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Sergei Loznitsa, Jafar Panahi, Guy Maddin e Nicolas Pereda em competição no Curtas

Por Deus Me Livro · Em 14/09/2020

Num ano em que as questões de saúde pública impuseram uma nova consciência sobre as formas de relacionamento, a selecção oficial para a competição internacional e experimental do Curtas de Vila do Conde propõe uma reflexão sobre a forma como o público e o privado contaminam a construção de identidades. Em estreia nacional estarão 48 filmes que, a partir dos lugares de intimidade, das uniões e divergências culturais, das divisões e encontros, nos ligam a diferentes comunidades, formas de estar e de pensar.

(do press release)
Sergei Loznitsa e Jafar Panahi são dois dos mais interessantes cineastas da actualidade. O primeiro, ucraniano, tem construído uma obra que percorre os territórios marcados pelo legado soviético; o segundo, iraniano, tem sido um canal aberto para o entendimento do Irão contemporâneo. Donos de uma impressionante sensibilidade para trabalhar a problemática política, social e cultural do seu povo foram desafiados, pela Ópera Nacional de Paris, para criarem uma obra que tivesse como ponto central uma cantora. A Night at The Opera e Hidden trazem-nos dois olhares sobre a cultura dos dois países onde as heroínas cantam, questionando noções de representação e interpretação.

História também narrada no feminino, Bella de Thelyia Petraki, parte dos desenvolve-se em cima de um conjunto de cartas de amor trocadas entre Anthi e Christos na recta final da Guerra Fria e da queda do Muro de Berlim. Conjugando documentário e a ficção, o filme congela um momento específico do tempo onde tudo estava prestes a mudar. Viagem pessoal também proposta em Correspondencia, obra através da qual Carla Simón e Dominga Sotomayor discutem as suas heranças familiares e a maternidade, recorrendo a um conjunto de imagens colhidas no dia-a-dia das suas vidas. Uma história sobre a intimidade que se vê interrompida pela emergência política de um país. Também rodado na América Latina, Electric Swan de Konstantina Kotzamani, faz um micro-retrato da comunidade de Buenos Aires, através da história de um edifício onde diferentes classes habitam diferentes andares. Um filme onde a arquitectura se relaciona com o mapa emocional das personagens, mostrando como as diferentes classes sociais organizam a geometria da cidade.

Quando a Guerra Civil Espanhola entregou a vitória ao nacionalista Franco, mais de 500 mil espanhóis fugiram. Uma tendência que começara até mais cedo nas regiões republicanas do norte de Espanha. Em Diarios del exilio reúnem-se filmes de arquivo e filmagens caseiras, que ilustram o êxodo massivo no pré-ditadura e documentam um dos mais marcantes pontos históricos do país. É também de fugas que se fala em How to Disappear, um ensaio construído em cima de um videojogo que reflecte sobre o papel dos desertores na guerra, abrindo, com isso, uma discussão em torno das políticas de armamento dos movimentos nacionalistas e as ideologias que marcam os exercícios em cenário de guerra. Em 1946, oito meses depois dos bombardeamentos atómicos, uma equipa de filmagem realiza uma longa-metragem no Japão. As bobinas conseguem sair do país, mas são imediatamente classificadas como material secreto pelas entidades Norte-Americanas. Em La Bobine 11004, Mirabelle Fréville explora o arquivo e filmagens daquele que foi o primeiro episódio de censura atómica da história.

Mi piel, luminosa

Mi piel, luminosa

Quando a equipa de Mi piel, luminosa (Nicolás Pereda e Gabino Rodríguez) se deslocou à Thomas More School para rodar, a pedido do Ministério da Educação, um documentário sobre a forma como estava a ser implementado o projecto “Improving Primary Schools”, estava longe de imaginar que encontraria uma história que viria a mudar a direcção do filme. Uma criança posta em isolamento na sala de aula devido a uma doença que lhe tirou o pigmento natural da pele passa a ser a figura central de um filme onde Pereda volta a derreter as fronteiras entre documentário e a ficção. Filmado no Harlem e nos jardins Claude Monet em Giverny na França, The Giverny Document é um poema cinematográfico que medita sobre a segurança e a autonomia corporal das mulheres negras. Cruzando animação, testemunhos de arquivo e entrevistas de rua, Ja’Tovia Gary explora a virtuosidade criativa das performers negras, enquanto nos lança um enunciado de questões sobre a forma como esses corpos incorporam heranças de trabalho forçado. Também discutindo o tema do racismo e da integração da comunidade negra no mundo, South acompanha duas organizações anti-racistas e anti-fascistas propondo um olhar sobre o poder das vozes colectivas e singulares na sociedade que construímos.

