A KINO – Mostra de Cinema de Expressão Alemã está de regresso ao Cinema São Jorge e ao Goethe-Institut, em Lisboa, para a sua 17ª edição, que irá decorrer entre 29 de Janeiro e 5 de Fevereiro. Entre as várias novidades, destaca-se a estreia de encontros informais entre jovens cineastas alemães e portugueses.
Exibindo ficção e documentário, esta edição apresenta algumas das produções da Alemanha, Áustria, Suíça e Luxemburgo que mais se destacaram nos grandes festivais internacionais, bem como obras de jovens e promissores realizadores oriundos destes países.
A programação é assegurada por Corinna Lawrenz, responsável pela programação de cinema do Goethe-Institut de Lisboa, e pelo curador e crítico Carlos Nogueira. Além de procurar acompanhar o desenvolvimento e as tendências cinematográficas, pretende lançar um olhar crítico às questões sociais e políticas actuais.
Desde o seu arranque, em 2004, que a KINO – Mostra de Cinema de Expressão Alemã, tem procurado apresentar filmes exibidos nos mais importantes festivais de cinema e, simultaneamente, expressar a heterogeneidade social, temática e estética do cinema de expressão alemã.
A procura de um cinema transfronteiriço reflecte-se numa estrutura da programação com três secções – Visões, Perspetivas e Foco -, que abrangem desde os nomes sonantes e as novidades mais badaladas às formas experimentais da sétima arte e obras de estreia de jovens cineastas.
Com o objectivo de reforçar a KINO – Mostra de Cinema de Expressão Alemã como uma plataforma para o cinema jovem, a edição de 2020 introduz um modelo de encontros informais entre jovens cineastas alemães e portugueses.
Ainda como forma de celebrar este cinema emergente, a mostra criou, em 2019, e em parceria com a Oficina Nacional Alemã de Turismo, um Prémio do Público, que coloca à votação as primeiras longas-metragens exibidas e que tem em 2020 a sua segunda edição.
Esta 17.ª edição da KINO – Mostra de Cinema de Expressão Alemã apresenta também um programa especial dirigido ao público infantil, e promove um encontro de programadores com o objectivo de iniciar um programa itinerante em parceria com promotores locais, chegando assim a um público mais amplo um pouco por todo o país.
“Lara” é o filme de abertura. Segunda longa-metragem de Jan Ole Gerster – que se estreou na realização em 2013 com “Oh Boy”, com grande sucesso de público e crítica -, Lara (brilhantemente retratada por Corinna Harfouch) é uma mulher solitária e amargurada, temida e pouco amada, inclusive por ela própria. Partilha o talento artístico e uma pouco sã rivalidade com o filho que, precisamente no dia em que Lara celebra 60 anos, dá um concerto-chave para a sua carreira de pianista e compositor.
Na sessão de encerramento teremos “Das Vorspiel“, de Ina Weisse, que faz eco de alguns dos temas do filme de abertura, Lara — a artista promissora que, por alguma razão, acabou por não ter a carreira musical que o talento fazia prever e cuja frustração coloca em risco as relações familiares -, mas dando-lhes um tratamento distinto. Ina Weisse coloca a tónica de “Das Vorspiel” no estudo meticuloso de uma personagem cujas inseguranças e perfeccionismo obsessivo se manifestam tanto nos mais pequenos detalhes da sua vida quotidiana, como nos gestos obsessivos que caracterizam os seus métodos docentes (Anna — uma soberba Nina Hoss — é professora de violino numa escola secundária especializada no ensino de música), bloqueando-a profissional e emocionalmente.
A secção Foco da 17.ª edição da KINO – Mostra de Cinema de Expressão Alemã dá a conhecer a obra completa de um dos mais destacados nomes da chamada Escola de Berlim, Ulrich Köhler, incluindo o seu filme mais recente, “Das freiwillige Jahr”, estreado no Festival de Locarno e que abre a secção. Tal como o filme de abertura, “Lara”, também a mais recente obra de Köhler aborda a questão das ambições de um pai para com a sua filha e as consequências que isto tem para a relação entre ambos.
Köhler pertence a uma geração que deu nova vida ao cinema alemão, após quase uma década de estagnação nos anos noventa; o grupo, reunindo cineastas de estilos, formações e proveniências diversas, como Maren Ade, Christian Petzold, Angela Schanelec ou Valeska Grisebach, ficou conhecido pela crítica alemã como Escola de Berlim.
As personagens de Köhler são frequentemente desprovidas de propósito, buscam um lugar no mundo e, ao mesmo tempo, procuram romper com o quotidiano ordenado de uma sociedade capitalista que, meio século após o fim da Segunda Guerra Mundial, parece satisfeita com o seu conforto.
Desde a sua primeira longa-metragem (“Bungalow”, 2002) que o cinema de Köhler foi caracterizado como “incursão da realidade no cinema alemão”; o seu segundo filme, “Montag kommen die Fenster” (2006), tal como Bungalow volta a ser apresentado numa das secções paralelas da Berlinale. Com “Schlafkrankheit” (2011), Köhler faz a sua entrada na competição de Berlim, vencendo o Urso de Prata para a melhor Realização. “In my Room”, estreado na secção Un certain regard no Festival de Cannes 2018, é o primeiro filme com estreia em sala em Portugal.
A KINO – Mostra de Cinema de Expressão Alemã é organizada em parceria com as embaixadas da Áustria, Suíça e Luxemburgo.
Datas:
Lisboa (Cinema São Jorge e Goethe-Institut) – de 29 de Janeiro a 5 de Fevereiro
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