A MONSTRA está de regresso a Lisboa entre os dias 7 e 17 de Março. No programa da 23.ª edição do festival, o destaque irá para os grandes mestres da Irlanda, o país convidado.
Este ano, sob o tema “Liberdade de Expressão” e no âmbito das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, o festival apresenta cerca de 400 filmes, dos quais se distinguem 27 estreias mundiais, 24 internacionais e 143 nacionais. Há também exposições, masterclasses, oficinas, partilhas e encontros, em 11 dias de programação no Cinema São Jorge, na Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema, no Cinema City Alvalade e no Cinema Fernando Lopes.
Um dos maiores focos da 23.ª MONSTRA é o cinema de animação da Irlanda, “um país criativo, combativo e inovador“, como sublinhou o director artístico Fernando Galrito no lançamento desta edição. A pontuar a homenagem a um dos lugares fundamentais na Europa, no contexto da animação – responsável por um boom na produção de cinema animado, com inúmeros estúdios a criar para todo o mundo -, está o mais prestigiado e emblemático de todos, o Cartoon Saloon, cujo co-fundador, Tomm Moore (autor das ilustrações dos cartazes da MONSTRA e da MONSTRINHA), tem garantidas a presença no festival e uma retrospectiva alargada.
Além das curtas, serão exibidas as quatro primeiras longas-metragens do estúdio, que receberam nomeação ao Óscar para Melhor Animação: “Brendan e o Mundo Secreto de Kells“, um filme de temática fortemente irlandesa, ligada às lendas e aos contos tradicionais, dos fundadores do Cartoon Saloon, Tomm Moore e Nora Twomey; “A Canção do Mar” e “Wolfwalkers“, de Moore”; e “A Ganha-Pão“, de Twomey.
Da valiosa representação deste país somam-se uma homenagem ao realizador Aidan Hickey, com um conjunto de curtas que inclui a inesquecível “An Inside Job“, sobre as piores experiências na cadeira de um dentista; uma retrospectiva dedicada a Don Bluth, antigo desenhador da Disney – que, a solo, tornou-se autor do muito popular “Em Busca do Vale Encantado” e de “Todos os Cães Merecem o Céu“, ambos com exibição no festival; e dois momentos devotos ao californiano Jimmy T. Murakami, que criou o seu estúdio em Dublin no início dos anos 70: uma sessão de seis curtas (“The Snowman” é um dos telefilmes mais lendários de sempre) e a projecção do clássico “Quando o Vento Sopra“, considerada uma das longas de animação de maior impacto emocional de sempre, baseada na novela gráfica homónima de Raymond Briggs. Ainda no programa, sobressaem alguns dos estúdios irlandeses contemporâneos com maior relevância internacional, como o Brown Bag Films e o Boulder Media.
Nas competições, nomeadamente na de longas-metragens, participam sete obras, incluindo cinco estreias nacionais: a co-produção com a portuguesa Animanostra, “Mataram o Pianista“, dos espanhóis Fernando Trueba e Javier Mariscal, que vão estar em Lisboa; “Escola de Arte 1994” (China), de Jian Liu; “A Concierge” (Japão), de Yoshimi Itazu; “O Sonho da Sultana” (Alemanha, Espanha), de Isabel Herguera; e “Tony, Shelly e a Luz Mágica” (Hungria, Eslováquia, Chéquia), de Filip Pošivač. Ainda nesta categoria, encontra-se a comédia “Galinha para Linda!” (França, Itália), de Chiara Malta e Sébastien Laudenbach, que estreou no ano passado no Festival de Cannes e venceu o Cristal de Annecy.
A competir para melhor curta-metragem, destacam-se o nomeado para os Óscares “O Nosso Uniforme“, da iraniana Yegane Moghaddam, e o candidato ao Prémio do Júri de Annecy “À deriva“, do belga Levi Stoops. De Portugal, contam-se 12 curtas na corrida pelo Prémio Vasco Granja, como as dos consagrados Nuno Amorim (“Olha“), Marta Monteiro (o premiado “Sopa Fria“) e André Ruivo (“Páscoa“), e as estreias mundiais de “A Menina com os Olhos Ocupados“, de André Carrilho, “A Rapariga que caminhava sobre a neve“, de Bruno Carnide, e “Estado de Alma“, de Sara Naves.
