E vão 19. Escrita e desenhada por Jeff Kinney, a série O Diário de um Banana está bem e recomenda-se, como o mostra este “Vai Dar Molho” (Booksmile, 2024). Logo a abrir, é-nos servido este brinde em (des)honra da família: “O meu pai diz sempre que podemos livrar-nos dos macacos do nariz, mas não podemos livrar-nos da família. E apesar de perceber o que quer dizer, não quero nada partilhar um balde de pipocas com ele. Mas ele tem razão sobre a família. Porque, no momento em que nascemos, ficamos metidos num grupo de pessoas ao qual nunca pedimos para pertencer”.

Neste bem desenhado volume, ficamos a saber como é que, após a morte da bisavó Meemaw, a Avó – que era então a mais nova de quatro irmãs – se tornou, de forma improvável, a líder da família: “Para o almoço da Páscoa de um certo ano, a Avó fez um tacho de almôndegas, e ficaram todos LOUCOS por elas”. Foi assim que aconteceu e, apesar das muitas tentativas de recriarem uma receita ainda melhor, nenhuma das irmãs conseguiu roubar-lhe a coroa.
À beira de completar 75 anos, a avó, que por esta altura vive numa residência sénior, recusa-se a partilhar a receita com qualquer descendente. Como prenda, a família irá reunir-se na Ilha Ruttyneck, o lugar onde muitos anos atrás passavam férias juntos, para tirarem uma foto de grupo na praia. Mas isto dos grandes ajuntamentos é como Greg o diz a certa altura: “as férias em família são como uma receita: alguns ingredientes simplesmente não combinam”.

Jeff Kenney consegue, uma vez mais, servir-nos uma história com um desfecho surpreendente, apresentando-nos a mais alguns ramos desta família tão psicótica como todas as outras: Tia Veronica, cuja cadela Purpurina é uma estrela nas redes sociais; Tia Aura, muito dada à crença de que as energias estão por toda a parte e movem o mundo; Tia Gretchen, para quem as regras parecem ser um mito urbano; ou a (maldosa) Tia Cakey, sempre com um elogio na ponta da língua – “Tu não estás tão carnuda como de costume!”. Sempre com muita falta de etiqueta à mesa, lançam-se interrogações sobre a evolução da espécie, inveja-se a vida dos monárquicos ou dá-se a escolher entre uma visita a um farol ou um jogo de mini-golfe. Venha de lá o redondo 20º volume.
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