Estamos a três semanas do início do Primavera Sound Porto 2025, que regressa ao Parque da Cidade entre os dias 12 e 14 de Junho. Partilhamos o alinhamento diário e escolhemos uma dúzia de destaques – poderiam ser mais, mas a caixa só leva 12 -, do festival que para nós vai dar início à sempre saudável militância musical anual.
Os bilhetes diários valem 75€ (mais taxas) – ou 40€ (mais taxas), no caso do Primavera Bits, o último dia dedicado à electrónica por onde vão passar Paul Kalkbrenner, Mura Masa, HAAi e Catarina Silva.
Os passes gerais e os ingressos VIP também estão à venda online, e custam respectivamente 180€ (mais taxas) e 275€ (mais taxas). Já estamos a contar os dias, mesmo que uma pergunta não nos saia da cabeça: será que vai chover?
Charli xcx
O Verão de 2024 não teria sido o mesmo sem ela, e “BRAT” ficará para a história como o disco que capturou um estado de espírito que parecia querer durar para sempre. Entre o mainstream e o underground, Charli xcx é festa em estado selvagem, numa actuação que promete pintar o Parque da Cidade de verde néon. Já sabem de cor a Apple Dance?
Jamie xx
Quando os The xx lançaram o disruptivo “I See You”, percebemos que a banda ia, como se diz nas relações amorosas, dar um tempo. Romy Madley Croft, Oliver Sim, Jamie Smith foram cada um à sua vida e, deste trio, foi Jamie Smith, aka Jamie xx, a alcançar o estrelato, com duas rodelas – “In Color” e “In Waves” – que são um Doutoramento em Música Electrónica com nota máxima. All you children gather round.
Fontaines D.C.
Em “Big”, tema incluído no disco de estreia, os Fontaines D.C diziam isto: “My childhood was small, But I’m gonna be big”. Pois bem, a verdade é que se tornaram gigantes. Do rock incendiário a temas capazes de serem entoados em coro num estádio, os irlandeses atingiram o seu estado de graça com “Romance”, e são hoje em dia uma das bandas mais entusiasmantes de seguir. “It`s amazing to be young” vai ser o nosso lema de vida a 12 de Junho.
The Dare
Se James Murphy (LCD Soundsystem) tivesse um irmão gémeo, nascido com duas décadas e meia de intervalo, seria sem dúvida Harrison Patrick Smith, mentor dos The Dare. Vestido para a ocasião, num cruzamento entre o espírito Man In Black e a agitação de um Baile de Finalistas, Harrison irá servir-nos o seu electroclash de arestas sonoras, naquele que promete ser um dos mais vibrantes momentos do festival.
TV On The Radio
Foram, há vinte anos atrás, dos melhores alunos da sua geração, criadores de uma rodela que elevou o indie rock a património mundial: “Return to Cookie Mountain”. Mesmo que oficialmente nunca tenham colocado o ponto final a seguir a Mountain, a banda formada por Tunde Adebimpe, Kyp Malone, Dave Sitek e Jaleel Bunton não lança um novo álbum desde “Seeds” (2014), mas por ocasião do 20º aniversário do seu álbum de estreia – “Desperate Youth, Blood Thirsty Babes” – estão de volta aos palcos – e, ao que parece, em boa forma (embora desta vez sem Sitek).
Waxahatchee
Aposto que não conseguem dizer isto três vezes, mas podem tentar: Waxahatchee, Waxahatchee, Waxahatchee. Com seis rodelas na bagagem, Kathryn Crutchfield – ou Katie Crutchfield, para soar mais profissional – tem delicadamente esculpido o seu tratado country-folk, cujo último e imperdível capítulo dá pelo nome de “Tigers Blood”. Um disco onde, ao encanto melódico, nos serve um olhar vulnerável e muito poético sobre o mundo.
Parcels
Se, para alguns, a ideia de ter uns rapazes brancos a arrasar no funk recorda um pouco aquele anúncio do restaurador Olex, hoje um marco revisionista do racismo publicitário – “Um preto de cabeleira loura ou um branco de carapinha não é natural, o que é natural e fica bem é cada um usar o cabelo com que nasceu” -, outros olham para rapazes australianos, com ar de quem acabou de enfiar as pranchas na carrinha para ir apanhar umas ondas, como gente capaz de pôr até a Manuela Ferreira a dançar, com um top revelador, em cima de uma coluna. Para saltar como se não houvesse amanhã (e se fôssemos cangurus).
Turnstile
São um dos grandes representantes do hardcore melódico e, do seu currículo, constam colaborações com BadBadNotGood e Mall Grab ou o facto de terem escolhido Snail Mail como banda de abertura na sua tour. Se a vossa cena é guitarras furiosas e mosh à séria, este é bem capaz de ser o concerto de que andam à procura.
Wet Leg
Desde que nos sentámos na “Chaise Longue” construída por Rhian Teasdale e Hester Chambers, a vida nunca mais foi a mesma. O post-punk das Wet Leg tem qualquer coisa de refrescante, com muita imaginação e ironia ao barulho, que nos faz voltar acreditar que as guitarras – e a boa disposição – podem mudar o mundo.
Destroyer
Quando vemos Dan Bejar em palco, na condução de uma parelha chamada Destroyer, é difícil não pensar na imagem de um funâmbulo em desequilíbrio constante mas que, ainda assim, consegue por milagre chegar à outra ponta do fio, sem se espalhar ao comprido no alcatrão quente. Mestre na reabilitação de géneros musicais pouco saudados, este será um concerto na onda de um karaoke decadente mas recomendável, acompanhado pela benção dos saxofones.
Floating Points
Sam Sheperd, musicalmente conhecido como Floating Points, é qualquer coisa como um 007 da música electrónica, mestre do disfarce e bastante eclético no que toca à manipulação de sons apontados à pista de dança ou a uma viagem interior, com tanto de matemática como de história das artes – como se os circuitos electrónicos e a pele humana se fundissem numa só entidade. Levem sapatos confortáveis.
Magdalena Bay
Mica Tenenbaum e Matthew Lewin definem Magdalena Bay como um “synth pop directamente da simulação”, o que encaixa na perfeição em canções que, tal como acontece nos melhores Djsets de 2manydjs, promovem casamentos aparentemente impossíveis – mas que, vai-se- a ver, irão durar para sempre. Uma banda que nos mostra que o mapa da pop tem ainda muitos territórios por descobrir.
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