No próximo dia 10 de Outubro, a cidade de Seia será palco da 30.ª edição do CineEco, um dos festivais de cinema ambiental mais antigos do mundo e o único em Portugal. Durante nove dias, a serra da Estrela será o cenário de uma imersão nas problemáticas ambientais globais, com destaque para as alterações climáticas.
O festival arranca com o Cine-Concerto “A Pedra Sonha Dar Flor“, um filme realizado por Rodrigo Areias, acompanhado por uma performance de música ao vivo por Dada Garbeck. Ao longo dos dias seguintes, serão exibidas mais de 60 obras cinematográficas oriundas de 27 países, complementadas por actividades dedicadas à sensibilização ambiental, incluindo workshops, sessões de networking, debates com realizadores e várias manifestações artísticas.
Este ano, mais de 16 realizadores e outras pessoas ligadas aos filmes em exibição, marcarão presença em Seia durante a semana do Festival, entre eles: Petr Lom, realizador de “I Am the River and The River is Me“, e Nemanja Voljinovic, de “Bottlemen“, filmes da Competição Internacional de Longas-Metragens; Rita Nunes e Miguel Nunes, realizadora e actor do filme “O Melhor dos Mundos“, Margarida Gramaxo, realizadora de “Lindo“, e Carlos Martínez-Peñalver, de “À Procura da Estrela“, filmes incluídos na Competição de Longas-Metragens em Língua Portuguesa; e Marina Garcia Andreu, realizadora de “Lobos” e “The Soul of Jasmine”, ambos na Competição Internacional de Curtas e Médias-Metragens.
Entre os convidados, sobressai a presença de Luís Filipe Rocha, um dos nomes proeminentes do Cinema Novo português e autor de “Cerromaior“, que será exibido este ano no contexto da Sessão de Clássicos ‘Ecos da montanha e da planície’. Ainda no âmbito desta Sessão estará presente no Festival Sérgio Dias Branco, Professor Associado de Estudos Fílmicos na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, para um debate após a exibição do clássico “Trás-os-Montes” de António Reis e Margarida Martins Cordeiro.
O filme “Silvestres“, de Carolina Castro Almeida e Miguel Cortes Costa, uma sessão fora de competição, será exibido no dia 14 de Outubro, às 14h30, e servirá de mote para uma conversa com os realizadores sobre a importância da biodiversidade urbana. “Silvestres” leva-nos numa viagem pela criação de um prado de flores silvestres no coração de Oeiras, com o objectivo de combater o declínio dos polinizadores. O filme retrata também outros esforços fascinantes, como a captura de uma coruja-das-torres que habita as estruturas históricas da Quinta do Marquês, simbolizando a resiliência da vida selvagem em ambientes urbanos. Um retrato de uma cidade moldada pelo legado agrícola do Marquês de Pombal e pelo poder da acção coletiva, convidando o público a reflectir sobre a harmonização entre o desenvolvimento urbano e o mundo natural nas suas próprias comunidades.
No encerramento, a 18 de Outubro, o aclamado realizador norte-americano Oliver Stone contribui com mais uma das suas provocações, “Energia Nuclear Já“, que será exibido pela primeira vez em Portugal na Casa Municipal da Cultura. Neste documentário, que estreou no Festival de Veneza, o realizador propõe um novo olhar sobre a tecnologia atómica, para além dos fantasmas de aniquilação da Guerra Fria, e defende a energia nuclear como uma alternativa limpa e viável à crise energética global, abordando a temática a partir de uma perspectiva contemporânea e provocadora. Inspirado no livro “Bright Future: How Some Countries Have Solved Climate Change and the Rest Can Follow”, de Joshua S. Goldstein, o documentário promete gerar debate e reflexão.
Nesta 30.ª edição, realiza-se também a primeira edição dos “Encontros no Mercado“, um mercado de filmes que serve como espaço de networking entre estudantes de cursos universitários na área do audiovisual e produtores ou agentes do mercado cinematográfico português.
Entre as actividades paralelas, destaque para a apresentação de dois livros. No dia 15 de Outubro, às 17h00, na Biblioteca Municipal de Seia, Filipa Rosário e José Duarte apresentam a obra “Um Olhar Português: Cinema e Natureza no Século XXI“, sobre a relação entre cinema e natureza. Já no dia 17 de Outubro, às 15h00, no mesmo local, será apresentado o livro “Memórias“, de Amândio Silva, cuja ligação forte a Seia e ao CineEco sempre foi marcada pela presença assídua no Festival ao longo de vários anos.
E porque este é um ano de homenagem às pessoas do território onde nasceu este evento pioneiro, a 30.ª edição do CineEco representa esta relação singular das gentes de Seia e a sua ligação com a natureza na comunicação do festival, estendida à instalação “30 edições. 30 rostos“, que estará na praça do Município, no decorrer do festival.
O CineEco – Festival Internacional de Cinema Ambiental da Serra da Estrela é organizado pelo Município de Seia e conta com o Alto Patrocínio do Presidente da República e do Departamento de Ambiente das Nações Unidas. Conta ainda com a Lipor como patrocinador principal e com o apoio financeiro da DGArtes. A curadoria do CineEco é de Cláudia Marques Santos, Daniel Oliveira e Tiago Fernandes Alves.
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