Fruto da colaboração entre uma equipa-maravilha constituída por Brian K.Vaughan – responsável por essa série maior de nome Saga -, Cliff Chiang – o lendário artista da Mulher-Maravilha – e Matt Wilson – encarregue de dar cor ao ambrulho dos outros dois -, Paper Girls é uma série sensacional, que merece ser seguida de muito perto.
No segundo e terceiro volumes, publicados em portugal com o selo da Devir em formato paperback, mergulhamos no imaginário dos anos oitenta à boleia do espírito sci-fi, a reboque de monstros incríveis e um grupo raparigas que nos faz olhar para questões como o sentimento de pertença, a procura da identidade e a dificuldade que é ser adulto nestes tempos modernos muito dados à estranheza.
Só para terem uma ideia do que poderão descobrir nestes dois volumes, quatro jovens vão tratando de descobrir jornais porta a porta em Stony Stream, nos subúrbios da cidade americana de Cleveland, para acabarem por se ver arremessadas do ano de 1988 para um distante e assustador 2016. Desse lado, o que pode uma repórter de 40 anos fazer quando dá de caras com si própria mas com apenas 12 anos de idade, a não ser, talvez, recitar mantras como estes: “O que é passado é epílogo”; “O presente não é uma prenda”; “O aqui e agora não é nem aqui nem agora”.
Mais à frente, temos também a descoberta das origens secretas das viagens no tempo, e daquilo que cada um é capaz de fazer para voltar a acertar os ponteiros do relógio e escolher a página do calendário de acordo com a sua época temporal própria.
Dilemas juvenis, violência e sangue, a bela da maternidade, linhas temporais, monstros domesticados, adolescentes a tornarem-se mulheres, num livro com um toque feminista que nos relembra um tempo bem menos tecnológico e intenso que o actual. Tudo à boleia de ilustraçõoes incríveis, que captam na perfeição mais um fantástico mundo saído da imaginação de Vaughan. Se há séries que deveriam ser obrigatórias, esta será certamente uma delas.
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