Em 2020, chegou às livrarias portuguesas “Pokko e o Tambor”. Um livro que, em tempos onde estar em casa era mais do que uma recomendação, se leu como uma banda sonora literária, capaz de atenuar as saudades e fazer sonhar com o tempo em que a música poderia voltar a ser celebrada em turba e o devido crowd surf. As ilustrações eram feitas a lápis de cor e tons sóbrios, onde a natureza parecia ter vida própria e as expressões surgiam carregadas de expressividade e um cómico desespero, um pouco ao estilo da trilogia do chapéu de Jon Klassen.
Com “Pokko e o Tambor”, o seu primeiro álbum, Matthew Forsythe levou para casa uma Menção Honrosa dos Prémios Boston Globe Horn e Charlotte Zolotov, além de ter sido distinguido como o livro do ano pela Publishers Weekly e a NPR. “Mina” (Orfeu Negro, 2022), o segundo trabalho de Forsythe, tem tudo para seguir o mesmo caminho.
Mina, a pequena protagonista desta história, “vivia no seu próprio mundo, onde nunca nada a incomodava”. Bem, quase nada. O seu pai, um curioso sem freio, traz para casa coisas como latas para amplificar as suas piadas, “quadros” antigos que poderão valer fortunas ou, ainda, bichos-paus que aprenderam a ler e que, depois de munidos do conhecimento, desapareceram levando todos os livros consigo. Isto até ao dia em que troca o gato por lebre ou, para sermos mais precisos, esquilo por… gato.
O humor que já havíamos descoberto em “Pokko e o Tambor” está todo aqui, culminando em mais um final imprevisível mas tremendamente feliz, meio indie. As ilustrações continuam um mimo, coloridas e com a textura do lápis de cera, mostrando o contraste entre o grande e o pequeno – e partilhando a magia do mundo animal. Muito bom.
Sem Comentários