Comecemos pelo fim. Das surpresas que o IndieLisboa nos reservou para a edição de 2016, a que se destaca é a prova de resistência sob forma de maratona que alberga, noite dentro, filmes da secção Boca do Inferno. Terminando por volta da hora que os vossos avós se levantam para comprar pão, é a oportunidade de ver ou rever “The Witch”, de Robert Eggers, ou a experiência sensória de “Der Nachtmar”, de Akiz. Contem com conceitos ainda mais peculiares: póneis alucinados (“Lesley the Pony has an A+ Day”) e flatulências mortíferas (“The Procedure”).
Recuemos até às 18h00, Cinema São Jorge, na Sala Manoel de Oliveira. A aposta de sábado do IndieMusic é “Sonita”, um documentário da iraniana Rokhsareh Ghaem Maghami, em torno de uma imigrante afegã de 18 anos que vive ilegalmente no Irão. Contrariando a vontade da mãe, que a quer ver casada com um marido bem sucedido, Sonita quer prosseguir o sonho de se tornar uma artista rap, desafiando a ordem patriarcal normativa.
À mesma hora, desta feita no Grande Auditório da Culturgest, a primeira de duas sugestões no âmbito da Competição Internacional do festival. “Mate-me Por Favor”, a primeira longa-metragem de Anita Rocha da Silveira é uma produção sul-americana que venceu o prémio IndieLisboa na última edição do XI Panorama Internacional Coisa de Cinema, em Salvador da Baía. Promete desafiar as convenções do cinema de género, fundindo o slasher com a temática coming of age, em pleno Bairro da Tijuca, Rio de Janeiro.
Também na Competição Internacional, mas em horário nobre, às 21h30 no Grande Auditório da Culturgest, segue-se “Baden Baden” (na foto), a primeira longa-metragem de Rachel Long, que havia passado pelo Indie em 2011 com “Les navets blancs empêchent de dormir”. Ana, de 26 anos, regressa à cidade onde cresceu – Estrasburgo – após deixar uma rodagem na Bélgica. Quer tomar conta da avó, que partiu a anca, e nesse processo procura o velho aforismo grego “conhece-te a ti mesmo”.
Por fim, à mesma hora, sítio diferente (Cinema São Jorge, Sala 3), tem lugar a primeira sessão da Retrospectiva Integral Jean-Gabriel Périot, um cineasta que trabalha com imagens de arquivo/found footage, pese não descurar o trabalho com actores. Ora político, ora intimista, tem sido exibido ao longo dos anos no festival, e é um motivo de orgulho na programação deste ano.
O Deus Me Livro continuará a deambular pelo IndieLisboa até ao dia 1 de Maio.
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