O Fest Novos Realizadores | Novo Cinema regressa a Espinho entre os dias 19 e 26 de Junho. A estreia nacional de “War Pony”, de Gina Gammell & Riley Keough, a retrospectiva integral do trabalho de Cláudia Llosa e um novo segmento dedicdo à música estão entre as propostas para a edição deste ano.
Considerada um nome fundamental da cinematografia sul-americana, Llosa é um dos nomes na linha da frente do cinema feminista, assumindo-se como uma voz de enorme relevo na compreensão da condição da mulher indígena. No FEST serão mostrados, entre outros, “The Milk of Sorrow” (2009) e “Madeinusa” (2005). A cineasta marcará presença em Espinho para apresentar a retrospectiva e para ministrar uma masterclass.
Foi um dos filmes mais falados da secção Un Certain Regard de Cannes’22. “War Pony”, das norte-americanas Gina Gammell & Riley Keough, venceu o prémio Câmara de Ouro, sendo apontado, pela crítica da especialidade, como um retrato fundamental da vida indígena na reserva de Pine Ridge, uma comunidade destruída pelo consumo de álcool e drogas e em perpétuo e inevitável conflito com o resto do sonho americano. Estreia nacional marcada para o dia 19 de Junho, na cerimónia de abertura do festival.
No quadro competitivo, dez longas metragens que medem o pulso à cinematografia do futuro compõem a selecção deste ano do Lince de Ouro. Entre elas, “Past Lives” de Celine Song, uma produção americano-coreana que nos fala sobre memórias do passado e as diferentes vidas que todos vivemos ao longo dos anos. Nota especial também para a segunda longa-metragem da mexicana Lila Avilés, “Tótem” (vencedora do prémio especial do júri em Berlim). Também estreado na Berlinale (onde venceu o Urso de Prata), “Disco Boy”, obra-prima do italiano Giacomo Abbruzzese, a propor uma viagem psicadélica a um mundo onde a legião francesa e os guerrilheiros do Delta do Níger entram em conflito directo. O programa inclui ainda “Animalia”, da franco-marroquina Sofia Alaoui; “When It Melts”, da belga Veerle Baetens, vencedora do prémio de melhor actriz no festival de Sundance; e “Suro”, do basco Mikel Gurrea, uma história que olha em subtexto os abusos laborais de imigrantes no mundo agrícola espanhol.
No programa de documentários, oportunidade para ver “And The King Said, What A Fantastic Machine”, de Maximilien Van Aertryck e Axel Danielson, um ensaio que disseca o impacto da obsessão ocidental pela imagem; “Man Caves”, da suíça Céline Pernet, um estudo sobre a crise contemporânea da masculinidade; “Paradise”, de Alexander Abaturov, um retrato dos impressionantes incêndios florestais na Sibéria; e “The Crows Are White”, de Ahsen Nadeem, que nos leva propõe uma visita a um mosteiro budista habitado por personagens muito invulgares.
A par da competição internacional de curtas-metragens (Lince de Prata), o Fest volta a prestar atenção à produção nacional no Grande Prémio Nacional que, este ano, incluiu alguns regressos, como são os casos de Guilherme Daniel, Ruben Sevivas e Henrique Brazão, mas também a estreia de “Monte Clérigo”, de Luís Campos, e “Cura#1”, de Joana Peralta.
A fechar a programação teremos a secção FEStinha, com um vasto programa dedicado aos mais novos e famílias; o ECOS, composto por ciclo temáticos de curtas-metragens; e a competição NEXXT, composta por obras produzidas em seio escolar.
No total, o festival integrará 244 filmes, percorrendo 59 países. O cinema nacional e europeu estarão em lugar de destaque, com 33 obras portuguesas e 164 europeias (não nacionais).
É uma das grandes novidades da edição 2023 do Fest: um ciclo de showcases que pretende ser um espaço de celebração da conexão entre a música e o cinema, reunindo músicos que trabalham nas duas disciplinas e projectos com intenções de colaborar com projectos cinematográficos. Serão mais de 25 projectos musicais que se apresentarão, ao vivo, no Music Walk With Me (MWWM), entre os dias 20 e 25 de Junho. Entre os nomes confirmados estão Legendary Tigerman, Sensible Soccers, Castello Branco, Summer of Hate e Acid Acid.
Os projectos a serem apresentados resultaram de um open call lançado à comunidade artística nacional e internacional, sendo a escolha baseada no potencial que cada um deles apresenta em termos de storytelling cinematográfico, assim como o seu interesse em colaborar com cineastas. Ao conectar artistas e profissionais de cinema de todo o mundo, o Music Walk With Me serve como um caldeirão de ideias e oportunidades para novos artistas.
O alinhamento completo pode ser consultado no site do evento. Os bilhetes custam entre 5 e 39 euros e podem ser adquiridos em bol.pt. As acreditações para o festival no seu todo também já podem ser compradas em fest.pt.
Informações detalhadas sobre a programação e o festival podem ser consultadas em www.fest.pt.
Sem Comentários