#10
Sleaford Mods: “Key Markets”
Imaginemos um cruzamento entre Jello Biafra, Paul Gascoigne, spoken word, hip-hop minimalista e electrónico, hardcore, um microfone, um computador. O resultado é, mais coisa menos coisa, os britânicos Sleaford Mods, uma dupla de Notthingham composta por Jameson Williamson (voz) e pelo “maestro” Andrew Fearn (programações). Rebeldes com causa, os Sleaford Mods são, mais do que uma banda, uma expressão urbana, um grito urgente e político e um fenómeno a ter em conta. Afinal, o punk continua vivo.
#9
Sleater-Kinney: “No Cities to Love”
Navegando por sons cujas ondas remetem para marés de vagas que misturam laivos de punk com salpicos de indie rock, as Sleater-Kinney, são um trio de “meninas” originárias de Olympia, Washington, composto pelas guitarristas Corin Tucker e Carrie Brownstein, e a baterista Janet Weiss. Formaram-se em 1994, lançaram entretanto oito álbuns, mas até hoje pautaram a carreira com alguns hiatos. Voltaram novamente ao activo no ano passado e, desse regresso, resultou “No Cities to Love”, um disco carregado de energia e que descarrega dez boas vibrações em pouco mais de meia hora.
#8
Courtney Barnett: “Sometimes I Sit and Think, and Sometimes I Just Sit”
Envolto de uma áurea de frescura e com um assumido – e cativante – olhar rock, este disco brilha como o sol de verão, uma brisa marítima fresca que dissipa um calor exagerado. As histórias são simples e “conhecidas”, a música escorreita, no tempo e proporções que queremos. Como aquelas paixões certeiras, ao primeiro olhar, o disco de estreia de Courtney Barnett é brilhante, cativante, memorável.
#7
Sufjan Stevens: “Carrie & Lowell”
Registo perfeito de memórias e histórias, eis um dos álbuns mais intimistas, bonitos e reais do ano. Stevens abre o coração e revela o homem, o menino Sufjan, o seu crescimento, as suas dores e como a vida pode ser uma súmula de experiências que navegam entre o bom e o traumatizante. O resultado é uma imensa névoa melancólica, interior e muito bonita.
#6
Joanna Newsom: “Divers”
Através do disco mais curto da sua carreira, Newsom confirma a sua genialidade através de um trabalho que faz, como poucos, uma excelente mediação entre amor, perda, tempo, vida e morte. Mais do que canções, “Divers” oferece momentos de intimidade, de uma partilha segredada entre Joanna e os (seus) ouvintes, através de palavras e sons elaborados, de pura filigrana.
#5
Viet Cong: “Viet Cong”
Imbuído de um espírito industrial, e sob a influência de texturas de uns Throbbing Gristle ou Skinny Puppy, “Viet Cong” serve de elo de ligação entre um mundo pop e um satélite sónico repleto de baterias saturadas, opressivas, e um (des)encanto desarmante – e atrofiado -, com apontamentos experimentais.
#4
Grimes: “Art Angels”
Colhido na derradeira colheita musical do ano, “Art Angels”, o quarto disco da carreira da canadiana Claire Boucher, assume-se como uma espécie de ovni propulsionado a combustíveis melódicos vários e dançáveis. O resultado são mosaicos sintéticos, experimentais, electrónicos, descaradamente pop. Mais uma excelente aposta da 4AD.
#3
Low: “Ones and Sixes”
Tal como seria de esperar de um disco dos Low, “Ones and Sixes” é uma obra emocional que funde um sentido sónico com toques de beleza, escuridão e uma tensão agridoce, nas medidas certas e com um intenso brilhantismo no mais pequeno detalhe.
#2
Ólafur Arnalds & Nils Frahm: “Collaborative Works”
São dois discos mas poderiam ser os que Arnalds e Frahm quisessem. Tal como dois génios à solta, os compositores de “Collaborative Works” trabalham com um mesmo objectivo: a catarse. Os mais de 100 minutos destas maravilhosas peças neoclássicas, nascidas de uma estreita colaboração durante quatro anos, documentam o virtuosismo da música, da sua plenitude, do seu fascinante deslumbramento. Um disco essencial, intemporal e delicado.
#1
Sun Kil Moon: “Universal Themes”
Tal como Midas, Mark Kozelek tem um toque especial, um condão que transforma em ouro qualquer pedaço de voz e guitarra e, aquilo que faz com os Sun Kill Moon, não foge à regra. “Universal Themes” é um disco completo de simples estruturas musicais e notas líricas confessionais que nos envolvem ao longo de 70 minutos. Deliciosamente indie, o sétimo tomo do agora trio é um dos discos mais bonitos que Kozelek já gravou fora do universo dos Red House Painters.
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