Witness

Witness

Destaque ainda para a estreia de Witness, do multi-premiado realizador Ali Asgari, Victor in Paradise, de Brendan McHugh, Look Then Below, o terceiro episódio da trilogia que Ben Rivers está a construir em torno do trabalho do escritor norte-americano Mark von Schlegell, Stump the Guesser, novo tomo na cinematografia surreal e onírica do canadiano Guy Maddin, Physique de la tristesse, a mais recente animação de Theodore Ushev, Color-blind, de Ben Russell, um retrato feito entre a Polinésia Francesa e a Bretanha, que segue o “fantasma” de Gaugin pelo legado colonial do presente e Casa Sol, de Lúcia Prancha, que explora o universo militante da escritora brasileira Hilda Hilst.

As novas confirmações juntam-se aos já anunciados focos nas obras de Isaki Lacuesta, Elena López Riera, Ana Elena Tejera e Ana Maria Gomes.

De Godard a Beauvais, as entrelinhas das histórias do cinema voltam a ser revisitadas em Vila do Conde

(do press release)
Secção inaugurada na edição 2019 do Curtas, o Cinema Revisitado volta a trazer ao festival um conjunto de programas especiais compostos por raridades e cópias digitalizadas de obras que marcam os acervos históricos do cinema. Para esta 28 edição alinham-se novos olhares sobre a produção de Jean-Luc Godard, a celebração dos cem anos de One Week, obra maior de Buster Keaton, uma carta branca ao cineasta Frank Beauvais e a estreia da cópia restaurada de O Recado, primeira longa metragem de José Fonseca e Costa. Palavra especial e de proximidade para o programa de homenagem a Vicente Pinto Abreu, colaborador de longa data do Curtas Vila do Conde falecido no início deste ano.

Não raras vezes as estórias e percursos de artistas intemporais fazem-se também na incursão por aquilo a que chamamos disciplinas menores. Obras encomendadas ou projectos de início de carreira podem e devem ser vistas como uma parte integrante de um trabalho que se desenvolve numa constante dialéctica da vida com a arte. Lembremos a este propósito que uma das primeiras tarefas profissionais do jovem Jean-Luc Godard, de 1956 a 1958, foi a de secretário de imprensa da Fox, insígnia para a qual criou um precioso conjunto de materiais promocionais, kits de imprensa e vídeos que são, hoje, obras em si mesmas. Mencione-se, a título de exemplo, o espumante número especial do jornal Figaro-Pravda publicado para o lançamento de Alphaville (1965) ou o lendário Livret des Sous-titres distribuído em Cannes durante a primeira exibição de Le Livre d´Image (2018). Da mesma forma, os trailers, que vivem autónomos e se tornam peças de uma história de criação: o de A Woman is a Woman (1961), o de Duas ou três coisas que eu sei sobre ela (1967) ou o de Mouchette (1967). Jean-Luc Godard: Pro-Motion – bandes-annonces – publicites – clip – filmes d’entreprise é o nome do programa especial que o Curtas Vila do Conde apresenta em Outubro, que contou com a curadoria de Nicole Brenez, em colaboração com a Cinemateca Francesa, e onde se integrarão curtas-metragens, trailers, vídeos, videoclipes e outras publicidades criadas e dirigidas pelo cineasta franco-suíço.

Frank Beauvais é um dos nomes que marca as quase três décadas do Curtas, onde apresentou, por diversas vezes, obras suas. Em 2020, o festival vilacondense convida-o para a uma Carta Branca que propõe um diálogo com os tempos de excepção que vivemos. O programa parte da reposição da sua última obra, estreada em Berlim, Ne croyez surtout pas que je hurles, um filme realizado em contexto de isolamento e que relaciona a sua história pessoal com a história do cinema.

Falar-se da história do cinema é falar não só dos seus filmes, dos génios que a desenham ou dos protagonistas que lhe eternizam a cara, é falar também das suas pessoas de dia-a-dia. Pessoas cujo trabalho, dedicação e amor à sétima arte permitem que ela se replique, que se espalhe como novidade e se questione como desafio. Vicente Pinto Abreu era uma dessas pessoas, programador de longa data do festival e coordenador da equipa de júris, pertence-lhe parte do que é hoje a identidade do Curtas, tanto no contributo sempre atento e assertivo para a selecção de filmes, como na generosidade com que nos obrigou tantas vezes a dar o corpo à dança nas festas do festival. No ano em que o festival perdeu um amigo, não havia outra forma de o homenagear senão com um convite para uma ida à sala. A selecção do programa de homenagem ao Vicente foi feita por Daniel Ribas, Rita Barbosa e Miguel Dias e compilará filmes de diferentes épocas do cinema.

One Week

One Week

A completar a programação do Cinema Revisitado, a sessão especial em torno dos cem anos de One Week, o primeiro filme realizado por Buster Keaton, que será acompanhada por uma conversa-palestra do crítico de cinema João Lopes sobre a forma como o filme se relaciona com vários momentos da história do Século XX, e a estreia da cópia restaurada de O Recado, de José Fonseca e Costa, numa parceria com a Cinemateca Portuguesa.

A programação do festival, que este ano se realiza entre 3 e 11 de Outubro, será revelado no decurso das próximas semanas, assim como os detalhes sobre a compra de bilhetes.

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