Se é um daqueles leitores que até achava piada ao Punho de Ferro, mas que depois da adaptação a série pela Netflix o atiraria de bom grado a um tanque de crocodilos, eis que a redenção chega sob a forma de uma série a dois tempos: primeiro, com a excelência do trio Ed Brubaker, Matt Fraction e David Aja – nos três primeiros volumes; e, a encerrar a coisa, o efeito surpresa da dupla Duane Swierczynski e Travel Foreman, que puxa até ao limite pelo lado existencialista, meditativo e negro da existência e relacionamento humanos.
“Fuga da Oitava Cidade” (G. Floy, 2019), o quarto e último volume da saga O Imortal Punho de Ferro, começa desde logo com um salto temporal de uma década, onde uma criança, no coração de K`un-Lun, pede que lhe contem a verdade sobre a morte do seu pai.
Depois da revelação do mito e da lenda, é tempo agora de esmiuçar o destino que parece estar associado a cada um dos Punhos de Ferro, que aparentemente não conseguem ultrapassar as 33 Primaveras. Uma demanda que leva Danny Rand e companhia até à secreta Oitava Cidade do Céu à procura de respostas, onde parece ser fácil entrar mas uma tremenda maçada descobrir o caminho da saída.
Ao virar a última página, o leitor entrará em curto-circuito a tentar ligar todos os pontos temporais, desejando que este seja, apenas, um falso correr de cortina. Afinal, esta é uma daquelas histórias intemporais, que andarão a passar de geração em geração como uma espécie de As Mil e Uma Noites das artes marciais.
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