Serão mais de duas centenas e meia de filmes que, entre 2 e 12 de Maio, irão escrever a história final da 16ª edição do IndieLisboa Festival Internacional de Cinema. Uma programação diversa que, este ano, olha de forma transversal a cinematografia brasileira, fazendo-a um dos destaques na secção Herói Independente; dedica um ciclo retrospectivo à grande musa do cinema francês, Anna Karina; destaca, entre outros, o trabalho singular da dupla Caroline Poggi e Jonathan Vinel na secção Silvestre; ou compila a mais interessante produção recente nas competições principais e IndieJúnior. Uma programação que promove o diálogo entre diferentes gerações e geografias do cinema, que se liga às urgências políticas, sociais e estéticas do globo e que se quer de descoberta e festa.
“The Beach Bum: A Vida Numa Boa” segue as desventuras hilariantes de Moondog (Matthew McConaughey), um “chico-esperto” que vive sempre de acordo com as suas próprias regras. Co-interpretado por Snoop Dog, Zac Efron e Isla Fisher, “The Beach Bum: A Vida Numa Boa” é uma refrescante comédia do realizador Harmony Korine para ver, em antestreia, na sessão de abertura do IndieLisboa, marcada para dia 2 de Maio no Cinema São Jorge.
“Synonymes”, vencedor do Urso de Ouro de Berlim, fará as honras de encerramento do festival. O filme de Nadav Lapid conta a história de um jovem israelita que rejeita o seu país e a sua língua, para viver em Paris.
De regresso ao festival está, ainda, a filmografia de Mike Leigh, um dos mais consagrados cineastas britânicos da actualidade. Em exibição na secção Silvestre estará “Peterloo”, uma reconstituição do massacre com o mesmo nome, resultante do ataque da coroa britânica a uma pacífica manifestação pro-democracia.
“I Was at Home But”, de Angela Schanelec, vencedor do Urso de Prata em Berlim, estreia também nas salas do IndieLisboa. Um comovente drama que acompanha a forma como as questões existenciais de uma adolescente podem redefinir o olhar dos adultos que a rodeiam.
Também vencedor em Berlim e com passagem pelo IndieLisboa, “Three Faces”, de Jafar Panahi (realizador em prisão domiciliária por acusação de propaganda anti-regime), junta três actrizes em diferentes estados da sua carreira para, através delas, questionar algumas das mais enraizadas tradições da sociedade patriarcal iraniana.
Atenção especial para os 17 filmes da competição nacional, uma selecção que reforça o papel cada vez mais importante da produção nacional no IndieLisboa, uma das áreas que mais espectadores tem trazido às salas do festival. Foi o grande vencedor do principal prémio do programa First Look no Festival de Locarno para obras em fase de pós-produção, e é o único filme nacional seleccionado para o Festival Cinéma du Réel: “Campo”, de Tiago Hespanha, é um filme-ensaio na maior base militar da Europa, que reflecte sobre o físico e humano, o transcendente e mundano.
Felipe Bragança e Catarina Wallenstein buscam em “Tragam-me a Cabeça de Carmen M.” uma representação histórica do Brasil. Ana, a personagem principal, mergulha no actual pesadelo político brasileiro, enquanto se prepara para encarnar o papel da fantástica luso-brasileira Carmen Miranda. Um filme sobre a criação artística de um país a braços com uma constante busca pela paz social. Depois de “Quatro Horas Descalço, Antero” e “Nyo Vweta Nafta”, é com “Alva” que Ico Costa regressa ao IndieLisboa. A primeira longa-metragem do realizador visita a história de Henrique, um homem que, após cometer um homicídio, se refugia na floresta. Rodado em 16mm, num estilo progressivamente imersivo, a obra transporta-nos para esse espaço de solidão, questionando-nos sobre o que realmente move o protagonista. Regresso também para Catarina Ruivo com “A Minha Avó Trelototó”. Um filme sobre a ausência, juntando tempos e registos (vídeos, cartas, fotografias) numa homenagem tocante à memória da sua avó.
Baseado na peça homónima de Tiago Rodrigues, “Tristeza e Alegria na Vida das Girafas” acompanha a aventura de uma menina e o seu urso de peluche suicida por uma Lisboa onde a crise espreita a cada encontro. Realizado por Tiago Guedes (“Coro dos Amantes”, IndieLisboa 2014), esta é uma comédia doce e triste que conta com os desempenhos de Miguel Borges, Tonan Quito, Maria Abreu, Gonçalo Waddington e Miguel Guilherme.
