De 14 a 18 de Maio, a Lourinhã dá palco ao livro e ao leitor. A edição de 2024 do Livros a Oeste traz conversas com autores, apresentações, oficinas, momentos interactivos e eventos multidisciplinares, e um festival que ganha um nome mais comprido.
No ano em que se assinala meio século sobre os 50 anos de Abril, o Livros a Oeste, festival organizado pelo Município da Lourinhã, estabelece uma ligação imediata com a Revolução dos Cravos, prometendo abordar as transformações e o seu resultado no final deste meio século em liberdade: os costumes e as práticas, a informação, a literatura, a cidadania, a participação e a diversidade.
O festival passa agora a designar-se Livros a Oeste – Festival do Leitor, transferindo o enfoque do “literário” para o “leitor”. “Estas múltiplas interpretações são fruto da diversidade que são as comunidades e, para que todas tenham lugar, pretendemos cada vez mais promover a acessibilidade – seja ela física, social ou intelectual – apelando à participação de todas as pessoas através dos diversos lugares que esta programação promove. E isto é liberdade, de expressão, de fruição e de participação“, esclarece José Tomé, responsável pelas áreas da Cultura e Educação do Município da Lourinhã.
O programa inclui a instalação multidisciplinar “Três Luzes acenderam ao mesmo Tempo em Três Janelas Diferentes“, da autoria do músico Noiserv, que nasce de um livro e apela à escuta de nós e do outro, ou a gravação de uma emissão do podcast de Sam The Kid e Marco Neves sobre mitos e curiosidades da língua portuguesa – com tradução simultânea em língua gestual portuguesa.
“Naturalmente, coincidindo com o meio século do 25 de abril de 1974, um dos eixos da edição deste ano não poderia deixar de ser essa data e as suas consequências. Foi um acontecimento tão disruptivo na sociedade portuguesa que as suas consequências se estendem a praticamente todos os campos“, acrescenta João Morales, programador do festival.
A 11 de abril estreou o filme “Revolução Sem Sangue“, realizado por Rui Pedro Sousa, que evoca os quatro jovens assassinados pela PIDE no dia da Revolução dos Cravos. Na Lourinhã estará presente a guionista, Ana da Silveira Moura, e Eurico Reis, Juiz Desembargador Jubilado e fundador do Movimento Cívico Não Apaguem a Memória (que regressa ao convívio na última sessão, sábado à tarde).
Afonso Cruz, Virgílio Castelo, Telma Tvon, Alice Neto de Sousa, Maria Caetano Vilalobos, Duncan Simpson, José Pacheco Pereira, Nuno Artur Silva, Rui Oliveira Marques, Cláudia Lucas Chéu, Vítor Belanciano, Sérgio Godinho, Rui Cardoso, Raquel Varela, Rui Zink e Ana Aranha vão trazer os seus livros mais recentes e participar em várias discussões.
Será também dada uma importância relevante às crianças e aos jovens dos diferentes ciclos de ensino. A sessão de abertura do festival conta com a apresentação de Jorge Serafim e, nessa mesma tarde, a iniciativa acolhe a edição da Região Oeste do Concurso Nacional de Leitura 2024.
A semana prossegue com diversas propostas. Sam The Kid e o linguista Marco Neves também irão à escola, mas há mais: a vida e obra de Cesário Verde serão abordadas por Ana Paula Jardim; Carla Nazareth traz o seu livro “Somos Todos Peixinhos Dourados“; Nuno Artur Silva, dois dos seus livros: “Síul, Epilif e o Grande Zigomático“, além de “Como é que os Nossos Amigos Ficam Nossos Amigos?“; o realizador português João Gonzalez, que em 2023 chegou aos Óscares de Hollywood, apresenta a curta-metragem que permitiu esse feito, “The Ice Merchants“; Sérgio Franclim assinala os 500 anos de Luiz Vaz de Camões com “As Aventuras e Desventuras de um Poeta Épico“; Lúcia Vicente e Tiago M. promovem o combate à discriminação com o livro “No Meu Bairro” e André Pereira apresenta o seu “Simãozinho Baltazar“. No sábado terá lugar um jantar literário, promovido em parceria com os dois agrupamentos de ensino concelhios.
Na Biblioteca Municipal da Lourinhã, estará patente uma exposição construída a partir do livro “Reconstituição Portuguesa“, um projecto artístico e político (premiado em vários países) que desconstrói a constituição fascista de 1933. Por outro lado, professores, bibliotecários e outros elementos ligados à mediação cultural, irão frequentar a formação #LivrosPerguntadores: livros geradores de perguntas, ministrada por Joana Rita Sousa. E André Pereira vai realizar um conjunto de originais Retratos Escritos, trabalho que resultará de uma sessão presencial na Academia Cultural Sénior, e cujo resultado será divulgado no último dia do festival, com a participação de alguns intervenientes.
A manhã de sábado conta com uma sessão dinamizada pela Bicho-de-Conta, destinada a bebés entre os 12 e os 36 meses, e uma oficina de Sussuradores que, no período da tarde, sussurram poesia a quem por eles passar, uma criação das Sombronautas e o Teatro Inefável.
De terça a sexta-feira, pelas 17h00, Os Cantos da Palavra convida todos os transeuntes para se juntarem ao festival, lendo um poema, um trecho de um conto, uma passagem de um romance, um texto de que gostem, de autoria própria ou não. Todas as leituras são válidas. À semelhança dos anos anteriores, o Livros a Oeste – Festival do Leitor conta com uma feira do livro que acompanha toda a semana, desta vez instalada no Centro Cultural Dr. Afonso Rodrigues Pereira.
O festival encerra, no dia 18 de Maio, com um concerto da banda Boémia que assinala 25 anos de existência com o seu novo trabalho, “Génese”, revisitando os dias entre 25 de Abril de 1974 e 25 de Novembro de 1975.
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