A partir de 23 de Abril, a secção Silvestre do festival IndieLisboa irá dar destaque à figura de Jean-Gabriel Périot (que estará presente ao longo da retrospectiva integral), cineasta que gravita não só no cinema de arquivo/found footage (onde tem os trabalhos mais sonantes, como a até agora única longa-metragem “Une jeunesse allemande”) mas, também, na ficção mais “tradicional” – mediada através de actores – ou sob a forma de ensaios políticos, performances, videoclips ou proto-diários filmados.
Exibido ao longo das passadas edições do IndieLisboa, o trabalho de Périot é politicamente activo e com sensibilidade social. “200000 Phantoms” centra-se no horror de Hiroshima, “Dies Irae” evoca a perda de rumo na fúria progressista, enquanto “L’Optimism” e “Regarder eles morts” vêem as suas protagonistas fascinarem-se pela beleza do mundo circundante, seja através de um mendingo que dorme no passeio ou numa pintura dos membros mortos da Facção do Exército Vermelho (RAF). Já “Lovers” debruça-se sobre a pornografia com uma visão estética improvável. Mais activistas são “#67” (sobre o boicote aos tomates de importação), “Les barbares” (um ataque à classe política) ou “We are winning, don’t forget” (crítica à política laboral).
Cineasta prolífero, Périot produz uma média de dois filmes por ano. Possui um olhar atento de esteta, procurando o belo e o humano a partir da História, que se reflecte no mundo contemporâneo através de sucessivas gerações com um conceito de memória e legado mais presente que nunca, graças à imagem e à difusão instantânea de informação.
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