As ante-estreias de “Robot Dreams – Amigos Improváveis” (Espanha, França), de Pablo Berger (nomeado ao Óscar de Melhor Filme de Animação) e “Gigantes de la Mancha” (Argentina, Bélgica, Alemanha), de Gonzalo Gutierrez ‘G.G.’, assinalam a Competição Perspectivas, e “O Ganso” (França), de Jan Mika, “Nadar com Asas” (Países Baixos), de Daphna Awadish Golan, e “O Conto da Raposa” (Portugal), de Alexandra Allen, a da MONSTRINHA – o braço do festival dedicado às crianças e famílias.
A MONSTRA apresenta ainda propostas do universo do cinema animado em secções fora de competição, como a nova sessão temática ArchAnim – Animação e Arquitectura, que mostra a estreia mundial de “Eduardo, Walter e Leonidov“, de Miguel Pires de Matos, e a sessão experimental, conhecida agora por Dia da Abstracção, com a curadoria das directoras artísticas do festival Punto y Raya, Noël Palazzo e Ana Santos, que trazem filmes abstractos de mulheres realizadores e duas masterclasses.
No festival, mantêm-se as categorias dedicadas ao documentário (DokAnim), terror (TerrorAnim), videoclip (ClipAnim) e erótico (TripleX). Assim como os Históricos, que tomam de assalto a Cinemateca Portuguesa com quatro revisitações e comemorações imperdíveis: o meio século de “As Mil e Uma Noites” (Japão), de Eiichi Yamamoto, e de “Dunderklumpen!” (Suécia), de Per Åhlin, os 25 anos de “A Monkey’s Tale” (França, Reino Unido, Alemanha, Hungria), de Jean-François Laguionie, e, por fim, o 15.º aniversário de “Ubu and the Great Gidouille” (França), de Jan Lenica.
Os 50 anos do 25 de Abril também serão alvo de uma grande homenagem através da estreia absoluta de “A Revolução“, um filme realizado colectivamente por alunos de escolas de todo o mundo, que revela como olham hoje para uma revolução democrática. A celebração do 25 de Abril alarga-se ao MONSTRA Summit, com um debate que reúne os ilustradores Cristina Sampaio, André Carrilho, Nuno Saraiva e José Bandeira, e o autor Pedro Mexia, no contexto do tema que atravessa o festival, “Liberdade de Expressão”.
Fora do ecrã, outros ilustres convidados marcam presença em Lisboa para conduzir masterclasses: o realizador de animação suíço Georges Schwizgebel, que tem ainda um filme em competição (“De uma pintura… para a outra“) e uma retrospectiva das suas curtas-metragens; o compositor e músico britânico Andy Cowton, que trabalhou em filmes de Paul Bush (“Ride“); e dois dos cineastas nacionais mais premiados da nova geração, Vasco Sá e David Doutel. Assegurada está também a visita do brasileiro Alê Abreu que, a par de ser um dos elementos do júri internacional, apresenta a sua obra nomeada aos Óscares, “O Menino e o Mundo“, novamente no festival, onde há 10 anos venceu o Grande Prémio.
Como é habitual, a MONSTRA invade o Museu da Marioneta com a 17.ª parceria entre as duas entidades. De 15 de Fevereiro a 7 de Abril, “Três Famílias” dá a conhecer os bastidores de um trio de longas-metragens de animação sobre famílias muito distintas e de diferentes países europeus: “Interdito a Cães e Italianos“, de Alain Ughetto, “O Retrato de Família” (em competição na MONSTRA), de Lea Vidaković, e “A cada dia que passa…“, de Emanuel Nevado. Por sua vez, durante os dias do festival, uma colecção de cartazes de animações portuguesas e uma exposição que simula espaços interiores onde ocorriam reuniões clandestinas pré-25 de Abril de 1974, por alunos da Escola Artística António Arroio, preenchem o Cinema São Jorge.
Regressa também a MONSTRINHA, com sessões de cinema dedicadas ao público infantil e às famílias. Em primeiríssima mão, estreiam aqui dois episódios da série animada “O Diário de Alice“, de Diogo Viegas (uma parceria entre a MONSTRA, a Sardinha em Lata e a RTP). Além do Cinema São Jorge, os programas MONSTRINHA Baby e MONSTRINHA Pais e Filhos ocupam os dois fins-de-semana do festival no Museu Nacional de Etnologia (Lisboa), Centro de Artes de Sines, Casa da Música de Óbidos, Auditório Fernando Lopes-Graça (Almada) e m|i|mo – museu da imagem em movimento (Leiria). Nas e para as escolas de todo o país, a MONSTRINHA Vai à Escola (5 a 23 de Fevereiro) e a MONSTRINHA Escolas (7 a 17 de Março) contam já com 6168 e 6728 alunos inscritos, respectivamente.
Programação completa e mais informações disponíveis em www.monstrafestival.com.
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