Já são conhecidas algumas confirmações para o programa de cinema do FEST – Novos Realizadores | Novo Cinema que, este ano, se realiza entre 2 e 9 de Agosto. Um ciclo de cinema de humor e de género a decorrer em formato drive-in, um destaque na cinematografia de Quentin Dupieux e Aik Karapetian, dez estreias nacionais e mais de cem curtas de uma nova geração de realizadores são os primeiros avanços do programa de cinema para o evento que voltará a decorrer na cidade de Espinho. Fica toda a informação disponível à boleia dos press releases que nos chegaram à redacção.
Mais conhecido pela sua carreira musical enquanto Mr. Oizo (nome fundamental do french touch), Quentin Dupieux tem conquistado, ao longo da sua faceta como cineasta, um lugar cimeiro numa lista de nomes de contra-vaga do cinema francês. Nunca colocando em causa a importância da cinematografia clássica do seu país, essa que é ainda hoje uma referência incontornável a nível mundial, Dupieux é hoje um cineasta de culto, com uma série de comédias surreais sobre personagens ímpares, perpetuamente desconectadas das normas básicas da vida em sociedade, mas que directa e indirectamente representam muitas das nossas ânsias e necessidades colectivas. Tendo como arma fundamental o humor negro, a sua filmografia desenha um espaço onde o absurdo se conjuga com uma estética única, resultando numa experiência verdadeiramente original, essencial e que rapidamente se está a transformar num género por si só. Na secção do Be Kind Rewind, serão mostrados Reality, a história de um actor que procura incessantemente pelo grito mais genuíno da história do cinema, e o mais recente 100% Camurça, um filme sobre um homem de tal maneira obcecado pelo seu casaco de camurça, que ambiciona tornar-se no último homem do planeta a vestir um casaco.
Na edição 2020 o FEST vai ainda centrar atenções num dos países mais desconhecidos do panorama cinematográfico Europeu: a Letónia. Apesar da já longa tradição na sétima arte, o cinema letão não tem sido capaz de captar tanto interesse e devoção como outros exemplos na região do Báltico. Um facto que muda com o surgimento de uma nova geração de cineastas que ameaça tornar-se num caso sério de sucesso. A encabeçar a lista, Aik Karapetian, cuja mistura entre realismo social e cinema de género tem vindo a revelar-se um cocktail irresistível para o circuito internacional de festivais de cinema. O FEST exibirá a sua primeira longa-metragem People Out There e aquela que é considerada a sua obra-prima até à data Man With the Orange Jacket. Este ciclo dedicado ao novo cinema letão exibirá também obras recentes de artistas emergentes como Signe Birkova, Kristiāna Šuksta e Kārlis Vītols.
A criação da primeira sala drive-in em Espinho é uma das grandes novidades desta 16ª edição do FEST. Para a habitar, o festival apresenta um extenso programa de cinema que se divide entre a comédia e o cinema de género. No campo do humor, destaque a Force Majeure, do multi-galardoado cineasta sueco Ruben Ostlund, Woman at War, do islandês Benedict Erlingsoon, e à curta, I’ll end up in jail, do canadiano Alexandre Dostie. Após a meia noite, o programa deste novo espaço olha o cinema de terror. Palavra especial aqui para a estreia nacional de Increadably Shrinking Weekend, de Jon Mikel Caballero, o notável Vendeta, de Coralie Fargeat, e O Cadáver de Anna Fritz, de Hèctor Hernández Vicens. Para além das longas-metragens, terão ainda lugar duas sessões de curtas, com destaque para o multi-galardoado Souls of Totality, de Richard Raymond, e A Estranha Casa da Bruma, do português Guilherme Daniel.
