Curtas da Estante é uma rubrica de divulgação do Deus Me Livro.
Sobre os Livros
Memórias de infância e adolescência, retrato de uma família mas também de uma sociedade: a ditadura, o regime colonial e a ilusória eternidade de tudo isso, inscrita no catecismo oficial e nos costumes de então. A dada altura, a família divide-se entre Portugal e Timor. Cá, em Portugal, para onde o autor e o irmão, Zeca Afonso, depois de uma infância africana, se mudam, ainda crianças; lá, em Timor, aonde aportam os pais e a irmã Mariazinha no mesmo dia em que deflagra a guerra, que rapidamente arrebatará a ilha no seu vórtice.
Ao contrário do que anunciou ao tempo a propaganda oficial, a neutralidade portuguesa na II Guerra Mundial não foi respeitada. Portugal entrou na guerra, com Timor-Leste ocupado pela força das armas, com órgãos de soberania e administração suprimidos, com populações martirizadas, assassinadas ou encarceradas, com património público ou privado esbulhado ou destruído. Até que a grande catástrofe chegou ao fim e o percurso familiar se restabeleceu na conjunção feliz dos seus membros.
O último dos colonos – Até ao cair da folha é o segundo volume das memórias de João Afonso dos Santos. Agora em Moçambique, onde viverão também os seus pais, José Nepomuceno e Maria das Dores, e os seus irmãos, Zeca Afonso e Mariazinha.
João Afonso dos Santos entra pela sociedade colonial da segunda metade do século xx, descreve-a, vê as suas contradições, vê um mundo de opressão onde a beleza espreita tantas vezes, vê as batalhas dos democratas portugueses, o nascimento da insurreição da Frelimo, a guerra, a denúncia dos massacres, as manobras sujas do poder colonial e da PIDE, e a independência.
Um testemunho extraordinário das últimas décadas do mundo colonial em Moçambique, profundamente documentado, narrando a história viva do dia-a-dia, o cineclube, a intervenção cultural, os amigos, o trabalho como advogado, e o convívio fraternal com Zeca, que viveria em Moçambique uma das fases mais marcantes da sua obra criadora.
Sobre o autor
João Afonso dos Santos foi advogado em Lourenço Marques e Beira (Moçambique), de Janeiro de 1955 a Setembro de 1975. Presidiu ao Cine-Clube da Beira e ao Auditório-Galeria de Arte dessa cidade, cuja comissão construtora antes dirigira. Foi director do jornal Notícias da Beira, após a revolução de 25 de Abril de 1974. Integrou a comissão de descolonização de Moçambique em 1974 e 1975. A partir de Setembro deste último ano, passou a exercer funções profissionais em Lisboa, onde reside.
É autor, em parceria com Carlos Adrião Rodrigues, António Pereira Leite e William Gerard Pott, de O julgamento dos padres de Macúti (Edições Afrontamento), de algumas obras de carácter jurídico e ainda de José Afonso – Um olhar fraterno (Editorial Caminho).
Editora: Sextante
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