O melhor do cinema de animação chega a Lisboa de 15 a 26 de Março, e revela um elenco de filmes, exposições, masterclasses e encontros, com muitos convidados especiais. Nesta partilha da arte, através do universo mágico e ilimitado da animação, vão ser exibidos mais de 400 filmes de todos os cantos do globo (perto de 50 países representados), no Cinema São Jorge – o epicentro da MONSTRA -, na Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema, Cinemateca Júnior, UCI El Corte Inglés e Cinema City Alvalade. Ao todo, contam-se 8 estreias mundiais, 17 internacionais e 70 nacionais.
O centenário da animação portuguesa vai marcar os 12 dias do festival que continua a distinguir o passado, o presente e o futuro deste cinema, com a maior representação nacional de sempre em competição. Sob o tema deste ano, Animação e Cultura, a MONSTRA evidencia a inquietação assente na história da animação em Portugal, através de estéticas e olhares variados. Há 100 anos, o ilustrador Joaquim Guerreiro assinou o primeiro filme animado que se conhece, “O Pesadelo do António Maria”. Um século depois, “Ice Merchants” (em exibição e em 3 competições na 22.ª MONSTRA), do realizador João Gonzalez, é a primeira produção do país nomeada para um Óscar. A celebração deste valioso centenário, em parceria com a Cinemateca Portuguesa, vai também levar ao público filmes em estreia mundial e partilhar conversas através da MONSTRA Summit.
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A Competição de Longas-metragens apresenta, entre outras, duas obras portuguesas, “Nayola“, de José Miguel Ribeiro, e “Os Demónios do Meu Avô“, de Nuno Beato, e uma co-produção entre França, Itália e Suíça, o filme em stop motion “No Dogs or Italians Allowed“, de Alain Ughetto, que vai estar no festival antes de entrar no circuito das salas de cinema.
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Na Competição de Curtas-metragens, destacam-se dois nomeados para os Óscares: “Ice Merchants“, do português João Gonzalez, e “The Flying Sailor“, das canadenses Amanda Forbis e Wendy Tilby, dupla que esteve presente na MONSTRA em 2019. “Amok“, de Balázs Turai (Roménia, Hungria), “Bird in the Peninsula“, de Atsushi Wada (Japão), “Letter to a Pig“, de Tal Kantor (Israel, França), ou “Steakhouse“, de Špela Čadež (Eslovénia, Alemanha, França) somam-se a esta categoria. Há 13 curtas nacionais na corrida pelo Prémio SPA/Vasco Granja, entre elas, “O Casaco Rosa“, de Mónica Santos, “Garrano“, de David Doutel e Vasco Sá, e, novamente, “Ice Merchants”, de João Gonzalez.
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Pontuam ainda as competições Perspetivas (onde se encontra mais um nomeado para os Óscares de 2023, “My Year of Dicks“, de Sara Gunnarsdóttir), Curtas-metragens de Estudantes, Curtíssimas e MONSTRINHA – o braço do festival dedicado às crianças e famílias, onde concorrem “Fairy Horses“, de Oksana Nesenenko (Ucrânia), “I’m not afraid!“, de Marita Mayer (Alemanha, Noruega), e 3 películas de Julia Ocker (Alemanha): “T-Rex“, “Cat” e “Squirrel“.
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Os 480 anos da amizade entre Portugal e o Japão são o mote para a homenagem da MONSTRA à “riqueza, emoção, fantasia e poesia da animação japonesa”, como sublinha o director artístico do festival, Fernando Galrito. Esta viagem cinematográfica começa nos mestres do início do século XX, com filmes históricos, e termina nos de hoje, com um naipe do melhor da animação contemporânea nipónica. Realizadores como Atsushi Wada, Osamu Tezuka, Eiichi Yamamoto e Noburô Ôfuji são alguns dos protagonistas deste itinerário que também homenageia a obra da dupla Renzo e Sayoko Kinoshita, e convida Koji Yamamura, uma das presenças confirmadas este ano, através de uma exposição com 50 desenhos originais de 4 dos seus filmes, de uma retrospectiva dedicada aos mestres japoneses, com a sua curadoria, e de uma masterclass, tudo no Museu do Oriente, onde a MONSTRA regressa 15 anos depois. O legado do Studio Ghibli não podia ficar de fora desta edição, com 7 clássicos, entre os quais “Ponyo“, “Porco Rosso“, “The Tale of the Princess Kaguya” e “The Red Turtle” – a primeira co-produção do estúdio de animação com a Europa, em 2016, pelo holandês oscarizado Michaël Dudok de Wit, que visita Lisboa pela primeira vez e leva a cabo uma masterclass acerca do processo criativo deste filme. “Akira“, “Demon Slayer” e “Paprika” são mais anime alinhados, assim como uma amostra da nova geração da animação japonesa, pelas universidades de Tama e Tóquio, e uma conversa sobre a magia deste cinema nipónico, com o historiador japonês Ilan Nguyên e a portuguesa especialista em Hayao Miyazaki, Cátia Peres. Para início do festival está reservada a estreia mundial de um filme criado expressamente para a 22.ª MONSTRA, por jovens japoneses, com música ao vivo, e ainda a exibição exclusiva de “Inu-Oh“, a mais recente obra de Masaaki Yuasa, considerada uma pérola entre os fãs de anime.