PROGRAMAÇÃO
DRIVE-IN & MIDNIGHT SESSIONS
Longas-metragens
Force Majeure, Ruben Östlund
Revenge, Coralie Fargeat
The Corpse of Anna Fritz, Hèctor Hernández Vicens
The Incredible Shrinking Wknd, Jon Mikel Caballero
Woman at War, Benedikt Erlingsson
Curtas-metragens
Attachment, Kasia Babicz
A Estranha Casa na Bruma, Guilherme Daniel
Bottleneck, Måns Berthas
Goodbye Barbara, Mariel García Spooner
HEN, Janna Kemperman
Homemade, Zulma Rouge
I’ll End Up in Jail, Alexandre Dostie
Idols Never Die, Jerome Yoo
Into The Night, Sergiu Zorger
Jackpot, Cristian Casado, Dennis Gleiss
Limbo, Daniel Viqueira
Mata, Fábio Rebelo
Nausea, Thomas Webber
Night Shift, David Dybeck
No Filter, Manu Montejo
Offbeat, Myrte Ouwerkerk
Ramen, Rubén Seca
Souls of Totality, Richard Raymond
Spandex – a tight story about masculinity, Michael Kunov
The Bris Of Michael Moshe Solomon, Coral Amiga
The Plunge, Simon Ryninks
The Travelers, Davi Mello
Them, Robin Lochmann
FOW
Longas-metragens
People Out There, Aik Karapetian
The Man in the Orange Jacket, Aik Karapetian
Curtas-metragens
Discreet, Žulijennuhums Amadu Kuļibaļi
Enlightenment, Kristiāna Šuksta
He Was Called Chaos Bērziņš, Signe Birkova
Still Life, Anna Ansone
The End, Kārlis Vītols
BE KIND REWIND
Deerskin, Quentin Dupieux
Reality, Quentin Dupieux
Entre o amor e o confronto, são as relações humanas a marcar as dez estreias nacionais da competição do FEST
Num ano que ficará marcado pelo distanciamento social, o cinema chega-nos como uma ferramenta essencial para o contacto. Sob o tema, As Close as Far Away Can Be, a programação de longas metragens da competição internacional do FEST traz até às salas as histórias de amor e de luta, de guerra e de descoberta, de libertação e de morte, numa selecção de dez filmes que se estreiam, em Agosto, nas salas de cinema portuguesas. A competição internacional, que este ano integra 10 obras de cineastas emergentes , vai decorrer, em simultâneo, em Espinho (Auditório da Junta de Freguesia de Espinho e Cinema Drive-in), no Porto (Cinema Trindade e Casa Comum/ Reitoria da Universidade do Porto) e em Lisboa (Cinema Ideal).
Argélia, 1997, um grupo de jovens raparigas organiza um desfile de moda. É neste cenário de luta contra a opressão que se posiciona Papicha, a primeira obra da francesa Mounia Meddour. Um retrato complexo de uma geração de mulheres forçada a confrontar um patriarcado todo poderoso, estreado mundialmente na secção Un Certain Regard de Cannes. Estreado também com grande expectativa, Jumbo ambiciona quebrar muitas barreiras. Começa logo pelo tema, ao ficcionar a paixão de uma mulher por um objecto inanimado, continua na estética ambiciosa e estrutura narrativa, que mistura elementos do Realismo Social com o Cinema Fantástico. Um dos grandes triunfos do ano, a colocar Zoé Wittock na lista de cineastas europeus a acompanhar. Com interpretações de Ben Mendelsohn e o youtubber Toby Wallace, Babyteeth, de Shannon Murph, cria um retrato enternecedor e provocador sobre as diferentes formas de lidar com a doença. Comédia negra singular, Patrick, de Tim Mielants, apresenta uma panóplia de personagens deliciosas, a habitarem um thriller policial tenso, repleto de twists e transições inesperadas no seio de uma comunidade nudista. A primeira longa-metragem de Maura Delpero, Maternal, oferece-nos diferentes visões do conceito de maternidade, e obrigando-nos a ponderar o que significa, de facto, ser mãe. Obra a reinventar o subgénero do cinema de favela, Pacificado, de Paxton Winters, leva-nos pelo dia-a-dia de uma família a viver na favela, num Brasil a braços com a convulsão social, no conturbado período que antecedeu a realização dos jogos olímpicos. A Dinamarca é frequentemente descrita como um paraíso social, mas o mundo do crime é indiferente às estatísticas e prolifera por toda a parte. Um outro olhar sobre uma das sociedades mais desenvolvidas no mundo, aqui na estreia em longa metragem de Jeannete Nordhal, Wildland.
O conflito na Ucrânia continua ser uma das maiores incógnitas da cena mundial e um tema central de muito do cinema documental europeu. Em Earth is blue as an orange a cineasta Iryna Tsilyk viaja para a frente de guerra para conhecer uma pequena família que tenta lidar com um dia a dia onde a ameaça é constante. Viagem também por questões historicamente constantes em Lovemobil, de Elke Lehrenkrauss, um filme que traça um retrato cru sobre a prostituição de rua na Alemanha contemporânea.
Fechar a lista de estreias em competição com Meanwhile on Earth, um filme que desmistifica o que se passa por detrás das câmaras de cremação, o dia-a-dia de um coveiro e as conversas dos motoristas de carrinhas funerárias. Contraído com um sentido de humor inquestionável, o trabalho de Carl Olson é um autêntico triunfo do cinema documental, que nos obriga a sorrir com as mais “infelizes” das ocupações profissionais.
