Berrar, gritar, bater no chão, espernear e desesperar são comportamentos típicos das crianças quando não conseguem satisfazer prontamente os seus desejos, revelando pouca tolerância à frustração. “Quero, Quero, Quero” (Caminho, 2019) conta-nos a história de um menino muito zangado, que vai pedindo cada vez mais furioso: “Quero… Quero… Quero… um bolinho!”.
Nem sempre é fácil para os pais e educadores lidar com estas situações. Há que ser firme e saber dizer “não”, encontrar outros antídotos e mostrar que o grito e a irritação não ajudam à resolução: “– Meu pequenino – diz a mãe – não gosto de te ver nesse estado. Para quê gritar e bater, tão agitado? Sei que queres um bolinho já, já, já, mas primeiro conta comigo até 10 … que acontecerá“ Primeiro o 1 depois o 2 a seguir o 3. E agora é a tua vez“. As técnicas de relaxamento também poderão dar uma boa ajuda: “inspira, expiiiiiiira”.
As ilustrações são fortes, significativas. Polly Dunbar recorre a frases curtas, as quais encontram suporte nos desenhos. A cada página, a paleta de cores marca o desenrolar da acção e das fases da birra, até à descoberta da tranquilidade que possibilita saborear cada trincadela. O recurso ao tom azul claro evidencia a tranquilidade que a criança vai conquistando, contrastando com a agressividade do vermelho – quer da capa, do título, dos riscos e rabiscos ou das guardas. A padronização destas últimas revela ritmo, fornecendo pistas sobre a narrativa. A transformação dos rabiscos, com a mesma cor e textura, em ternos corações, desperta o leitor para a evolução comportamental e emotiva do menino zangado, protagonista deste “Quero, Quero, Quero”.
Polly Dunbar é uma das mais reconhecidas autoras do Reino Unido, nasceu em Cotswolds e cresceu em Stratford-upon-Avon. Depois de terminar a escola, decidiu aprofundar a sua formação ao estudar arte na Norwich School of Art e com um curso em ilustração na Universidade de Brighton. Escreveu e ilustrou dezenas de livros para crianças.
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