Muito bom este “Monster 2” (Devir, 2024), o novo tomo da série escrita e desenhada por Naoki Urasawa, originalmente editada no Japão entre Dezembro de 1994 e Dezembro de 2001 na revista de mangá seinen Big Comic Original. Situada numa Alemanha às voltas com a reunificação, Monster irá ser publicada em Portugal no total de 9 volumes duplos, num formato ligeiramente maior do que as habituais edições de mangá da Devir.
Otto Heckel, um ilustríssimo ladrão, regressa à residência do vereador Springer, nela encontrando as marcas a giz feitas muitos anos antes – e, também, Tenma, “o médico suspeito de estar envolvido na morte do vereador Spring”. Otto, que não é tipo para perder a compostura mesmo com uma arma apontada à cara, descobre uma proposta na ponta da língua: “Vou fazer de ti o melhor médico clandestino do mundo inteiro”.
Mas as surpresas de Heckel não ficam por aqui, dizendo conhecer o homem que assassinou a família Springer, o que implicará uma visita guiada à casa de um assassino a soldo. É nessa geografia que Tenma irá receber uma mensagem de Johan, o miúdo que salvou e se transformou num assassino, que os nazis pretendem transformar num novo Hitler: “Caro Dr. Tenma, olhe para mim! O monstro dentro de mim cresceu tanto!”.
Em grande destaque está o 511 Kinderheim, de onde foram retirados os gémeos (Johan é um deles) pelo Sr. Gilbert, o funcionário exilado que os adoptou. Um orfanato especial, administrado em conjunto pelo Ministério da Saúde e o Ministério da Administração Interna, onde estavam “filhos de criminosos, filhos de políticos que tinham sido presos após tentarem exilar-se, e filhos de pais acusados de espionagem ou de incitarem revoltas contra o estado”, e onde era comum a discriminação e o tratamento desumano, servindo de alimento a um laboratório que pretendia transformar crianças em soldados perfeitos.
Na segunda metade deste volume somos conduzidos pelo meticuloso inspector Luge, que não desiste de tentar descobrir a relação entre o deputado Boltzmann, candidato pelo Partido Liberal Democrata, e o assassinato de uma call girl de luxo. A ajudar o inspector está Eva Heinmann – isso mesmo, a ex-noiva de Tenma -, mas um inesperado afastamento e uma obsessão desenvolvida – ao estilo do Zodíaco – fará com que tente procurar a ajuda de Tenma, mesmo que este tenha a cabeça a prémio.
Em grande está também Nina Fortner, filha do casal assassinado, que também responde por Anna Liebert, irmã gémea de Johan. É ela que se transformará na estrela deste volume, procurando ajuda para uma caça pessoal para a qual recebe um doce conselho: “Matar alguém é fácil. Só tens de te esquecer do sabor do açúcar”.
Monster tem sido cozinhada em lume brando, com muitas pontas soltas e alguns intervalos na história. Porém, agora que os pontos começam a ser ligados – o que sucede neste segundo volume -, percebe-se que mora aqui uma das séries mangá do momento.
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