São 70 os filmes incluídos na Seleção Oficial da 28ª edição do CineEco – Festival Internacional de Cinema Ambiental da Serra da Estrela, que decorre em Seia entre os dias 8 e 15 de Outubro. Mais de 25 países estão representados na edição deste ano, sendo Portugal, França, Espanha e Alemanha os que têm maior número de trabalhos a concurso. Novas ‘pandemias’, doenças emergentes, fraudes alimentares, pecuária sustentável, luta de povos nativos, são algumas das temáticas abordadas.
Após um périplo por Cabo Verde e Portugal (incluindo os Açores) com várias extensões já realizadas este ano em diversas cidades portuguesas, e da participação no Fórum Mundial da Água, no Senegal, no mês de março, avizinha-se uma das mais representativas edições do festival CineEco em Seia, após dois anos de Pandemia que, ainda assim, não impediram a realização deste icónico Festival em 2020 e 2021.
Na sua 28ª edição, entram em concurso 70 filmes sobre temáticas tão pertinentes como polémicas, e que inscrevem o Cine Eco “como um evento de charneira para a divulgação das mais recentes produções documentais sobre os mais prementes desafios ambientais e societais, mas também como um importante espaço de debate e contacto com realidades que imaginávamos pertencer apenas à dimensão das distopias“, afirma a Organização.
Na Competição Internacional de Longas-Metragens figuram 11 documentários. Será possível ver o filme sensação da edição deste ano do Festival de Cannes, a adaptação do clássico de Robert Bresson, “Au Hasard Balthazar“. O mundo é um lugar misterioso quando observado pelos olhos de um burro e, no filme “EO“, do veterano realizador polaco Jerzy Skolimowski, o animal é libertado de um circo por um movimento de defesa dos animais explorados e, ironicamente, vai parar às mãos de um novo dono e alvo de maus tratos. O animal acaba por observar, em silêncio, o sofrimento, a raiva, o desespero e a solidão humana.
Do coração da Papua Nova Guiné chega o filme de Céline Rouzet sobre “tribos locais presas entre rivalidades de clãs, políticos corruptos e multinacionais aparentemente cínicas“, em “140 Km à L’Ouest Du Paradis” (França; Bélgica). No filme “Taming The Garden” (Suíça; Alemanha; Geórgia), a realizadora Salomé Jashi leva-nos numa viagem ‘delirante’ de uma árvore centenária transplantada, que atravessa o mar Negro para viver o resto dos seus dias no jardim particular do excêntrico milionário e ex-primeiro-ministro da Geórgia. Em “Aya” (Bélgica; França), o realizador Simon Gillard aborda o dilema interno de uma jovem menina confrontada com a inevitabilidade – abandonar a ilha de Lahou, na Costa do Marfim, devido à subida do nível da água do mar. Do Brasil para o CineEco chega a luta dos Yanomami em “A Última Floresta“, de Luiz Bolognesi, e “A Serra do Roncador ao Poente“, de Armando Lacerda. Neste último documentário, o realizador conduz-nos pela arte rupestre dos clãs Xavante, os guardiões da Serra, que materializam os espíritos que os defendem quando “a civilização” se rebela contra eles e as suas terras.
Estruturado na narrativa pessoal dos nativos da Virgínia Ocidental, “Devil Put The Coal In The Ground” (EUA), de Peter Hutchinson e Lucas Sabean, retrata o sofrimento e a devastação provocada pela indústria do carvão, a economia em colapso, as feridas provocadas pela epidemia dos opiáceos, a pobreza, a degradação ambiental e o desaparecimento dos Apalaches. Na Competição Internacional de Longas-Metragens, concorrem ainda “La Fabrique des Pandémies” (França), de Marie-Monique Robin, uma viagem por 3 continentes – Ásia, América e África – com a actriz Juliette Binoche. Depois de contactarem com mais de 20 cientistas, as evidências parecem claras: “sem uma rápida resposta, o mundo irá enfrentar uma epidemia de pandemias!“. “Amuka – L`Éveil Des Paysans Congolais” (França; Bélgica), de Antonio Spanò, enquadra-nos na vida dos “ceifeiros da esperança”, os agricultores da República Democrática do Congo que lutam diariamente contra inimigos invisíveis. Do país vizinho para o CineEco chegam ainda dois documentários. “Pedra I Oli (Stone And Oil)“, de Àlex Dioscorides, uma imersão documental sobre o desaparecimento do olival de montanha, na Serra de Tramuntana em Maiorca, e o abandono do trabalho do campo. Já “Ganado O Desierto (Livestock Desert)“, de Francisco Vaquero Robustillo, retrata o papel do gado na regeneração das pastagens, dos solos, das florestas e da água e documenta o papel do maneio e a pecuária sustentável como solução para o restauro dos ecossistemas e economias rurais.
Na Competição Internacional de Curtas Metragens participam 26 documentários e filmes de ficção de vários países, como Irão, Senegal, Chile, Rússia, Austrália, Sérvia, Cuba e vários países europeus. A categoria Séries e Reportagens Televisivas integra 11 trabalhos que versam sobre temáticas tão diversas como a agricultura intensiva, fraude alimentar, novas oportunidades da agricultura sustentável, educação ecológica subaquática, o degelo, o papel das abelhas. Na Competição de Longas-Metragens em Língua Portuguesa figuram 4 películas de Portugal e Brasil; na Competição de Curtas Metragens concorrem 13 filmes e, na Competição Panorama Regional, estão a concurso 5 trabalhos.
Os programadores deste ano do Cine Eco’22 são Cláudia Marques Santos, Tiago Fernandes Alves e Daniel Oliveira. Mais informações: www.cineeco.pt
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