Alison Benjamin e Brian McCallum percorreram juntos um caminho de deslumbramento desde que, sensibilizados por notícias acerca da destruição dos habitats das abelhas, se inscreveram em 2006 num curso de iniciação da Associação de Apicultores de Londres. Desde então, aprenderam factos surpreendentes acerca desses insectos e apaixonaram-se por eles, tendo até fundado uma empresa, a Urban Bees, que pratica a apicultura em ambiente urbano. Do desejo de contribuírem para sensibilizar a opinião pública para a importância das abelhas nos ecossistemas terrestres, nasceu “A Abelha Boa” (Vogais, 2020), um livro que apresenta precisamente o que promete na capa: “Um elogio às abelhas e o caminho para as salvar”.
A obra está estruturada em quatro capítulos. O primeiro oferece uma visão panorâmica da diversidade de espécies de abelhas e das suas interacções com o meio ambiente, seguindo-se no segundo uma descrição dos produtos que delas obtemos e do seu impacto em algumas civilizações. O terceiro capítulo expõe as ameaças que enfrentam e o último explica como podemos ajudá-las. Por todos eles perpassa o carinho dos autores por estes insectos e a preocupação com o seu futuro, que também é o nosso.
De facto, ao polinizarem as plantas com flor, as abelhas desempenham na sua reprodução um papel crucial, que ainda não conseguimos imitar com igual eficácia. Dessa forma, asseguram indirectamente a sobrevivência da Humanidade, permitindo a renovação de grande parte do oxigénio que respiramos e dos vegetais que nós e os nossos animais consumimos. Todavia, várias ameaças colocam em perigo a existência das abelhas. Os seus habitats têm vindo a ser destruídos devido à agricultura intensiva, à expansão urbana e ao uso generalizado de pesticidas tóxicos. Ao mesmo tempo, as alterações climáticas e a competição com espécies invasoras, algumas das quais trazem novos parasitas e microrganismos infecciosos, contribuem para um declínio populacional que já colocou várias espécies de abelhas em risco de extinção.
Partindo do princípio de que “não podemos salvar o que não amamos, e não podemos amar o que não conhecemos”, os autores enumeram uma diversidade impressionante de espécies e respectivos comportamentos, tais como as várias técnicas de construção de lares,ou meios de defesa distintos do ferrão, que podem consistir em mandíbulas poderosas para morder intrusos, ou na excreção de ácido para afugentá-los. Especialmente fascinantes são os pormenores da organização das colónias e a precisão da “dança”, através da qual uma abelha indica às companheiras a distância a que encontrou alimento, bem como a direcção seguida.
Numa linguagem acessível, com explicações dos termos científicos necessários à compreensão por parte dos leitores não familiarizados com o tema e recurso a ilustrações abundantes, Alison Benjamin e Brian McCallum procuram levar-nos a apreciar as abelhas e a valorizar a sua acção no meio ambiente, fomentando o activismo em sua defesa. Nas suas próprias palavras, “apenas quando passamos a conhecer e a amar verdadeiramente algumas das muitas espécies de abelhas, nos seus muitos disfarces, é que podemos começar a ajudá-las. E então, talvez, poderemos salvar estas criaturas maravilhosas de cuja existência depende a nossa própria existência, antes que seja demasiado tarde”.
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