Joona Linna é, segundo a linguagem corrente usada por inspectores, detectives ou investigadores privados, um bad motherfucker. Criado pela dupla Alexander Ahndoril e Alexandra Coelho Ahndoril, que para poupar no toner decidiu assinar como Lars Kepler, Joona é o protagonista de uma das sagas policiais modernas com mais e melhor consistência, que teve início com “O Hipnotista” e que está, agora, de regresso às livrarias com o sétimo livro, intitulado “Lazarus” (Porto Editora, 2019).
Tudo começa com a descoberta, num apartamento em Oslo, de um corpo em decomposição, aparentemente de um tipo dedicado a saquear túmulos e a coleccionar todo o tipo de troféus, guardados no congelador no lugar onde deveriam estar pizzas, filetes de peixe e gelados para afogar e celebrar mágoas. Entre um coração cortado em avançado estado de decomposição e uma língua ensanguentada estava, também, o crânio de Summa, a mulher de Joona, enterrada num cemitério não muito perto dali.
Apenas uns dias mais tarde, Joona Linna, acabado de regressar de uma temporada de um período de trabalho de utilidade pública como polícia num bairro de Norrmalm, em Estocolmo – que substituiu a inicial pena de quatro anos de prisão a que foi condenado -, é contactado por uma inspectora da polícia alemã, no sentido de a ajudar com um homicídio. Quando percebe que a vítima lhe tentou ligar momentos antes de morrer, Joona descobre um estranho padrão: ambas as vítimas estão de certa forma ligadas a si. E, pior que isso, relacionadas com Jurek Walter, que segundo Joona “escavava as pessoas por dentro…e deixava-as vazias” – e que para todos os efeitos estará morto.
O volume termina com um descarado escancarar da porta à continuação mas, até lá, a galeria de personagens à disposição do leitor garante-lhe uma lamela de comprimidos suficiente para manter o suspense em altas durante todo o volume: o Castor, que diz ter um sexto sentido que faz com que saiba quem vai morrer primeiro assim que entra numa sala; Valeria, a namorada de Joona, que se dedica à arte floral e a tudo o que pode caber numa estufa; ou Saga Bauer, responsável pela morte de Jurek Walter e que, desde então e segundo Joona, ficou com “qualquer coisa de obscuro nela”. Até breve, Mr. Linna. Mr. Joona Linna.
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