Já há datas para a 21ª Festa do Cinema Francês, que acontece nas cidades de Lisboa (8 a 21 de Outubro), Porto (26 de Outubro a 4 de Novembro), Coimbra (21 a 24 de Outubro) e Almada (14 a 18 de Outubro) entre os dias 8 de Outubro e 4 de Novembro – e que, entre muitos filmes, irá apresentar 12 ante-estreias. Ficam as devidas apresentações à boleia do press que aterrou na redacção.
É uma das imagens de marca do festival que há 20 edições espalha por todo o país as mais interessantes novidades da cinematografia francesa. A edição 2020 da Festa do Cinema Francês propõe 12 ante-estreias de filmes de produção recente, num olhar transversal sobre a ficção e documentário produzidos em França. Do novo filme protagonizado por Juliette Binoche, ao olhar sobre a histórica figura de Charles De Gaulle, passando pela adaptação para cinema da seminal obra de Thomas Piketty, O Capital no Século XXI, e pela aguardada sequela de O Sequestro de Michel Houellebecq, Thalasso, são vastas e multiversas as propostas para acompanhar em Lisboa, Porto, Coimbra e Almada.
É sabido que Martin Provost está muito à vontade na construção de personagens femininas. No seu mais recente filme, viaja até à província francesa em plena véspera do Maio de 68 para nos entregar uma fresca comédia sobre a igualdade de género. Em A Boa Esposa, voltamos a encontrar-nos com Juliette Binoche, aqui no papel de Paulette Van Der Beck, a dona de uma escola de formação para boas donas de casas que vê as suas certezas vacilarem quando o marido morre e fica falida. Com interpretação da multi-galardoada Isabelle Huppert, Agente Haxe segue a derrocada profissional de Patience Portefeux, polícia-intérprete na unidade de narcotráfico que, na tentativa de ajudar alguém próximo, acaba por embarcar numa nova carreira como “madrinha” do crime organizado.
É ainda no universo feminino que encontramos Nem Uma, Nem Outra, o novo filme de Anne Giafferi que acompanha a história de uma actriz, de meia idade, forçada a contratar uma dupla depois de uma cirurgia estética falhada. Uma longa, que volta a “calcar os calos” à classe média francesa e ao lado hipócrita que ela tenta esconder, num filme que não deixa de ser uma crítica a uma indústria que, aqui e ali, ainda privilegia a juventude ao talento.
Ainda no campo da comédia, e cinco anos passados sobre O Sequestro de Michel Houellebecq, Thalasso volta a construir uma narrativa inebriante e hilariante em torno do famoso escritor francês e do seu sequestro, num filme que conta com interpretações de Gérard Depardieu e do próprio Houellebecq.
Situado no início da Segunda Guerra Mundial, De Gaulle apresenta-nos um impressionante Lambert Wilson a assumir o papel do general que, acabado de assumir o seu posto, quer mudar o curso do mundo. O novo filme de Gabriel Le Bomin, mistura a História e o romance, mostrando-nos dois lados de um mesmo homem: o militar e o familiar.
Baseado no bestseller internacional do economista Thomas Piketty, O Capital no Século XXI propõe uma reveladora jornada pela riqueza e pelo poder, num documentário que desmonta o popular pressuposto de que a acumulação de capital acompanha o progresso social, lançando uma nova luz sobre as crescentes desigualdades da actualidade.
Adaptado do romance homónimo de Ivan Calbérac, Veneza Não é na Itália conta a história de uma adolescente nascida no seio de uma família inclassificável, a história de um primeiro amor, milagroso e frágil. Uma viagem iniciática e incrível onde a vida muitas vezes passa despercebida, mas onde Veneza, será sempre o ponto de chegada.
Também com ligação à literatura, Queria ter Alguém à Minha Espera Num Sítio Qualquer da colectânea de contos homónima de Anna Galvada, para nos trazer um olhar descomprometido e próximo sobre as relações familiares, as suas disputas, os arrependimentos, as reconciliações, as tristezas, os ciúmes e a redenção.
O programa de ante-estreias da Festa do Cinema Francês integrará ainda as comédias Doutor?, de Tristan Séguéla, e O Melhor Ainda Está para Vir, de Alexandre de La Patellière e Matthieu Delaporte, Notre Dame de Paris, de Varélie Donzelli, e Play, a terceira longa de Anthony Marciano, que desenha o retrato da juventude dos anos 90, num olhar terno sobre o passar do tempo.
As novas confirmações juntam-se ao já anunciado programa Delphine Seyrig, Insubmusa, co-programado com a Cinemateca Portuguesa.
Mais detalhes da programação serão revelados nas próximas semanas. A Festa do Cinema Francês é organizada pela produtora Jangada, apoiada pela Embaixada de França e o Institut français du Portugal, em parceria com a rede das Alliances Françaises em Portugal.
PROGRAMAÇÃO ANTE-ESTREIAS
A BOA ESPOSA, Martin Provost, 2020 França, Bélgica, 109′
AGENTE HAXE, Jean-Paul Salomé, 2020, França, 106′
DE GAULLE, Gabriel Le Bomin, 2019, França, 108′
DOUTOR?, Tristan Séguéla, 2019, França, 90′
NEM UMA, NEM OUTRA, Anne Giafferi, 2019, França, 98′
NOTRE DAME DE PARIS, Varélie Donzelli, 2019, França, Bélgica, 88′
O CAPITAL NO SÉCULO XXI, Justin Pemberton e Thomas Piketty, 2019, França, Nova Zelândia, 103′
O MELHOR AINDA ESTÁ PARA VIR, Alexandre de La Patellière e Matthieu Delaporte, 2019, França, 117′
PLAY, Anthony Marciano, 2019, França, 108′
QUERIA TER ALGUÉM A MINHA ESPERA NUM SÍTIO QUALQUER, Arnaud Viard, 2019, França, 89′
THALASSO, Guillaume Nicloux, 2019, França, 93′
VENEZA NÃO É NA ITÁLIA, Ivan Calbérac, 2018, França, 95′
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