PROGRAMAÇÃO
Babyteeth, Shannon Murphy, Australia, 2019, fic., 118´
Jumbo, Zoé Wittock, França, Bélgica, Luxemburgo, 2020, fic., 93′
Lovemobil, Elke Margarete Lehrenkrauss, Alemanha, 2019, doc., 103′
Maternal, Maura Delpero, Itália, Argentina, 2019, fic., 91′
Meanwhile On Earth, Carl Olsson, Suécia, Dinamarca, Estónia, 2020, doc., 72′
Pacificado, Paxton Winters, Brasil, fic., 2019, 120′
Papicha, Mounia Meddour, Algéria, França, Bégica, Qatar, 2019, fic.,108′
Patrick, Tim Mielants, Bélgica, 2019, fic., 97′
The Earth Is Blue as an Orange, Iryna Tsilyk, Ucrânia, Lituânia, 2020, doc., 74
Wildland, Jeanette Nordahl, Dinamarca, 2020, fic., 90′
Mais de cem curtas em estreia no FEST para um retrato sobre a nova geração de realizadores
A ficção, o documentário, a animação e o cinema experimental não-narrativo voltam a assumir todo o destaque da competição internacional de curtas do FEST – Novos Realizadores | Novo Cinema. A ter lugar entre os dias 2 e 6 de Agosto em Espinho, o festival apresentará 70 curtas metragens nas duas principais competições, Lince de Prata e Grande Prémio Nacional. A destacar as estreias em Portugal, os multipremiados Postcards From The End of The World, Virago,Excess Will Save Us e Acid Rain, filmes que prometem provocar muito debate na edição deste ano.
Konstantinos Antonopoulos estava longe de imaginar que a sua curta sobre o apocalipse viria a ser descrita como actual ou familiar. Postcards From The End of The World ganhou o prémio para melhor comédia no festival de Aspen no início da pandemia e, desde então, tem vindo a suscitar a atenção e louvor de espectadores em todo o mundo. A curta, que se estreia no FEST, conta a história de um casal que se encontra de férias numa ilha grega com os filhos quando a civilização humana colapsa. Baseada em factos reais e rodada nas áreas mais rurais da Estónia, Virago, de Kirli Kirch Schneider, cruza a realidade com o mito levando-nos pela história de uma aldeia onde nenhum homem consegue passar a barreira dos 40 anos. Nos limites entre o humor e a tragédia encontramos também Excess Will Save Us, um documentário de Morgane Dziurla-Petit sobre Villereau, a pequena vila onde cresceu e que, um dia, se achou vítima de um ataque de terrorista. Uma tragicomédia sobre a paranóia e os julgamentos que fazemos uns aos outros. Acid Rain, de Tomek Popakul, é indiscutivelmente uma das mais faladas curtas de 2019. Lançada online durante uma janela temporal muito limitada, esta ficção animada reserva-nos um muito particular olhar sobre a cultura rave. De retina bem aberta, o espectador é convidado a seguir a viagem do protagonista rumo a lugar nenhum, numa das mais distintivas história de coming of age dos últimos meses.
Na lista de filmes seleccionados destaque ainda para The Golden Buttons, um olhar sobre a militarização dos jovens russos estreada no Vision du Réel deste ano, La Laguna Negra, uma viagem pela espiritualidade peruana estreado em Roterdão ou The Vibrant Village, que acompanha o dia-a-dia de homens e mulheres numa pequena vila da Hungria, questionando a nossa percepção sobre a indústria do sexo e estreado no Festival de Documentário de Sheffield.
O cinema português mantém a sua posição de destaque no programa do FEST com uma série de obras de novas figuras da cena nacional. Na principal competição dedicada ao cinema português no festival, destaque para o regresso de António Sequeira, vencedor do GPN do ano passado, com As Cartas da Minha Mãe, de Miguel De com The Kiss, de João Monteiro com Principe. Nota especial ainda para um conjunto de obras que concorrem, em simultâneo, para a competição internacional, Erva Daninha de Guilherme Daniel, (In)dividual de Beatriz Bagulho e When the Light Goes Out de Tânia Prates.
Comprometido com o apoio à criação de oportunidades para novos realizadores, o FEST volta a integrar a competição NEXXT, secção dedicada a mostrar alguns dos melhores trabalhos produzidos em escolas de cinema de vários pontos do planeta, oferecendo uma oportunidade rara de conhecer as novas tendências do cinema mundial. O programa deste ano incluiu trabalho de escolas conceituadas como são os casos da FAMU, Wien Film Akademie, DFFB, entre outras.
