Uma série de más decisões. Imaturidade emocional. E sorte. Os ingredientes necessários para um livro morno para quem não é fã do estilo, mas possivelmente cativante para quem gosta de suspense.
O que impulsiona a história de uma mulher a vingar-se do seu chefe e em mergulhar numa (também morna) paranóia? A máfia russa. Stephen King afirmou, num dos seus livros – e pela voz de uma das suas personagens –, que é mais importante a verosimilhança do que o realismo. O que, no fundo, significa que não importa o contexto (fantástico? Mágico? Utópico? Paralelo?), desde que haja realismo e consistência na continuidade. Coloca-se, então, a grande questão: será assim com “29 Segundos” (Harper Collins, 2019), de T.M. Logan? Depende do leitor. Comigo, foi com esforço que aceitei o desenvolvimento da história.
Vejamos: Sarah é vítima de assédio sexual por parte do chefe. Sarah ajuda inadvertidamente uma criança na rua, à noite. Sarah recebe o contacto de um familiar do miúdo que, por acaso, é um membro da máfia russa, que se oferece para a ajudar em qualquer assunto. Sarah quer ver-se livre do chefe. Mas Sarah toma várias más decisões (mau julgamento da situação? Imaturidade? Medo? Entusiasmo? Não se sabe), e vê-se envolvida numa situação que lhe gera alguma paranóia e muito medo.
Não são poucos os exemplos de personagens que tomam decisões precipitadas e que se vêem no meio de uma situação inusitada, da qual se tentam livrar das mais variadas formas (“O Rapaz à Porta”, de Alex Dahl; “A Casa da Beleza”, de Melba Escobar – e tantos mais). Se é possível que estes thrillers partilhem espaços na prateleira com os mestres do género (Stephen King, Stieg Larsson, Dan Brown, Robin Cook), parece-me provável que fique um vazio no leitor que procure uma leitura entusiasmante, viciante e sem dúvidas sobre o seu realismo.
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