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Kirk Douglas: O Escravo que se tornou Rei

Por Sílvia Alves · Em 04/10/2016

Embora se associe a figura de Kirk Douglas a um aspecto físico possante, não foi através da força bruta que o actor marcou um extenso cortejo de cinéfilos ao longo de várias décadas. Muito pelo contrário: são personagens como o Coronel Dax, papel que desempenhou em “Horizontes de Glória” (1957), que lhe conferiram uma imagem repleta de sensibilidade. Basta recordar a cena final: quando o Sargento Boulanger o informa de que o regimento terá de regressar ao campo de batalha – onde a morte será mais do que certa para muitos daqueles soldados -, o oficial não hesita em conceder-lhes mais alguns minutos de descanso na taberna, onde entoam, com a paz de espírito possível, uma canção popular.

Kirk Douglas, Deus Me Livro

Issur Danielovitch, o nome com que Douglas foi registado, nasceu a 9 de Dezembro de 1916, em Amsterdam, Nova Iorque, filho de emigrantes judeus russos de origem humilde. As dificuldades financeiras levaram-no a trabalhar desde cedo, tendo conciliado os mais variados empregos com os estudos, nomeadamente o curso de representação da Academia Americana de Artes Dramáticas. Após uma breve incursão na Marinha durante a Segunda Guerra Mundial, bem como uma curta carreira na Broadway, Douglas instalou-se em Hollywood, onde obteve o primeiro papel numa longa-metragem: “The Strange Love of Martha Ivers”, de Lewis Milestone. Contudo, foram sobretudo os filmes em que participou sob a direcção de Vincente Minnelli que lhe garantiram a consagração: “The Bad and the Beautiful” (1952), sobre um produtor de cinema sem escrúpulos; e “Lust for Life” (1956), onde vestiu a pele do célebre pintor Vincent van Gogh. Ambos os desempenhos foram reconhecidos pela Academia com nomeações para o Oscar de Melhor Actor.

Kirk Douglas, Deus Me Livro

Estavam abertas as portas para trabalhar com alguns dos melhores, nomeadamente o realizador britânico Stanley Kubrick, que o convidou para aquele que é tido como o seu papel mais lendário: Spartacus, o escravo que desafia o status quo durante o Império Romano. Estávamos em 1960, em pleno período de Caça às Bruxas, e Douglas não hesitou em sugerir o nome de Dalton Trumbo, incluído na lista negra devido à suposta ligação ao Partido Comunista, alegando tratar-se do argumentista ideal para o projecto. Trumbo, que se viu obrigado a escrever sob diversos pseudónimos ao longo de uma série de anos, acabou por ter o devido reconhecimento graças a este filme.

Porém, nem só de representação se reveste a carreira de Douglas: foi o autor da sua própria autobiografia, The Ragman’s Son, em 1988 – um grande sucesso literário -, e ainda revelou talento para a ficção, assinando os argumentos de “Dance with the Devil” (1990) e “The Gift” (1992). Foi também na década de 1990 que sofreu um dos seus maiores desaires: um ataque cardíaco quase fatal. No entanto, e apesar de ter ficado com a fala bastante afectada, continuou a representar, tendo contracenado com Dan Aykroyd, Lauren Bacall e Jenny McCarthy na comédia “Diamonds” (1999). Além disso, foi ainda nomeado para um Emmy pela sua participação no drama televisivo “Touched by an Angel” (2000).

kirk_inside

Douglas dedicou também uma boa parte da sua vida à filantropia: através da Fundação Douglas, doou, juntamente com a segunda mulher, Anne, milhões de dólares a causas humanitárias. Aqui, a influência da mãe foi fundamental: “Sempre que possível, é importante ajudarmos as outras pessoas”, dizia-lhe ela. Um ensinamento que o marcou. Tal como Douglas nos marcou a nós, amantes de cinema e de histórias com carácter universal. O centenário está próximo e a comemoração de um momento tão especial impõe-se. À tua, Kirk!

Kirk Douglas

Sílvia Alves

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