Em “Mar”, Margarida Gil resume a memória da epopeia marítima portuguesa, a polaridade Ocidente/Oriente e o embate com o actual drama dos refugiados. O filme conta com as interpretações de Maria de Medeiros, Pedro Cabrita Reis, Catarina Wallenstein, Nuno Lopes e Augusto Amado.
Nas curtas, palavra especial para as estreias dos filmes de Susana Sousa Dias (Fordlândia Malaise), Catarina Mourão (O Mar Enrola na Areia), Pedro Cabeleira (Filomena) e Jorge Jácome (Past Perfect). A produção nacional recente marca presença também nas sessões especiais, com a estreia nacional de “Hotel Império” de Ivo Ferreira, que trará também ao festival a antestreia da série “Sul, Understory”, de Margarida Cardoso, Donzela Guerreira, de Marta Pessoa e “Um Ramadão em Lisboa”, de Catarina Alves Costa, Amaya Sumpsi e Carlos Lima.
A programação completa para o IndieLisboa 2019 estará disponível, a breve trecho, no site do festival, onde poderão ser ainda descobertos a sessão especial de animação polaca infantil dos anos 60 e 70, o cine-concerto realizado em parceria com a Casa da Música, os filmes mais extremos da secção Boca do Inferno, o programa de conversas e indústria do evento, assim como os vários momentos de encontro entre o cinema e outras áreas artísticas.
Depois de em 2018 ter contado com a então promessa Conan Osiris, a festa de Antecipação do IndieLisboa 2019 convida o Casório para um concerto com dois nomes consolidados no panorama musical português: Norberto Lobo e Chullage.
No próximo dia 24 de Abril, nas Carpintarias de São Lázaro, o IndieLisboa junta-se ao Casório Jameson Caskmates & Musa. Neste encontro, a ter lugar nas Carpintarias de São Lázaro, unem-se os talentos de um dos mais interessantes guitarristas da actualidade e uma das mais respeitadas vozes do hip hop nacional. Uma noite em que a música dá o nó e faz nascer uma experiência irrepetível através da união entre da família rap e da família folk.
Considerado como uma das mais singulares figuras da música nacional da actualidade, parece não haver limites para o território que a música de Norberto Lobo consegue trilhar. Artista independente, empírico e inquieto, lançou, a solo, sete dos mais aclamados discos da música portuguesa dos últimos anos. “Estrela”, lançado na Primavera de 2018, volta a oferecer-nos uma entrada para a inquietude estética e a linguagem musical que tem vindo a desenvolver. Num dos seus mais recentes projectos colaborativos juntou-se a Marco Franco e Bruno Pernadas para criar Montanhas Azuis, colhendo, novamente, um coro de elogios de crítica e público.
Conhecido pela consciência social e política, Chullage é um dos mais fortes nomes do hip hop nacional. Autor de hinos como “Rhymeshit Que Abala” e “National Ghettographik”, o seu último álbum “Rapressão” remonta a 2012. O seu carisma, palavras certeiras e cortantes e canções de protesto e de urgência fazem dele um dos maiores e mais importantes rappers portugueses em actividade.
O padrinho deste casamento certeiro será Rui Miguel Abreu, que tomará conta da pista de dança depois dos concertos. Escritor, coleccionador e crítico de música, é um dos maiores conhecedores e divulgadores de rap e hip hop em Portugal. Esteve na origem de programas como a “Nação Hip-Hop” e “Ginga Beat” e, actualmente, dirige o programa da Antena 3 “Rimas e Batidas” e o site com o mesmo nome.
Os bilhetes para a festa que antecipa o arranque do Festival Internacional de Cinema de Lisboa podem ser adquiridos na Ticketline, e no dia do evento no local por seis euros. As portas abrem às 22h00, as actuações começam às 22h30.
A 16.ª edição do IndieLisboa – Festival Internacional de Cinema decorre entre os dias 2 a 12 de Maio no Cinema São Jorge, Culturgest, Cinema Ideal e na Cinemateca Portuguesa. O festival é organizado pela IndieLisboa – Associação Cultural, com o apoio financeiro do Ministério da Cultura/ICA – Instituto do Cinema e do Audiovisual, da CML – Câmara Municipal de Lisboa, do Programa Creative Europe da União Europeia e da Allianz; em co-produção com a Culturgest, Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema e o Cinema São Jorge e em parceria estratégica com a EGEAC – Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural, EEM.
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