Depois dos volumes dedicados a Carnificina e Wolverine, a G. Floy continua a publicar a série Preto, Branco & Sangue, na qual autores e ilustradores olham para alguns dos mais conhecidos – e letais – super-heróis recorrendo a uma palete onde descobrimos apenas este triângulo cromático – com alguma batota por vezes. Desta vez, o livro é dedicado aos mais irritante, desbocado e mal cheiroso dos super-heróis, conhecido para o bem e para o mal como Deadpool – que recebe as contas sob o nome de Wade Wilson.
Ao todo temos uma dúzia de histórias, muito diferentes entre si sobretudo na forma em como desenham este herói que quase ninguém suporta e que se consegue regenerar mesmo depois de levar valentes cargas de porrada – ou de nele serem descarregados carregadores completos das mais variadas armas de fogo.
“Todo o vermelho” revela o lado pedagógico de Deadpool, que define aqui a linha a partir da qual os conteúdos deixam de ser adequados a certas idades: “Lembrem-se, crianças, se conseguirem ver os intestinos de alguém, esse conteúdo não é para vocês”; a falta do filme “Linha directa para o céu” em streaming, para além de destruir o sonho de ter tudo à mão, obriga Deadpool a visitar a inexpugnável fortaleza de Lee Mim-Hwan, ditador e líder supremo de Valnon do Norte, tudo para ir sacar um exemplar do filme em VHS. Mas será que os gostos de criança se manterão na idade adulta?
“Nascido na Zuersucpov” leva-nos numa visita a um país inventado, com um arsenal nuclear apreciável (e onde se goza bastante com o Canadá); “Loucura Púrpura” traz-nos o habitué Zebediah Killgrave, desta vez com um plano para matar o Demolidor; “Festa do Deadpool” é uma daquelas festividades que têm tudo para correr mal, e que aqui envolve um engate estragado e uma seita antiga de vampiros que descobriu que o sangue de mutantes permite que os vampiros voltem à terra a horários decentes; “Piscina da Morte” enceta um diálogo entre o criador e a sua criação, que serve como um bonito exercício de memória e homenagem a Deadpool. Uma das melhores – talvez a melhor – histórias desta antologia.
Pinguins falantes, freiras disfarçadas e adivinhas várias são os ingredientes de “O pior convento do mundo”; “A aposta” ensina a ter cuidado com as entradas, uma história algo confusa aparentada de Onde está o Wally; “As perfeitas” é Deadpool para meninos, com vikings, samurais, cowboys e ilustrações em estilo de um conto infantil; “Cereja” chega em modo Star Wars, com um estranho bicho que tem o vocabulário reduzido a uma única palavra: dinossuco; “Versão Samurai” brinca com o formato dos balões da banda desenhada, numa brincadeira bem sucedida entre comics e mangá; a terminar está a “Operação Valquíria”, que oferece um conselho muito válido: nunca adormeçam na sala de cinema.
Há, ainda, uma galeria de capas alternativas, que inclui um abraço apertado com Wolverine ou uma banho de imersão em modo SPA. Nas livrarias está já disponível o quarto volume da série, dedicado a… Elektra.
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