PROGRAMAÇÃO
LINCE DE PRATA
Documentário
All Cats Are Grey in the Dark, Lasse Linder, Suíça, 18′
Ascona, Julius Dommer, Alemanha, 15′
Black Lagoon, Felipe Esparza, Perú, 30′
Excess Will Save Us, Morgane Dziurla-Petit, Suécia, 14′
Howling, Parsa Bozorgani, Irão, 8′
Mensch Maschine or Putting Parts Together, Adina Camhy, Austria, 8′
Our Territory, Mathieu Volpe, Bélgica, 20′
Superheroes Without Superpower, Beatrice Baldacci, Itália, 13′
The Golden Buttons, Alex Evstigneev, Rússia, 19′
The Vibrant Village, Weronika Jurkiewicz, Polónia, 6′
Then Comes the Evening, Maja Novaković, Sérvia, 27′
Tony Fraginals, Ben Young, Reino Unido, 16′
When the Light Goes Out, Tânia Prates, Portugal, 5′
Ficção
All the Fires the Fire, Efthimis Kosemund Sanidis, Grécia, 24′
ANNA, Dekel Berenson, Reino Unido, 15′
Awaiting Death, Lars Vega, Isabelle Björklund, Suécia, 12′
Caranguejo Rei, Enock Carvalho, Matheus Farias, Brasil, 23′
Diagonal, Anne Thorens, Suíça. 6′
Erva Daninha, Guilherme Daniel, Portugal, 14′
Feu Soleil, Aliha Thalien, França, 30′
Gusts of Wild Life, Jorge Cantos, Espanha, 24′
Home Sweet Home, Agata Puszcz, Polónia, 21′
Involuntary Activist, Mikael Bundsen, Suécia, 19′
Lucia En El Limbo, Valentina Maurel, Bélgica, 20′
Marshmallows, Duván Duque, Colômbia, 15′
Nothing to See Here, Gabrielle Vigneault-Gendron, Canadá, 17′
Postcards from the End of the World, Konstantinos Antonopoulos, Grécia, 23′
Silent as Murderers, Lauri-Matti Parppei, Finlândia, 16”
Stay Awake, Be Ready, Pham Thien An, Vietname, 14”
Sticker, Georgi M. Unkovski, Macedónia, 19”
The Rudeness of a German Lady, Silva Ćapin, Croácia, 15”
Things Like, Kálmán Nagy, Áustria, 25”
Unnamed, Chun-yu Chang, De-Gao Hong, Taiwan, 29”
Virago, Kerli Kirch Schneider, Estónia, 15”
Animação
(In)dividual, Beatriz Bagulho, Portugal, 4’50”
#21xoxo, Sine Özbilge, Bélgica, 9’51”
Acid Rain, Tomek Popakul, Polónia, 25′
Daughter, Daria Kashcheeva, República Checa, 14’44”
Imbued Life, Ivana Bosnjak, Thomas Johnson, Croácia, 12’15”
Intermission Expedition, Wiep Teeuwisse, Holanda, 8’21”
Riviera, Jonas Schloesing, França, 15’27”
SH_T HAPPENS, Michaela Mihalyi, David Štumpf, República Checa, 13’07”
Story, Jolanta Bankowska, Polónia, 5’08”
Such a Beautiful Town, Marta Koch, Polónia, 8′
The Coin, Siqi Song, China, 6’40”
Why Slugs Have no Legs, Aline Höchli, Suíça, 10’44”
Experimental
At the Entrance of the Night, Anton Bialas, França, 19′
Donut Paradise, Erdem Arslan, Turquia, 5’45”
I Don’t Exist Yet, Susanna Flock, Austria, 13’42”
I Will Go Backwards of Our Path, Mattia Biondi, Itália, 2’50”
Keygrip, Nasos Gatzoulis, Grécia, 6’05”
Mary, Mary So Contrary, Nelson Yeo, Singapura, 15′
Orbit, Tess Martin, Holanda, 6’49”
Others, Grace Rex, EUA, 13’05”
Thanatos, Luiza Fagá , Brasil, 7’23”
Vitiligo, Soraya Milla, França, 6’29”
WALD, Floortje Pols, Holanda, 11’14”
GRANDE PRÉMIO NACIONAL
(In)dividual, Beatriz Bagulho, Portugal, 5′
A Mãe de Sangue, Vier Nev, Portugal, 6′
Alvorada, Carolina Neves, Portugal, 13′
Ara, Susana Ramalho Marques, Portugal, 13′
As Cartas da Minha Mãe, António Sequeira, Portugal, 16′
Banho Santo, Bruno Saraiva, Portugal, 20′
Em Junho, Henrique Brazão, Portugal, 16′
Erva Daninha, Guilherme Daniel, Portugal, 14′
No, in my Room, Luís Azevedo, Portugal, 9′
Os Monstros só Saem à Noite, João Pedro Ferreira, Portugal, 15′
Príncipe, João Monteiro, Portugal, 11′
Sofia, Filipe Ruffato, Gonçalo Viana, Portugal, 10′
Somewhere in Outerspace This Might Be Happening Somehow, Paulo Malafaya, Portugal, 17′
Um Retrato de Borboletas, Henrique Prudêncio, Portugal, 11′
When The Light Goes Out, Tânia Prates, Portugal, 5′
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