O IndieLisboa está de regresso à Grande Alface entre os dias 21 de Agosto e 6 de Setembro, para contentamento de muito bom cinéfilo. À boleia dos comunicados de imprensa, apresentamos alguns dos filmes que poderão ver na edição de 2021, bem como tudo o que há para saber sobre o IndieJúnior.
De Hopper a Welles, passando pela Boca do Inferno: os eternos no IndieLisboa 2021
Em grande destaque na secção Director’s Cut encontra-se Hopper/Welles, de Orson Welles, estreado na edição do ano passado do Festival de Veneza, a sua primeira exibição pública depois de 40 anos guardado. Filmada em 1970, esta conversa apanha os realizadores em momentos cruciais das suas carreiras; Welles não trabalhava em Hollywood há mais de uma década, e tinha começado a confirmar-se como um artista ferozmente independente e idiossincrático, já Hopper, acabava de alcançar sucesso inesperado com o hit de contracultura Easy Rider, financiado por um estúdio. Em preto e branco, e iluminado apenas pela lareira e lâmpadas de furacão, este é um registo histórico entre duas figuras magistrais do cinema americano, que aqui conversam sobre cinema, a arte e a vida.
Outra surpresa é Três Dias Sem Deus, a primeira longa-metragem de ficção realizada por uma mulher em Portugal. Bárbara Virgínia, que tinha à data 22 anos, realizou o filme, foi co-responsável pelo argumento e interpretou o papel principal. O filme estreou a 30 de Agosto de 1946, no Cinema Ginásio em Lisboa, e viria a integrar a comitiva portuguesa na segunda edição do festival de Cannes, nesse mesmo ano. Aquando da sua primeira projecção, o filme teria cerca de 102 minutos (aproximadamente 2800 metros de película). Desses, foram preservados, apenas, 26 minutos (868 metros) de filme, dos quais se perdeu a banda-sonora. O resultado de uma digitalização e restauro digital desse fragmento é agora apresentado no IndieLisboa, no dia em que se comemoram, exactamente, 75 anos da estreia. Três Dias Sem Deus está integrado na secção Director’s Cut Em Contexto, programada em conjunto com a Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema. A anteceder será exibido também o filme Lost and Found de Clara Cúllen, um documentário sobre a avó da realizadora, a primeira mulher argentina cineasta, contemporânea de Bárbara Virgínia.
Destacam-se também outros dois filmes portugueses: A Távola de Rocha, de Samuel Barbosa, uma exploração do processo criativo de Paulo Rocha, que é exibido no IndieLisboa após a sua estreia no Festival de Locarno em Agosto; e Diálogo de Sombras, de Júlio Alves, em estreia mundial, sobre o universo de Pedro Costa a partir da sua exposição em Serralves, Pedro Costa: Companhia, que estabeleceu um diálogo entre o realizador português e as figuras que povoam o seu imaginário.
The Last Stage, de Wanda Jakubowska, é uma das primeiras representações da vida em campos de concentração, filmado logo após a 2ª Guerra Mundial e agora apresentado num restauro digital. Jakubowska esteve ela própria presa no campo de concentração que filmou, ainda antes do seu desmantelamento, filmagens às quais junta uma narração ficcional do que ali viu e experienciou. Um filme que dialoga com À Pas Aveugles de Christophe Cognet, seleccionado na secção Silvestre.
Já There Are Not Thirty-six Ways of Showing a Man Getting on a Horse, de Nicolás Zukerfeld, é um filme divertido que parte de uma investigação à citação atribuída a Raoul Walsh, e consecutiva tentativa de a ilustrar. Da compilação de personagens a cavalgar em filmes de Walsh nasce um filme-ensaio.
Na secção Boca do Inferno rasgam-se fronteiras de registo e temas. Entre as longas-metragens, um clássico do terror italiano que celebra 50 anos; Ecologia del delitto, de Mario Bava, conta a história do falecimento de uma condessa rica, que desencadeia uma guerra pela sua herança e uma sequência de mortes que parece não cessar.
She Dies Tomorrow, de Amy Seimetz, junta o horror psicológico ao humor absurdo. Neste filme, Amy é uma rapariga que acaba de comprar uma casa, mas está plenamente convencida que vai morrer no dia seguinte. Uma ideia que se torna contagiosa à sua volta.
