Mantendo viva a tradição dos números comemorativos, “O Número Duzentos” (A Seita, 2021) continua a oferecer um olhar apurado sobre o passado de Dylan Dog, que assina o seu cartão-de-visita como investigador do paranormal e detective do pesadelo.
Desta vez, o leitor terá acesso a um volumoso álbum de recordações com histórias para todos os gostos: como, depois de muita lábia, Groucho se tornou assistente de Dylan; como Dylan se tornou, de forma inesperada, num detective do oculto – não sem antes mostrar ter um talento natural para o alcoolismo; a Loja Safamà, um lugar no qual Dylan entra várias vezes para perder sempre a memória de lá ter estado – um lugar que mais parece um tapete voador ou um acto de ilusionismo. Tudo isto sem esquecer a coincidência de que o 200 é, também, o número do prédio onde o comissário Block vive – ou vivia, antes de colocar a casa à venda num momento de pura nostalgia.
Este é, também, um álbum histórico: o argumento foi entregue a Paola Barbato, a primeira mulher a escrever uma história de Dylan Dog – ainda que as piadas de Groucho Marx mantenham a veia original: “O meu nome é mesmo Marx. Escrevi uma obra filosófica fundamental: «O Capital que não tenho»”.
Uma história muito bem desenhada – no duplo sentido história/ilustração -, com revelações a rodos e que termina com um daqueles ensinamentos de que os azulejos tanto gostam: “A cada novo fim corresponde um novo início”. Venham mais 200.
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