E eis que, ao terceiro volume de Gideon Falls, assentamos arraiais no ano de 1886, que parece ser a chave para a imensa “Via Sacra” (G. Floy, 2020) que vai minando a sanidade de cada uma das personagens desta premiada série, às voltas com um celeiro negro que aparece e desaparece quando lhe dá na telha. Série que resulta de uma parceria entre Jeff Lemire (Descender, Roughneck: Um Tipo Duro) – argumento -, Andrea Sorrentino (Velho Logan) – desenho – e Dave Stewart – cores.
Logo a abrir dá-se uma inesperada revelação com o selo da religiosidade, e por esta altura o leitor pensa que só vai lá com um mapa. A verdade é que o padre Burke persegue um cruel e perverso assassino até Gideon Falls, mas no ano de 1886. Um assassino que, aparentemente, consegue viajar através do tempo e do espaço, e que dá pelo nome de Norton Sinclair. Alguém que, se lhe perguntarem de quem se trata, responde invariavelmente desta forma: “Sou a sombra ao centro”.
Gideon Falls está em modo 1984, Orwell style, transposto para um remake da série alemã Dark com realização de Stephen King. Este terceiro volume, que assinala a metade da série, oferece-nos coisas tão maradas quanto o Pentóculo, um número sagrado composto pelo louco, o soldado, o pescador, o médico e o padre.
Clara, a Xerife, está mais perto de encontrar o irmão Danny, mas para isso será mesmo necessário juntar as muitas peças e, na companhia do padre justiceiro Jeremiah Burke, construir um portal que tem a forma de um celeiro negro.
O argumento continua um mimo, os desenhos um festim e, quanto ao final, é servido com o requinte habitual pelo mestre Lemire, mostrando que o tempo de fazer a festa ainda está longe – festa aqui só mesmo para o leitor.
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