Em Spree, de Eugene Kotlyarenko, Joe Keery (o simpático rapaz da popular série Stranger Things) é Kurt Kunkle, um condutor obcecado com a ideia de que se não te estás a documentar não existes. Contado na primeira pessoa, é um híbrido entre a comédia e o horror, com uma mensagem de cautela em relação às redes sociais.
Das curtas-metragens da secção, em Rendang of Death, de Percolate Galactic, dois amigos lutam pelo último pedaço do melhor rendang de sempre. T’es morte Hélène, de Michiel Blanchart, acompanha Hèlene, que incapaz de se desapegar do amor que ainda a une ao namorado, continua a assombrá-lo depois de morta. E ainda MeTube3: August sings Una furtiva lagrima, de Daniel Moshel, o terceiro capítulo de uma série de curtas marcadas pelo humor e pelo amor à ópera.
IndieLisboa 2021: As longas-metragens da Secção Silvestre e o Foco Camilo Restrepo
A secção Silvestre prima pela singularidade de obras tanto de autores jovens como confirmados que, rejeitando o status quo, criam novas linguagens cinematográficas. De entre as longas metragens da secção, destacam-se entre muitos outros Bad Luck Banging or Loony Porn, longa-metragem de Radu Jude, que foi por diversas vezes vencedor do IndieLisboa. O filme cristaliza a particularidade desta secção pela sua forma pouco convencional e o sentido de humor irreverente. Esta sátira da pandemia que vivemos teve a sua estreia na Berlinale, onde foi aclamada pela crítica e obteve o prémio principal do festival – o Urso de Ouro.
De Eugène Green, cuja relação próxima com o festival data da primeira edição, em que ganhou o Grande Prémio IndieLisboa, Atarrabi & Mikelats, a sua última longa-metragem. Nesta versão modernizada de um mito basco, sinceridade e sátira andam de mãos dadas.
Em Her Socialist Smile, John Gianvito constrói um ensaio experimental em torno da figura esquerdista e sufragista de Helen Keller, que apesar de ter perdido a audição e visão em criança tornou-se uma escritora prolífica, professora e activista. O filme destaca importantes aparições públicas de Keller, como o seu discurso Out of the Dark, de 1913.
Em estreia mundial estará o filme brasileiro A Cidade dos Abismos, de Pryscila Bettim e Renato Coelho, uma fábula intemporal que recupera o cinema brasileiro dos anos 70, num festim de cor e lantejoulas que antecipam a tragédia.
Mostra-se também o trabalho desconcertante de Christophe Cognet que explorou, em À pas aveugles, a origem de fotografias tiradas por prisioneiros de campos de concentração, que fotografaram e documentaram clandestinamente o horror que viam.
E ainda Au coeur du bois, de Claus Drexel, que do coração do Bois de Boulogne dá a descobrir as histórias das que ali trabalham.
O Foco Silvestre será no trabalho do cineasta colombiano Camilo Restrepo. A par de Teddy Williams e Kiro Russo, Restrepo é uma das vozes mais fortes e coerentes do novo cinema vindo da América latina. O IndieLisboa tem acompanhado de perto os três cineastas, já vencedores de diversos prémios da curta à longa-metragem.
Nascido em Medellín, Camilo Restrepo vive e trabalha em Paris desde 1999, sendo membro do colectivo L’abominable, um laboratório experimental onde artistas cineastas de várias gerações e proveniências trabalham a película. Nessa sequência, o foco vai integrar um programa de curtas-metragens de colegas do colectivo, especialmente escolhidas por Camilo Restrepo.
A sua primeira longa-metragem retrata uma viagem individual que se mistura com o panorama social e político da Colômbia; em Los Conductos, as cores vibrantes e a textura da película dão uma beleza idiossincrática a um filme cuja personagem principal vive assombrado por memórias violentas.
Com cinco curtas e uma longa-metragem realizadas, todas presentes em festivais internacionais relevantes, de Cannes a Berlim, passando por Locarno, Restrepo utiliza as imagens com um discurso político e social, retratando franjas da sociedade, muitas vezes através de um diálogo psicadélico entre imagem e som, com a música a pontuar em alguns dos seus trabalhos mais arriscados. É com o coração no centro de cada filme que Restrepo arrisca e arrisca, até nos entrar na pele.
