No total, são mais de 250 filmes do IndieLisboa para ver em algumas das mais emblemáticas salas de cinema da cidade de Lisboa, numa edição que marca o regresso ao calendário de sempre, nos meses de Abril e Maio. Num ano em que a colheita de cinema português é a maior de sempre, com 9 filmes na Competição Nacional de Longas, as honras de abertura cabem a um double-bill inusitado.
“Albufeira“, curta-metragem dos anos 1960 em jeito de mockumentary, do iconoclasta António de Macedo, e “Zéfiro“, de José Álvaro de Morais, um filme de 1994 que caminha por Lisboa enquanto documentário, mas o que quer realmente é galgar o Rio Tejo em pleno modo ficcional, de forma a explorar a margem sul, onde parte à aventura Alentejo fora até ao Algarve. Esta sessão decorre no âmbito do projecto FILmar, operacionalizado pela Cinemateca Portuguesa, e mostra uma versão restaurada dos filmes.
O cinema não se fica pela sessão de abertura. No São Jorge ainda podemos ver duas sessões do IndieJúnior e outras tantas do Boca do Inferno, uma selecção de curtas às 21h45 e “Arrebato“, um clássico espanhol perdido, às 19h15. Às 21h30, na Sala Manoel de Oliveira, podemos ver o primeiro de dois filmes que João Botelho estreia no Indielisboa. Em “Um Filme em Forma de Assim” o realizador volta a adaptar Alexandre O’Neill. Na Culturgest, a secção IndieMusic abre em grande com “Cesária Évora“, de Ana Sofia Fonseca. Nome maior da morna, a diva cabo-verdiana é um exemplo de quem lutou toda a vida contra preconceitos. Através da cantora, o documentário cruza vários contextos sociais e políticos.
No Pequeno Auditório, dois nomes recorrentes no festival: o argentino Jonathan Perel e o francês Jean-Gabriel Périot. O primeiro apresenta “Camuflaje“, um filme que não deixa esquecer as marcas da ditadura argentina. Uma adaptação do livro Campo de Mayo, de Felix Bruzzone, e que faz do escritor seu protagonista. A mãe de Felix desapareceu em 1976, tendo sido vista pela última vez precisamente no Campo de Mayo, um dos principais centros de detenção do país. O segundo documenta a história do proletariado francês desde os anos 50 até à actualidade em “Retour à Reims (Fragments)“. No Cinema Ideal, podemos ver os novos filmes de dois nomes grandes do cinema europeu – “Coma“, de Bertrand Bonello, às 18h00, e “Rimini“, de Ulrich Seidl, às 22h. A retrospectiva dedicada a Doris Wishman também começa amanhã, com o clássico Bad Girls Go To Hell, ponto de entrada perfeito no imaginário da genial realizadora norte-americana. Para ver na Cinemateca, a partir das 21h30. As escolhas são mais que muitas e isto é apenas o primeiro dia.
A 19ª edição do IndieLisboa – Festival Internacional de Cinema decorre de 28 de Abril até 8 de Maio, no Cinema São Jorge, Culturgest, Cinema Ideal, Cinemateca Portuguesa e Jardim Biblioteca Palácio Galveias. O programa está disponível aqui.
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