No sempre concorrido mercado editorial juvenil não foi difícil apontar, no passado ano, um título que se tivesse destacado no domínio da literatura com inclinação sci-fi: “A 5ª Vaga”, de Rick Yancey. À partida, o cenário até nem primava pela originalidade: a Terra via-se invadida por extra-terrestres – apelidados de Os Outros – que tinham, como objectivo, o extermínio de toda a população do planeta. Sem aviso, lançaram quatro vagas de destruição que devastaram grande parte da humanidade.
A novidade, porém, chegou com a quinta das vagas. Ao contrário se uma invasão externa, com o surgimento nos céus de naves espaciais de toda a espécie e tamanho, os ET`s tinham corpo e rosto humanos, uma vez que sempre tinham estado dentro dos seus hospedeiros humanos à espera do toque de reunir.
Cassie Sullivan sobreviveu a uma morte mais do que certa contando, para isso, com a inesperada ajuda de Evan Walter, um ser cuja incubação alienígena deixou muito a desejar: o seu lado humano pareceu triunfar sobre a frieza alienígena, resultado de uma exposição prolongada ao corpo mas sobretudo às emoções humanas.
Agora, juntamente com os poucos sobreviventes que a acompanham numa difícil jornada, Cassie terá de tomar uma decisão crucial: enfrentar o duro inverno, permanecendo num hotel comido aos poucos por uma legião de ratos enquanto espera pelo improvável regresso de Evan ou, em alternativa, partir à busca de mais sobreviventes antes que o inimigo se aproxime demasiado.
Ao contrário do primeiro volume, a grande fatia da acção – ou pelo menos a mais entusiasmante – pertence agora a Ringer, a quem o inimigo tentará transformar no seu muito pessoal cavaleiro – neste caso cavaleira – do apocalipse.
Quanto a Evan, vê-se resgatado dos escombros por Grace, uma gigante fémea loura de dois metros que, ao contrário de si, não nutre grande simpatia pela espécie humana. E que, ao escutar Evan nos seus sonhos febris, sabe que algo de errado se passa com este.
Ainda que o efeito surpresa se esbata ligeiramente – pelo menos na primeira metade – e os cenários onde decorre a acção sejam menos atractivos ou espectaculares que os do primeiro livro, “O Mar Infinito” (Editorial Presença, 2015) mantém viva a imagem de um mundo desolador e condenado, que apenas poderá ser salvo pele força de vontade e instinto de sobrevivência de um punhado de jovens que simplesmente se recusa a morrer. Venha de lá o terceiro.
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