Curtas Competição Internacional e Silvestre: Ovos de Páscoa, Utopias, Rosas Azuis e Bruxas no IndieLisboa 2021
A competição internacional de curtas-metragens será composta, em 2021, por 32 títulos nunca antes mostrados em Portugal, revelando um enorme conjunto de cineastas emergentes e de futuro.
Num ano marcado pela distância, os telefonemas pontuam Ella i Jo, o primeiro filme seleccionado desta edição e que deu o mote à competição. Mãe e filha, ambas artistas, pintam nos seus espaços – uma em Barcelona, outra em Atenas. As tentativas de chamada são o fio condutor que vem ritmar os momentos quotidianos e de criação, filmados pelo catalão Jaume Claret Muxart.
O cinema de animação tem sido um dos pontos fortes da competição internacional de curtas-metragens ao longo dos últimos 18 anos. Nesta edição, destacam-se Easter Eggs, de Nicolas Keppens, em competição no último festival de Berlim, onde um desentendimento entre dois amigos gera um confronto que mistura ternura e violência. Mofo Relay, de Taewan Kim e Shunny Kim, que nos leva em dois minutos de trip sideral, com alienígenas de origens enigmáticas que se divertem em conjunto. E ainda Poum Poum!, de Damien Tran, um musical de animação que celebra a harmonia entre cores, texturas e sons.
Nos documentários destacam-se o russo Blue Rose, de Olya Korsun, ensaio visual que explora o conceito de flor, reflectindo sobre a sua beleza, história e comoditização, e My Nightingtale with Tears, de Cécile Lapergue, sobre a soprano francesa Denise Duval, conhecida sobretudo pelas suas interpretações de óperas de Francis Poulenc.
No território da ficção, The Shift, de Laura Carreira, premiado no último festival de Veneza, reflecte sobre o trabalho e a precariedade através de uma visita de Anna ao supermercado. E Heliconia, primeiro filme de Paula Rodríguez Polanco, estreado no FID Marseille, que constitui uma sinfonia sinestésica marcada por texturas, cores, calor e corpos, onde Maria, uma rapariga de catorze anos, parte em busca do paraíso na Terra.
Destaque ainda para The Pleasants Effect, o filme da vida de Pete Levine. Começado em 1973 e terminado em 2020, esta primeira obra de um realizador de 70 anos conta a história de C.R. Pleasants, um inventor amador que dizia ser capaz de dispersar o nevoeiro que, nos anos 30 e 40, afligia os pilotos de aviões. Em estreia mundial, Transportation Procedures For Lovers, da jovem realizadora Helena Estrela, é uma experiência que reflecte sobre o melhor método de chegar mais perto de quem se ama.
Na secção Silvestre, dedicada a cineastas mais experientes no campo da curta-metragem, emergem 18 filmes, muito diferentes entre si e que transpiram o brilhantismo da produção contemporânea.
Destaque natural para Which is Witch?, de Marie Losier, presença assídua no festival desde a sua vitória em 2011, com The Ballad of Genesis and Lady Jaye. Mais uma vez, a exuberância de Losier dá a voz à loucura de universos paralelos e há Bertrand Mandico a pairar.
No campo da animação, a histórica cineasta Joanna Quinn, nomeada para o Oscar por diversas vezes pelos seus filmes anteriores e uma das mais aclamadas animadoras a nível mundial, traz Affairs of the Art. Estreado em 2021, divertido e polémico, é mais uma vez a confirmação do seu estatuto.
Destaque para as entradas norte-americanas da competição: três filmes inusitados, estranhos e surpreendentes. Black Square, de Peter Burr, é um quadrado preto no centro do ecrã onde se contorcem figuras humanas, uma sucessão de imagens em constante assalto visual e sonoro. Em The Canyon, Zachary Epcar filma exteriores de casas, objectos e pessoas de forma hipnotizante, convidando a uma viagem guiada por música que vai do inquietante ao sublime. Os dois realizadores regressam ao festival depois de passagens em 2017 e 2019. Finalmente, In The Air Tonight, de Andrew Norman Wilson, transforma a experiência da canção homónima de Phil Collins reimaginando-a com uma narração onírica.
O júri da Competição Internacional de Curtas-Metragens será composto por Bianca Lucas, cineasta e programadora no Festival de Cinema de Sarajevo, Réka Bucsi, vencedora do Grande Prémio de Curta-Metragem em 2018 no IndieLisboa com o filme Solar Walk, e Mariana Gaivão, realizadora do multi-premiado Ruby.
