Andréa Zamorano anda pelos lados da escrita há pouco tempo, mas isso não impede que a autora muito tenha para dizer. Com “A Casa das Rosas” (Quetzal Editores, 2015), o seu primeiro romance, a escritora de origem carioca “finca” a sua posição no rol de escritoras femininas a escrever em português. Porque, mais do que um romance, “A Casa das Rosas” é uma afirmação do poder feminino.
Eulália é fruto do ambiente em que vive. Vai de carro com motorista para a faculdade, mas esconde do pai os bolinhos de mandioca com mel («O Pápá (…) dizia que era comida suja, comida dos pobres»). A asfixia psicológica causada pelo pai tirano, um vestido de noiva, um sagui irrequieto e um sedutor cheiro a rosas leva à implosão de Eulália, que se insurge contra uma opressão que já se verificava na geração anterior. Eulália é prisioneira, Maria é livre, mas ambas têm o mesmo objetivo: a descoberta do paradeiro de sua mãe.
Tal como a sedução e o misticismo presentes na obra, mais se poderia dizer. Ainda assim, a falta de palavras na linguagem simples e fluida de Zamorano expressa até o pensamento mais recôndito das personagens, num silêncio esclarecedor. Tudo o que fica por dizer não interessa. E sim, Andréa Zamorano consegue ser uma força da natureza.
Sem Comentários