Apetece-vos ler uma história aos quadradinhos que tenha o sobressalto do terror, a intriga de um thriller e o sumo da melhor das literaturas? E tudo isto com ilustrações que parecem ter sido inventadas por um tipo com as ideias desordenadas e tremores provocados pelo álcool e pelo medo? Pois bem, então dirijam-se à livraria mais próxima e agarrem em “Gideon Falls 1: O Celeiro Negro” (G. Floy, 2019), primeiro volume de uma série que promete muito susto e o nascimento de obsessões diversas, que conta com argumento de Jeff Lemire (Descender, Velho Logan, Black Hammer), desenhos de Andrea Sorrentino (Old Man Logan) e cores de Dave Stewart.
Wilfred, conhecido no mundo das rezas e dos crucifixos por Padre Fred, é enviado para Gideon Falls, onde chega com o seu ar meio rock and roll para substituir um padre que não acabou assim lá muito bem. Na mesma cidade vive Norton, um tipo que anda sempre de máscara, obcecado com buscas ao lixo, e que vai a consultas de psicoterapia, onde fala sobre o mal que segundo ele assola Gideon Falls: “Sentia-a a flutuar. A pairar sobre a cidade, uma pressão esquisita…uma escuridão à espera de descer”.
Norton esteve internado, e neste momento vai sobrevivendo com as técnicas de meditação prescritas pela sua terapeuta budista. Na sua obsessão, a catalogação é um sistema estranho mas muito bem montado, onde são separados e guardados em locais diferentes madeira, dobradiças, vidro e pregos, coisas que armazena pois tal lhe foi indicado em sonhos. Nada de estranho para alguém que foi encontrado na rua quando tinha cerca de 8/9 anos, sofrendo de amnésia e desorientação, lembrando-se apenas do seu primeiro nome.
Gideon Falls conta a história de um misterioso edifício, conhecido como Celeiro Negro, que segundo as lendas e os loucos mais loucos terá aparecido e reaparecido algumas vezes ao longo da história – terá sido visto pela primeira vez em 1794 -, arrastando a morte e a loucura na sua passagem.
As ilustrações de Sorrentino são esbatidas, imperfeitas e alienadas, misturando formas geométricas e abusando dos traços vermelhos, conseguindo, através de linhas e cores, transmitir o mundo de pânico, terror e medo criado por Lemire. Um pesadelo absolutamente obrigatório para fãs de Lemire, Sorrentino ou amantes de histórias de terror e ansiedade.
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