Estava a correr muito bem o concerto dos Eagles of Death Metal (EoDM) no mítico Bataclan, em Paris. A banda de Jesse Hughes dava espectáculo perante uma sala cheia, com mais de 1500 pessoas. Os Eagles promoviam o seu último álbum “Zipper Down”, com uma extensa digressão europeia que passaria por Lisboa a 10 de Dezembro, no Armazém F.
Essa noite de 13 de Novembro de 2015 iria transformar-se num pesadelo, com o atentado do auto-proclamado Estado Islâmico, que faria 89 mortos só no Bataclan, e ao qual a banda escapou por pouco. O vocalista Jesse Hughes foi perseguido enquanto tentava encontrar a namorada, o baixista Matt McJukins teve de se esconder numa sala parcialmente inundada e o engenheiro de som Shawn London fingiu ter sido atingido para escapar a um terrorista. Nick Alexander, o agente comercial da banda, perdeu a vida no ataque. O segundo mentor da banda, Josh Homme, apesar de não estar presente, sentiu à distância o horror e a aflição daquelas horas.
Bastante abalados, os EoDM tentaram lidar o melhor possível com a enorme exposição que receberam – não foi uma questão de oportunismo, mas sim de sobrevivência. Uma banda politicamente incorrecta, especialista na desbunda rock, tornou-se de repente porta-estandarte da reacção do mundo ocidental à intolerância fundamentalista.
Após a tragédia, a comunidade rock n’roll uniu-se em seu redor. Primeiro, os Eagles juntaram-se aos Duran Duran, de quem tinham feito a versão de “Save a Prayer”, numa campanha para levar a música aos tops mundiais, revertendo os lucros para as vítimas da tragédia. Em Portugal a faixa chegou a número 1 do top do itunes, destronando Adele.
A banda lançou depois, em Dezembro, a campanha Play It Forward, com um website onde disponibilizou 13 versões de “I Love You All The Time”, tocadas por bandas tão diversas como os Imagine Dragons, as Savages, Florence and The Machine ou My Morning Jacket. Os royalties foram doados aos familiares e vítimas daquela noite terrível.
Os Eagles fizeram depois uma visita emocionada ao local do ataque, menos de um mês após os atentados, para deixar a sua homenagem às vítimas. A viagem a Paris marcou também o regresso da banda aos palcos, a convite dos amigos U2: no final do seu concerto no AccorHotels Arena, os irlandeses interpretaram com eles uma versão de “People have the Power”, de Patti Smith, num momento catártico, e cederam-lhes o palco para uma interpretação da música “I Love You All The Time”.
A experiência ajudou-os a ultrapassar o trauma e deu-lhes força para avançarem com a nova digressão. A 13 de Fevereiro começa a The Nos Amis Tour, com um concerto em Estocolmo, na Suécia. Três dias depois voltam a Paris para tocar no Olympia, num espectáculo que se adivinha altamente emocional. Os bilhetes esgotaram em meia hora. A banda já afirmou que quer ser a primeira a tocar no Bataclan quando este reabrir, no próximo ano. “Não está na minha natureza deixar os vilões ganhar”, disse Hughes à Rolling Stone.
A digressão passará por todas as cidades onde os concertos foram cancelados devido aos trágicos acontecimentos. É nesse contexto que os Eagles Of Death Metal vão tocar em Lisboa, com um concerto imperdível no Coliseu dos Recreios, no próximo dia 5 de Março. Segundo a promotora Everything is New, o bilhete do concerto de 10 de Dezembro no Armazém F é válido para este espectáculo. Os bilhetes estão à venda nos locais habituais.
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