“Olha para a tua mão. De que é feita? De pele? De ossos? Mas de que são feitos a pele e os ossos?”. É desta forma, quase a fazer lembrar as viagens espaciais conduzidas por Carl Sagan e Ann Druyan através do Cosmos, que arranca “A Tabela Periódica: os elementos como nunca os vimos!” (Lilliput, 2022), um livro incrível que alia factos interessantes, informações científicas e muitas curiosidades. Tudo para nos a conhecer os elementos da Tabela Periódica, cuja primeira versão foi publicada, em 1869, pelo químico Dmitri Mendeleev.
Com o selo da Lilliput, chega-nos uma edição de capa dura, em formato quadrado e um design de primeira água, capaz de fazer com que os mais pequenos se tornem, quem sabe, nos químicos do futuro – ou que os mais crescidos aprendam qualquer coisa sobre esta ciência que, como nos diz o dicionário, estuda os elementos químicos e a forma como estes se comportam e interagem.
Porém, apesar do belo grafismo e do ar muito colorido, esta está longe de ser uma versão infantil da química para totós. “Grande parte da química resume-se ao modo como os electrões orbitam à volta do núcleo. Fazem-no em camadas, parecidas com as órbitas dos planetas à volta do sol”, lê-se no arranque, ganhando-se depois embalagem para falar dos elementos químicos como espiões, do número atómico e do número de massa, da divisão entre elementos gasosos, líquidos e sólidos (a maioria deles), das ligações iónicas e covalentes, da descoberta dos elementos químicos para lá dos 4 elementos do universo ou dos grupos e códigos de cores.
Cada um dos elementos desta tabela mágica tem direito a uma ilustração personalizada, data da descoberta, indicações sobre o estado físico a uns temperados 20º, onde se encontra, se constitui ou não um perigo para a vida, os usos especiais que oferece e, claro, um texto ilustrativo, no qual o título é tão revelador quanto um bom spoiler.
Para aligeirar a coisa, são feitas algumas referências com um certo toque de fait divers: o Cádmio, por exemplo, é o título de uma das obras do pintos Jean-Michel Basquiat; o Níquel pode ser encontrado nas cordas de guitarra; o Lítio, com a devida tradução, dá nome a uma das mais incríveis canções dos Nirvana; o Nitrogénio é usado como agente refrigerante na produção de gelados e sorvetes; quanto ao Európio, é utilizado na impressão das notas de euro para prevenir a falsificação. Há, ainda, uma secção final com ar de dossier secreto do FBI, dedicado aos elementos 109 a 118, misteriosos e superpesados, fazendo-se um paralelismo com o heavy metal. Se andam à procura de um livro que vos ensine as maravilhas da química, isto sem que o cérebro ameace fritar à temperatura ambiente, este é sem dúvida o manual a ler.
Colin Stuart é um conceituado astrónomo e comunicador de ciência. Escreve para a New Scientist, entre outras publicações. Como reconhecimento pelo seu trabalho em prol da astronomia, um asteróide tem o seu nome. Recebeu o prémio Margaret Mallet de não-ficção para crianças em 2020. Ximo Abadia é um ilustrador em ascensão, já distinguido na Feira do Livro Infantil de Bolonha.
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