E, para o júri da secção Silvestre, conta-se com Daniel Ebner, co-fundador e director artístico do Vienna Shorts, Rita Cruchinho Neves, fundadora do atelier MODO, e Maíra Zenun, coordenadora e curadora de ciclos de cinema como a Mostra Internacional de Cinema na Cova – África e as suas diásporas.
IndieJúnior: por um mundo de ideias projectado no grande ecrã
O IndieJúnior está de volta para mais um ano de aventuras cinemáticas para os miúdos e graúdos do IndieLisboa – Festival Internacional de Cinema. De 21 de Agosto a 6 de Setembro, e pela segunda vez em pleno Verão, dentro da sala e também ao ar livre, o IndieJúnior vai levar cinema à Culturgest, Cinema Ideal, Cinema São Jorge e este ano ao jardim da Biblioteca Palácio Galveias. Para além do habitual programa de curtas-metragens, haverá muitas oficinas e actividades paralelas a decorrer, e um Dia da Família que é, como o nome indica, mesmo para todos.
São muitos os momentos imperdíveis na edição deste ano. No habitual caleidoscópio de emoções, lugar irreverente que é o IndieJúnior na sua génese, a programação deste ano olha para o cinema enquanto poço de criação. O fazer, criar e pensar espelhado nas imagens projectadas no ecrã. De menções à batalha que é o teletrabalho para pais com crianças (Contos do Multiverso), a conversas sobre inclusão social e questões de género (Os Sapatos do Louis e RaparigasRapazesmix), passando por uma mensagem ecológica e conscienciosa sobre o ambiente que nos rodeia (Orgiástico Hiper-Plástico e Bom Dia Mundo!) e a importância de dar asas à imaginação nos dias que correm (Olá Senhor), são mais de 40 filmes, a maioria em competição este ano, que se aliam a um carácter educativo, mas divertido, neste que é sempre um reencontro tão aguardado e que nos pede para abraçar o cinema mais uma vez, em grande segurança.
Um dos principais destaques deste ano é o Dia da Família, que decorrerá no próximo dia 4 de Setembro, e que começará por mostrar uma sessão especial de curtas-metragens (+3 anos) – Laços de Família – com locução ao vivo do actor, escritor e humorista Pedro Cardoso, na Culturgest. Dentro desta, salienta-se uma versão da Terra que não saiu como esperado, como muitos pais em teletrabalho bem o têm dito nos últimos tempos. Na curta-metragem Contos do Multiverso, Deus defronta-se com esta problemática. A projecção de filmes será seguida pela Festa ao Ar Livre, no jardim da Biblioteca Palácio Galveias, que contará não só com um concerto ao vivo de Gui Calegari, músico e artista do colectivo Baileia, mas também com uma oficina de expressão plástica Sem Limites (3-8 anos), em parceria com a editora Orfeu Negro e jogos inspirados na programação. Todas as actividades relativas à Festa são gratuitas – inscrição prévia obrigatória para a oficina em www.indielisboa.com/indiejunior/oficinas. Para acabar o dia, haverá uma sessão ao ar livre da longa-metragem Bom Dia Mundo! (+6 anos), ainda no jardim da Biblioteca Palácio Galveias, um delicado filme feito com figuras de papel de jornal animadas em stop motion e esculturas feitas à mão em cenários pintados com toda a atenção ao detalhe, contado através do olhar de dez animais que, juntos, iluminam as maravilhas da natureza.
Bom Dia Mundo! foi a principal inspiração para uma oficina de madeiras Nasci, e Agora…?, que acontecerá no dia 5 de Setembro no pátio da Biblioteca Palácio Galveias, que se foca nos seus participantes enquanto construtores do mundo. Partindo de madeiras e pequenos objectos recolhidos directamente da natureza, as crianças poderão contemplar a biodiversidade apresentada no filme e completar as suas criações com técnicas de acabamento de madeira e aplicação de cera ou óleo de origem natural.
