O melodrama aceso de Claudio Cupellini, “Alaska” – exibido na Festa do Cinema Italiano -, busca alento numa história de amor que parece sobreviver a tudo e mais alguma coisa. A dupla franco-italiana, Astrid Berges-Frisbey e Elio Germano (vimo-lo em “Suburra”), consegue o feito de incendiar o ecrã quando necessário, uma paixão em que se acredita com afinco. Estreado no Festival de Roma, ficou em aberto a possibilidade de ser “exportável” para um público além-fronteiras. O amor incendiário que retrata através de bons intérpretes, uma realização capaz e da habilidade do director de fotografia de “Taxidermia” – Gergely Pohárnok – irá, decerto, atrai espectadores.
Paris. Partimos de um crime por agressão que dá uma pena de 2 anos a Fausto (Germano), ao tentar proteger Nadine (Berges-Frisbey), em breve modelo bem-sucedida na meca da moda, Milão. O amor subentendido entre ambos resulta numa espera silenciosa da parte de Nadine, para tormento de Fausto. Após cumprimento da pena, está à espera dele à saída da prisão como prometera. Segue-se o sexo desprotegido à bruta, e Fausto muda-se para Milão com a nova namorada. Sempre temperamental, gastará as poupanças dela para investir numa discoteca – Alaska – com o duvidoso Sandro (Valerio Binasco), um homem vivido e em constante negação da sua meia-idade. Fausto deixa de ser um pé rapado, chegando o empurrão final na inversão de poder na relação quando Nadine é forçada a abandonar a carreira de modelo por sofrer um acidente de viação, à custa de uma das várias brigas com o intempestivo namorado.
Em contramão, nem tanto a questão de ritmo, mas o défice de atenção do trio de guionistas (além de Cupellini, temos Filippo Gravino e Guido Iuculano), que se recusa a explorar ideias-chave (e muito boas, como os primeiros 10 minutos em que esperamos um filme de fuga épica, para logo sermos contrariados), em detrimento de uma bíblia de dispositivos dramáticos, como o caso de Sandro, que não tem tempo de ecrã suficiente para merecer um desfecho tão pronunciado. Esta dispersão por voltas e reviravoltas não só diminui os grandes, grandes momentos entre Germano e Berges-Frisbey, como a falta de simplicidade do enredo, ao longo de duas horas que mais parecem três, cansa. Felizmente, a cada suspiro incrédulo ou revirar de olhos, há a paixão avassaladora do casal a mexer com os nossos neurónios-espelho.
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