Fora da competição, destaque especial para o programa que revela criações vindas de países que partilham a língua portuguesa (Angola, Brasil, Cabo Verde, Moçambique e Portugal), AnimaCPLP.
A sessão Animação Experimental, este ano, com a curadoria de Noël Palazzo, co-directora do festival Punto y Raya (Barcelona), apresenta uma selecção de filmes abstratos e animações produzidas no Japão, entre 2007 e 2021, onde são exploradas diversas técnicas, do desenho à mão ao stop motion.
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Entre os históricos homenageados na MONSTRA, regressamos à fundação da Walt Disney Company, há 100 anos, altura em que estreou a primeira curta-metragem do mestre norte-americano, “Alice’s Wonderland“, recordada agora numa sessão MONSTRINHA, na Cinemateca Júnior. A sessão segue com títulos da mesma década: “Steamboat Willie” (a primeira curta da Disney sincronizada com som, onde se estreia o rato mais pop de todos os tempos, Mickey Mouse) ou “The Skeleton Dance“. “Peter Pan“, também da Disney, e “Old Czech Legends“, de Jirí Trnka, comemoram 70 anos em 2023 e são revisitados no festival.
A acrescentar às Retrospetivas e Homenagens, vão desfilar trabalhos do croata Borivoj Dovniković e do israelita Gil Alkabetz, ambos desaparecidos em 2022, e ainda uma mostra imperdível de filmes ucranianos. No dia de abertura da 22.ª MONSTRA, a 15 de Março, a festa é na Sociedade Nacional de Belas Artes, com um tributo ao artista e realizador alemão Raimund Krumme, ilustre convidado nesta edição, com a inauguração de uma exposição site-specific (até 1 de Abril), em que, durante três semanas, vai intervir nas paredes do Salão daquele espaço cultural.
No compromisso da MONSTRA com o programa expositivo, acontecem mais dois momentos, mas que celebram um século desde a exibição de “O Pesadelo do António Maria“, de Joaquim Guerreiro. Na Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema, “Centenário do Cinema de Animação Português: 100 anos, 100 filmes” (15 de Março a 9 de Junho) percorre a história deste cinema até 1985, altura em que estreou “Oh que Calma“, de Abi Feijó, e, no Museu da Marioneta, “Marionetas que Guardam o Tempo” (24 de Fevereiro a 23 de Abril) mergulha no passado e no presente, através dos acessórios, cenários originais e marionetas que integram filmes icónicos e outros em estreia absoluta na MONSTRA, de animação de marionetas, made in Portugal.
Também fora do ecrã, a Koji Yamamura e Michaël Dudok de Wit, juntam-se dezenas de outros convidados, em Lisboa, para conduzirem masterclasses e workshops únicos, como Joan C. Gratz, Joanna Quinn, Les Mills, Martin Smatana, Florence Miailhe, Maya Yonesho, José Miguel Ribeiro, Bruno Caetano, Nuno Beato ou Tal Kantor.
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Nesta desafiante e diversa programação, a MONSTRINHA vai assinalar mais uma edição de luxo com os encantos mil do cinema de animação para milhares de crianças e famílias. MONSTRINHA Baby e MONSTRINHA Pais e Filhos são alguns dos programas que preenchem os fins de semana, com curtas e longas metragens, e sessões no Cinema São Jorge, Museu Nacional de Etnologia, Centro Cultural de Carnide e Centro de Artes de Sines. A MONSTRINHA Vai à Escola (13 de Fevereiro a 10 de Março) e a MONSTRINHA Escolas (15 a 26 de Março), até agora, com 7000 e 5000 inscritos, respectivamente, trazem propostas nas e para as escolas de todo o país.
Sobre a 22.ª edição do Festival de Animação de Lisboa, Fernando Galrito explica que esta é “uma MONSTRA que comemora centenários, mas que mantém o olhar e uma programação vanguardista, qual manifesto de imagens em movimento, de pensamentos e de arte”. Uma constante inquietação.
As acreditações que dão acesso ao maravilhoso universo do cinema de animação proporcionado pela MONSTRA já podem ser adquiridas. A Acreditação Cine (1 bilhete por sessão para todos os dias do festival, até 3 sessões por dia) custa 50€ e a Acreditação Cinemaster (às sessões de cinema juntam-se masterclasses) 65€ (menos 15€ e 20€ para estudantes, respectivamente).
Programação completa e todas as informações disponíveis em www.monstrafestival.com.
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