Mas a atenção deste ano prende-se na novidade que é o Cinema de Colo, a muito sonhada parte da edição deste ano que se concretiza numa sala de cinema pequena e segura, com uma cenografia feita especialmente para pais e bebés. Desenhado para crianças dos 4 meses aos 2 anos e meio, o cinema de colo é assim denominado por duas razões. A mais óbvia remete para o lugar a partir do qual um bebé começa a conhecer o mundo em seu redor. A outra contextualiza a criação de uma cenografia, dentro de uma sala mas inspirada no ar livre, onde a criança pode reagir e mover-se em segurança num replicar do colo aconchegado de um pai durante uma noite estrelada, nesta que é uma primeira e inesquecível descoberta visual e interactiva para os mais pequeninos e as suas famílias. Durante estas sessões, passarão cinco pequenos filmes, histórias cheias de cores e sons estimulantes, com projecções surpreendentes que focam o poder conjunto do som e da luz.
Nos filmes em competição este ano para os mais pequenos – sessões Sonhar Acordado (+3 anos) e A Vida é uma Surpresa (+6 anos) -, sublinham-se filmes apuradores do potencial criativo que a programação procura dar ênfase, simples mas sábios. Por um lado, filmes que olham para o amor enquanto uma chama inapagável, como em No Fim do Amor! (+3 anos) e Bombeiro (+6 anos). Por outro, o estímulo do performativo, dos filmes que nos trocam as voltas e surpreendem, como em Cães Zangados (+3 anos) e Sete Cabritinhos (+6 anos).
Repetindo o que tem vindo a acontecer todos os anos, a iniciativa Eu Programo um Festival de Cinema, a actividade educativa que dá oportunidade a alunos do 2º e 3º ciclos para programar cinema para crianças da sua faixa etária, revela-nos filmes fundamentais, que abordam temáticas socialmente relevantes. Com a Escola Básica e Secundária Josefa de Óbidos (sessão O Lugar das Memórias, +10 anos) e a EB 2/3 Almeida Garrett (sessão Pensar, Sonhar e Voar, +12 anos), ficamos a conhecer filmes que todos nós devíamos ver. A começar pela história de Louis, uma criança autista, que acaba de chegar a uma nova escola, onde pode finalmente compartilhar a sua visão das coisas em Os Sapatos do Louis (+10 anos). Não tanto sobre a sua condição neuro-atípica, mas mais sobre a tendência que a sociedade tem em catalogar as nossas identidades, este pequeno e brilhante filme denota um entendimento iluminado sobre o ser humano – “moldes são bons mas só para fazer waffles”. Na mesma linha de pensamento encontra-se RaparigasRapazesmix (+10 anos), um relato de Wen Long sobre a sua história enquanto criança intersexo, Julho 96 (+12 anos), um filme que se centra numa altura determinante na vida de duas raparigas, nesta que é uma história de férias de Verão, e nos fala do fim enquanto crianças e a preparação para um início impossível de prever, e Daqui à Lua (+12 anos), que contempla a morte e a maneira como lidamos ou não com ela.
De sublinhar, Os Sapatos do Louis será o ponto de partida para o debate “Autismo: o caminho para a inclusão na escola e na comunidade”, que se perguntará sobre como identificar o autismo, mas também como abordar a questão da diferença. Não somos afinal todos diferentes? Um filme-debate para todos os pais, filhos e professores, que acontecerá no dia 2 de Setembro na Biblioteca Palácio Galveias (entrada livre, limitada à lotação da sala – inscrição prévia obrigatória em www.indielisboa.com/indiejunior/oficinas).
Para além destas actividades, o IndieJúnior propõe ainda uma oficina de flipbooks, Quero Animar! (+7 anos), concebida e dinamizada pela realizadora Leonor Faria Henriques, que tem o seu filme Nada a Perder (+6 anos) na programação, sobre como enfrentar a perda e descobrir como superá-la. A oficina acontecerá no dia 21 de Agosto no pátio da Biblioteca Palácio Galveias, e será um dos momentos mais divertidos do festival, onde os miúdos poderão dar os primeiros passos no mundo mágico da animação 2D num pequeno flipbook, com a ajuda de papel e lápis de cor. E uma oficina de expressão corporal Ver o Mundo com as Mãos (+5 anos), concebida pela dupla de artistas-educadores Baileia, inspirada no filme Olá Senhor, que brinca com as perspectivas. Tal como o filme, vê as coisas com outros olhos, toca em árvores muito altas ou carrega um amigo sem sair do lugar.
Cadernetas Early Bird de 10 bilhetes para o festival já podem ser adquiridas pelo valor especial de 25€. Mais actualizações em www.indielisboa.com/indiejunior
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