” (1994).

“Office Killer” (1997), de Cindy Sherman, é outro dos filmes a exibir no programa “Fúria Assassina – Mulheres Serial Killer”. Esta é a única obra cinematográfica da artista norte-americana e relata a história de uma mulher que começa por assassinar os seus colegas de trabalho homens, guardando os cadáveres na cave de casa. Tem ainda a particularidade de criar uma ligação com as imagens produzidas por si e, à semelhança dos auto-retratos que a tornaram mundialmente famosa, a personagem principal, interpretada por Carol Kane, faz lembrar a própria Cindy Sherman.

Na selecção oficial destaque ainda para o muito antecipado “Um Fio de Baba Escarlate” (2020), de Carlos Conceição, que faz uma actualização do Giallo à luz da tão fervilhante era de redes sociais, ou para o novo documentário de Rodney Ascher, “A Glitch in the Matrix” (2020) que nos fala de uma ideia cada vez mais levada a sério pelo mundo científico e filosófico, a de que a realidade é uma simulação de computador. A pandemia é a personagem principal do taiwandês “The Sadness” (2021), em que o vírus promove uma regressão civilizacional.

Outro destaque incontornável vai para “In the Earth” do inglês Ben Wheatley, incluído na habitual Competição de Longas Europeias, que, nesta edição do MOTELX, apresenta 8 filmes de 7 países: Espanha, França (com duas películas), Reino Unido, País de Gales, Itália, Suécia e Portugal.

A completar o lote de novidades da 15.ª edição do festival, o documentário sobre Folk Horror, “Woodlands Dark and Days Bewitched: A History of Folk Horror”, da escritora para cinema e produtora canadiana Kier-La Janisse, na secção Doc Terror.

Se desconstruir estereótipos é uma das premissas omnipresentes desta edição, reflectir sobre a memória pessoal e colectiva quando se assinalam 60 anos do início da Guerra Colonial é o chapéu para o Quarto Perdido desta edição, intitulado O Coração das Trevas Português – A Trilogia (Inacabada) do Ultramar. Nesta secção, revisita-se a surpreendente tentativa feita pela dupla produtor/realizador com mais sucesso nos anos 90, Tino Navarro e Joaquim Leitão. Ideia original de Navarro, escrita a meias com Leitão, este tríptico assenta em três tempos: “Inferno” (1999), um filme passado no pós-guerra com veteranos; “Purgatório” (2006), a decorrer num quartel em África durante um bombardeamento; e “Paraíso“, o capítulo ainda por fazer, em torno de jovens na véspera do seu alistamento. Nos dois filmes que aqui ganham destaque, o western spaghetti convive em pleno com a comédia, acção, melodrama, romance, thriller, terror e buddy movie, fazendo desta demanda uma das mais surpreendentes e inusitadas da nossa cinematografia que muito se quer ver finalizada.

Outras sessões anunciadas são as de “The Amusement Park” (1973), o banido filme institucional de George Romero, e a celebração dos 20 anos da obra-prima “A Viagem de Chihiro” (2001), de Hayao Miyazaki, na secção Lobo Mau.

No campo das curtas-metragens, foram já anunciados 7 filmes da secção de Curtas Internacionais com destaque para o galardoado “A Terra do Não Retorno“, de Patrick Mendes, realizador vencedor da primeira edição do Prémio MOTELX – Melhor Curta de Terror Portuguesa, em 2009, e do thriller angustiante e claustrofóbico de Filipe Melo, filmado num plano sequência único, “O Lobo Solitário” (2021). A Secção X, cujos primeiros passos foram dados em 2020, oficializa-se este ano apresentando um novo espaço de divulgação do cinema de terror mais experimental e underground.

Nas secções competitivas, destaque para o Prémio MOTELX – Melhor Curta de Terror Portuguesa / Méliès d’Argent, pela primeira vez, apoiado pela Santa Casa da Misericórdia, reforçando assim a sua missão de apoio à produção nacional de cinema de género. O valor de 5000€ é o maior atribuído a curtas-metragens em Portugal. Os concorrentes serão anunciados em Agosto.

A não perder ainda, três debates que abordam algumas das temáticas presentes na edição de 2021 do MOTELX: o painel “Making Genre” – From Concept to Distribution, que junta os produtores Josh C. Waller, Camille Gatin, Elan Gale, Emily Gotto (Shudder/AMC) e Molly Quinn, para discutir o processo geral da criação de filmes de género, no dia 11, às 15h30; o painel Fúria Assassina, moderado pela jornalista Carolina Franco (Gerador), conta com a actriz e realizadora Ana Moreira, a crítica de cinema Inês N. Lourenço, o professor e investigador Jorge Martins Rosa, e o director artístico e programador do festival João Monteiro, também no dia 11, pelas 17h30; e uma conversa com a dupla produtor/realizador portuguesa Tino Navarro e Joaquim Leitão, autores da trilogia inacabada sobre a guerra do Ultramar que, no MOTELX, será representada pelas longas-metragens “Inferno” (1999) e “20,13 Purgatório” (2006), na secção Quarto Perdido, no dia 12, a partir da 17h.

Mas se a programação regular 2021 é já uma das mais fortes, o habitual Warm-Up que antecipa o festival não é menos tímido. De 2 a 4 de Setembro, ampliando a importância dada às propostas artísticas multidisciplinares que o MOTELX se orgulha de alimentar, em estreia mundial absoluta, “As Vizões do Ego – Uma Encenação Pictórica de Edgar Pêra“, que marca a primeira e surpreendente incursão do conhecido cineasta português na pintura, com dramatização luminotécnica de Rui Monteiro e banda sonora de Artur Cyaneto. RAPSODO é o espectáculo que, no Convento de São Pedro de Alcântara, se constrói a partir de histórias aterradoras contadas por actores consagrados como Maria João Luís ou Miguel Borges, envolvidas na tranquilizante música de Noiserv.

E porque as novidades se fazem acompanhar de clássicos, vai poder ainda assistir-se no dia 4, às 21h30, a clássica e habitual sessão de cinema ao ar livre, no Largo Trindade Coelho, com a comédia de terror “Bubba Ho-Tep” (2002) de Don Cascarelli. Bruce Campbell no papel de Elvis Presley e Ossie Davis de “John F. Kennedy” enfrentam uma múmia egípcia que se apodera das almas dos utentes de um lar de idosos. Todas as actividades são de entrada livre – mediante inscrição prévia para o geral@motelx.org – e respeitam as recomendações da DGS.

Comprometido com o objectivo de levar o festival, os filmes seleccionados e o cinema de terror português a novos públicos e geografias nacionais, o MOTELX estabelece, este ano, uma importante parceria com a NOS Cinemas. A Volta a Portugal MOTELX nos Cinemas NOS é a nova extensão que tem início imediatamente após a realização do festival em Lisboa e que promete sessões de norte a sul do país, litoral e interior. Os bilhetes estarão à venda na Ticketline a partir da próxima semana.

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