É um planeta arrepiante, tempestuoso, onde chove sem parar e os relâmpagos rasgam os céus. É o mundo de “Alien: Covenant”. Já lá vamos.
Covenant é o nome da gigantesca nave que transporta 2.000 colonos em cápsulas criogénicas. O seu destino é o paraíso distante de Origae-6, planeta que irá albergar um posto avançado da raça humana. O único acordado é o andróide Walter (Michael Fassbender), uma versão melhorada de David – que conhecemos em “Prometheus”, filme de 2012.
De súbito, a nave é atingida por uma explosão de energia e a tripulação desperta em sobressalto. No meio da confusão, o Comandante interpretado (brevemente) por James Franco morre, cabendo a Oram (Billy Crudup), o débil imediato, assumir a liderança da missão. Pouco tempo depois, recebem uma transmissão duvidosa, oriunda de um planeta próximo com condições ideais para a vida humana. Esperançoso, o devoto Oram decide investigar.
Contra esta decisão está a mulher do falecido Comandante, Daniels (Katherine Waterston) – que faz as vezes de Sigourney Weaver – mas a sua opinião não vinga. Quando a tripulação aterra no planeta, encontra um ambiente que parece semelhante ao da Terra. Mas em breve começa a chacina.
O filme de Ridley Scott é uma sequela directa do anterior “Prometheus”, tendo lugar 10 anos depois dos acontecimentos aí relatados. “Prometheus” foi acusado de não ser fiel ao verdadeiro cânone Alien – em vez de se basear no espírito de terror série B da obra-prima de 1979, “Alien”, Scott apontou noutra direcção, mais centrado nas grandes questões da humanidade: quem somos, de onde vimos, quem nos criou?
Em “Alien: Covenant”, o realizador decidiu voltar às origens. Desde o título até ao marketing do lançamento, o filme foi vendido como um descendente directo do primeiro Alien, com um objectivo declarado: aterrorizar as plateias. De facto, “Covenant” tem muito em comum com o Alien original: os mesmos ambientes de casa assombrada; espaços cavernosos onde a água pinga e algo se esconde no canto mais escuro; a mesma estrutura no argumento – uma nave é atraída para um planeta inexplorado por um sinal misterioso, de origem desconhecida e, chegados ao planeta, um destino igualmente terrível recai sobre os tripulantes. E claro, os mesmos ovos resinosos. Não seria um verdadeiro “Alien” sem eles – e não podia faltar um idiota a olhar lá para dentro.
“Covenant” é um clássico “Alien”, mas com mais de tudo: mais sangue e tripas, mais Aliens a sair de mais sítios: das costas, da boca, das costelas, com sustos e gritos em abundância. Desde o início que se percebe que Scott e os seus colaboradores querem identificar o filme com a matriz original: há até porções da banda sonora original de “Alien” que se ouvem subtilmente em várias cenas.
É um filme aterrador, ao nível do melhor que Scott já fez, com momentos angustiantes de suspense. As grandes questões metafísicas ainda lá estão, servindo como pano de fundo da acção, de uma forma mais equilibrada do que em “Prometheus”. O coração do filme, no entanto, é a performance de Fassbender. O actor é excelente no seu papel duplo, criando personalidades opostas para os dois andróides Walter e David. Um regresso de Ridley Scott à boa forma num filme que, não sendo genial, é vibrante e energético, pleno de sustos. Mas é no sintético e gélido Fassbender que se vislumbra o futuro desta saga.
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