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“10 Cloverfield Lane” | Dan Trachtenberg

Por Nuno Camões · Em 15/04/2016

Um filme imprevisível é uma raridade no cinema actual, especialmente quando se fala de terror ou ficção científica. “10 Cloverfield Lane” foge à regra: está carregado de reviravoltas inesperadas. A mais recente produção da Bad Robot, de J.J. Abrams, sucede ao filme de monstros “Nome de Código: Cloverfield”, de 2008, mas não é uma sequela directa ­ – a ligação faz-se mais pelo tom e ambiente da narrativa. “10 Cloverfield Lane” não é um blockbuster pejado de monstros feitos em CGI. Está, antes, num patamar mais alto: é um filme simples, directo e fascinante.

A protagonista, Michelle (Mary Elizbeth Winstead), faz­-se à estrada fugindo de uma relação que correu mal. Após um espalhafatoso acidente, acorda acorrentada à parede, numa pequena sala de betão, por detrás de uma enorme porta blindada. Descobre depois que está no b​unker​ de Howard (John Goodman), um sinistro agricultor, “cinturão negro em teorias da conspiração”, como se diz a dada altura. Howard diz-­lhe que houve um apocalíptico ataque químico à superfície, que matou toda a gente e deixou o ar irrespirável. Mas ele preparou-­se para isso, e tem água e comida suficientes para resistir durante anos. Há mais uma pessoa no b​unker ​com eles, Emmett (John Galagher Jr.), antigo empregado de Howard.

10 Cloverfield Lane, Deus Me Livro, Dan TrachtenbergPartindo desta premissa simples, o realizador Dan Trachtenberg constrói uma fantástica máquina de entretenimento, tensa e inteligente, que nos deixa colados ao ecrã até ao final. É um trabalho notável para um primeiro filme. Trachtenberg tem sentido de ritmo e consegue contar a história de uma forma inesperadamente fresca e dinâmica, jogando habilmente com as nossas expectativas.

Mary Elizabeth Winstead faz de Michelle uma presença formidável, parente da Ripley de Alien. Depois de acordar no b​unker,​ não há uma única cena em que ela não esteja totalmente focada na sua sobrevivência. Age quando é preciso agir, pensa rápido e nunca hesita – é ela o motor da narrativa. O gigante John Goodman é um obstáculo poderoso, e tem aqui espaço de manobra para mostrar a sua excelência como actor. Parece um tipo porreiro, amigável e quase nobre, mas há algo de estranho no seu olhar. Goodman constrói uma presença ambígua, com base em expressões, olhares e gestos subtis. Emmet também brilha na sua duplicidade, e Galagher interpreta-­o de uma forma contida que resulta.

É um prazer ver o trabalho do elenco, confinado a um espaço exíguo, tendo de lidar uns com os outros enquanto a tensão e o suspense aumentam a cada reviravolta. O filme é um exemplo excepcional de como se podem transformar limitações em forças – o espaço fechado do bunker de Howard contribui para a sensação de claustrofobia e inquietação reinante.

J.J. Abrams já deu a entender que a marca “Cloverfield” poderá dar origem a um f​ranchise tipo “Twilight Zone”, com histórias não relacionadas entre si, mas partilhando um mesmo universo temático. Se todos os filmes forem do calibre deste “10 Cloverfield Lane”, a expectativa só pode ser grande.

10 Cloverfield LaneDan Trachtenberg

Nuno Camões

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