Karin Slaughter – só este nome já deixa o leitor com pele de galinha – é responsável pela criação de um dos mais estranhos agentes especiais do mundo da literatura. Para além de apresentar uma calma natural para lá do Xanax, um raciocínio muito acima da média e uma inabilidade tremenda para qualquer tipo de relação ou contacto humano, o agente especial Will Trent guarda a sete chaves um segredo que, se descoberto, fará com que tenha de trocar a vida de agente da lei pela de virador de hambúrgueres: é disléxico num grau bastante considerável.
Anos depois da publicação de livros como “Tríptico”, “Fraturado” e “Génesis”, que nos apresentaram a Trent e ao seu universo muito particular, chegou às livrarias “A Última Viúva” (Harper Collins, 2019), onde Trent é já um homenzinho, numa relação amorosa e muito estável com Sara Linton, uma médica forense rica que está no ramo do investimento, viúva de um polícia e que viveu um acontecimento traumatizante que a marcou para toda a vida.
Nesta nova aventura da série Will Trent, o coração de Atlanta é sacudido por duas enormes explosões, resultado de ataques terroristas que provocam uma série de mortes. Partida do destino, Will Trent e Sara Linton acabam por se ver no meio da cena do crime. Sara é sequestrada pelos terroristas e, mais tarde, Will tentará infiltrar-se num grupo que levará o conceito de seita a um patamar extremo.
Mais thriller que policial, com menos sangue e decididamente mais músculo, “A Última Viúva” é um livro que se lê em modo Velocidade Furiosa, uma corrida contra o tempo onde Karin Slaughter aproveita para lançar uma farpa aos fundamentalismos, ao machismo, à sociedade patriarcal, ao peso militar da sociedade americana e a estranhas pancas como achar que a vacinação só serve aos outros.
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