Imaginem Calvin & Hobbes com umas pequenas variações, entre trocas de género e animal imaginário, e darão de caras com Bia e o Unicórnio, uma série que, desde o primeiro volume, se tornou num caso sério de popularidade, sobretudo em terras do Tio Sam.
A série foi criada por Dana Simpson que, entre 1998 e 2008, escreveu a banda desenhada online Ozy and Millie. Em 2009, depois de vencer o concurso Comic Strip Superstar, patrocinado pela Amazon, assinou um contrato com a Andrews McMeel Syndication para desenvolver esta série protagonizada por Bia, uma miúda com uma imaginação apreciável, e o seu melhor amigo Unicórnio, afundado num narcisismo tremendo que o faz responder desta forma sobre qual é o sentido da vida: “Ser um unicórnio” – ou, em alternativa e dirigindo-se a Bia, “encontrar um unicórnio no qual te possas sentar”.
Em “Chapéus há muitos, Unicórnio!” (Nuvem de Letras, 2020), um conjunto de tiras onde cada mini-história decorre, quase sempre, numa página com muita cromice à mistura, fala-se de sindicatos de gatos e pedidos de atenção (mesmo que envolvam mosquitos), escrevem-se cartas a fãs e conhece-se alguém que dá pelo pomposo nome de Lorde Esplendidamente Humilde.
Prepara-se o regresso às aulas, conhece-se o pai natal secreto, arranja-se um estranho disfarce para a festa de Halloween, isto enquanto se arranja tempo para assuntos mais sérios, como pôr em causa o sistema do que – ou de quem – é fixe, defender o respeito pela opinião e vontade dos outros, lembrar que a partilha de tarefas é algo natural entre sexos ou fazer notar que os filhos, mesmo que partilhando valores e interesses, são independentes dos seus pais.
Pelo caminho, há ainda tempo de aprender máximas filosóficas como esta: “É difícil desfrutar da liberdade quando se está prestes a perdê-la”. Uma série de banda desenhada que irá deliciar os mais novos – mesmo aqueles que, até agora, nunca tiveram paciência para unicórnios.
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