Não é certo que Holly Black e Cassandra Clare se tenham deixado afectar pelas críticas de que a saga Magisterium tinha arrancado mais do que uma costela a Harry Potter, mas a verdade é que, chegados ao segundo título da série, a acção maior passa-se fora das paredes da escola, no momento em que Callum Hunt e amigos gozam umas merecidas férias de Verão – esperem lá, mas isso não acontecia também com Harry Potter?
Nesta segunda aventura, Callum Hunt regressa a casa depois de uma terrível descoberta: ele é na verdade Constantine Madden, o Inimigo da Morte, cuja alma repousa no corpo de Callum até ao momento em que o mal seja revelado na sua plenitude. Callum – ou Constantine -, porém, recusa-se a aceitar tal destino, evitando partilhar este imenso fardo com qualquer um dos seus poucos amigos. Afinal, Aaron, o seu melhor amigo, é um Makar, um dos poucos mágicos vivos capazes de fazer com o elemento do caos, e que tem um objectivo de vida bem definido: matar o Inimigo da Morte.
Callum tem como companheiro Ruína, um lobo Refém do Caos que salvou no primeiro livro da série. E, se a vida não estava fácil para ele, as coisas complicam-se quando regressa a casa, num reencontro com o pai. Estranhamente as coisas até parecem poder compor-se, mas no dia em que decide descer à cave descobre que o pai poderá estar a tentar destruí-lo, bem como a Ruína, fazendo com que não reste a Callum outra solução que não a de regressar ao Magisterium em busca de protecção.
Tudo piora quando o Alcaeste, uma manopla de cobre capaz de espoliar certos magos da sua magia, é roubado, recaindo todas as suspeitas no pai de Callum. Decidido a impedir a morte do pai, Callum parte para recuperar o Alcaeste numa demanda solitária, recebendo ajuda de onde julgava não ser possível. Os perigos serão porém muitos, e uma verdade inquietante aguarda aqueles que conseguirem chegar ao fim.
Ainda que esteja alguns furos abaixo do livro de estreia, “A Manopla de Cobre” (Planeta, 2015) mantém uma aventura que assenta sobre a concepção do bem e do mal, vista através de um adolescente de treze anos imerso num dilacerante conflito interior. “A Prova do Ferro”, o terceiro volume da série, ajudará a perceber se estamos perante um Harry Potter menor ou se, graças a Holly Black e Cassandra Clare, Magisterium se transformará numa saga em nome próprio que mereça ser recordada (e lida, claro).
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